Os sérios
problemas que vieram
com a
Agricultura Série transcrita dos livros
"A
SOPA QUÍMICA"/“THE CHEMICAL BROTH
-
Milton Maciel – Idel - 2008/2013 (Broth = Caldo)
(ver
gráfico abaixo)
O Desequilíbrio Essencial
(continuação)
DIETA PALEOLÍTICA DIETA OCIDENTAL
Proteínas
30 - 50% 13%
fontes: carnes magras de caça, carne gorda de criação, peixe,
peixe, castanhas, ovos laticínios, grãos, leite, queijos,
ovos
Carboidratos
35% 52%
fontes: frutas, verduras, cereais,farinhas e derivados,
e raízes silvestres açúcares refinados, doces,
refrigerantes, sorvetes, leite
iogurtes, frutas (menos de 4%)
índice
glicêmico: baixo índice glicêmico: alto
teor
de micronutrientes: alto teor de micronutrientes: baixo
teor
de fibras: altíssimo teor de fibras: baixíssimo
Gorduras
35% 37%
fontes: carne magra, carnes gordas, embutidos,
peixe e mariscos, óleos vegetais, gorduras
castanhas, ovos vegetais, margarinas, ovos
gorduras
saturadas:30% gorduras
saturadas: 70%
mono
e poli-insaturadas: 70% mono
e poli-insaturadas: 30%
ômega
6 / ômega 3 < 4 ômega 6
/ ômega 3 > 10
Vitaminas
3 vezes maior que atual
Minerais
5 vezes maior que atual Sódio: 8 vezes maior agora
Fibras
10
vezes maior que atual
Tabela 1 – Dietas Paleolítica e atual
comparadas
Em primeiro lugar, existe uma gritante
diferença entre a participação das proteínas
na paleodieta e na dieta ocidental
contemporânea. Nesta, percebe-se que a proteína de carnes magras e peixe foi,
em grande parte, substituída por carboidratos de cereais, laticínios e
açúcares, já que a participação das gorduras é praticamente igual nas duas
dietas.
Contudo, não é só a diferença quantitativa que é importante no caso das
proteínas. Na verdade, a qualidade dessas
proteínas é muito diferente, provocando respostas no organismo humano, que
ainda não conseguiu se adaptar às proteínas dos grãos e cereais. Uma claríssima
evidência dessa incompatibilidade é mostrada na doença celíaca, doença auto-imune provocada pela reação negativa ao
glúten presente nos cereais. Outras moléstias relacionadas ao desequilíbrio
entre as proteínas da paleodieta e as da dieta atual são a artrite reumatóide,
a esclerose múltipla e o diabetes tipo 1.
No
caso dos carboidratos, fração
amplamente dominante da dieta atual, o desequilíbrio é igualmente gritante.
Nossos antepassados só os obtinham através da ingestão de frutas, folhas, talos
e raízes, todas elas silvestres evidentemente. A participação das frutas era
muito grande, podendo chegar a 15% da ingesta energética diária. Hoje, ela
dificilmente alcança uma média de 4% de participação nesse teor energético
diário.
Um dos fatores mais
morbidógenos no item carboidratos é a maciça participação dos açúcares refinados, que respondem hoje
por até 20% da ingesta energética diária, na forma de açúcar adicionado, de
açúcar oculto nos alimentos processados industrialmente, de açúcar presente em
doces, bolos, sorvetes e, com grande importância nesse desequilíbrio, em refrigerantes, cujo uso cresce sem parar
ano após ano, o que vai merecer de nós uma
análise específica. O excesso de carboidratos de má qualidade na dieta atual,
que têm alto índice glicêmico e baixíssimo teor de micronutrientes e fibras,
concorre para o aparecimento de doenças como intolerância à glicose, diabetes
tipo 2, obesidade e doenças cardiovasculares, entre outras.
A figura 2, a
seguir, estabelece uma comparação entre os teores, em percentagem de energia na
dieta diária, dos macronutrientes – que são as proteínas, os carboidratos e as
gorduras. Nela fica muito fácil de ver como a fração carboidratos na dieta
atual avançou sobre um espaço que era, primitivamente, ocupado pelas proteínas
na dieta paleolítica. Mas
essa distribuição quantitativa não é a única diferença.
Fig. 2 - Dietas comparadas
Como se pode ver na Tabela 1, as diferenças qualitativas são imensas.
Há uma enorme disparidade entre os tipos de proteínas, gorduras e carboidratos
que proporcionaram o desenvolvimento do corpo humano e seu genoma, ao longo de
milhões de anos, e os tipos dos mesmos macronutrientes que aparecem na dieta que
temos hoje.
Para que se possa ver com
mais clareza ainda essas diferenças, vamos recorrer à figura 3, onde se mostra
a participação dos diversos alimentos atuais na composição energética da dieta.
A primeira coisa a observar
nesta figura é que estes alimentos
Laticínios 10,6
%
Grãos e derivados 23,9
%
Óleos vegetais e derivados 17,8
%
Açúcares refinados 18,6
%
TOTAL 70,9 % da energia diária
simplesmente NÃO EXISTIAM
durante o paleolítico! Ou seja, nunca fizeram parte da alimentação diária dos
nossos ancestrais do gênero Homo.
São, por conseguinte, alimentos aos quais nosso genoma não está adaptado.
E mesmo para os outros 29,1
%, a dissonância genética é também muito forte, face à terrível diferença
qualitativa entre as carnes e ovos e também as frutas, verduras e raízes atuais
em relação às congêneres paleolíticas.
Um exemplo bem sugestivo é
o da carne de aves.
Para os nossos ancestrais,
isso queria dizer carne de qualquer
ave silvestre que conseguissem caçar,
dentre as centenas que estavam ao alcance de suas flechas, pedras ou
armadilhas. Viviam livres, exercitavam-se, voavam, eram magras e esbeltas.
Para nós, carne de ave quer dizer, quase exclusivamente, carne de frangos
criados em confinamento, alimentados somente com grãos (via rações
industriais), estimulados com hormônios, defendidos preventivamente com
antibióticos e sacrificados com um mês e meio de vida em linhas industriais que
os abatem à taxa de 200 mil a meio milhão por dia, por abatedouro. Foi-se a
diversidade de espécies, vieram a gordura saturada extrema, os resíduos de
agrotóxicos nos grãos que originaram a ração industrial e os resíduos de
antibióticos e hormônios que passam para nós através de sua carne, como se vê
na abordagem que será feita ao Desequilíbrio
Residual.
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