sexta-feira, 30 de novembro de 2012


AS MULHER BRABA DO BAILE   (poesia gaúcha)  
MILTON  MACIEL    


Diz que criança e borracho,
Deus anda com a mão por bacho.
Pois é verdade, asseguro,
Eu mesmo vi e le juro!
Pois o maula do Antenor,
Depois de tomá umas canha,
Resolveu sacudí as banha
Num baile que, por favor!
Que lá só tinha borracho,
Uns flocho metido a macho,
E um gaitero que é um horror.
O índio, sempre mamado,
Só tocava tudo errado
E errado o povo dançava,
Mas já tava acostumado,
Tanto que nem reclamava.                        17

Bueno, acontece que as china
Já não era mais menina:
Umas piguancha velhusca,
Que chegaro, as seis, num fusca,
Pra vê se arranjava macho.
Levaro foi um esculacho,
Que o Antenor, de cara cheia,
Chamô umas duas de feia
E as otra de gorda e véia.

Pra que? O caldo entornô!
A mulherada se armô,
Pegaro o Antenor de jeito!
Deram nas fuça e nos peito.
Deram nele de chicote,
De madera de caixote
De bainha de facão,
De chute de botinão.
E levou tanto planchaço
Com facão de duro aço,
Que ali mesmo ele arriou.
Só que tava tão borracho,
Pelas canha que tomô,
Que até apanhando foi macho,
Pois dormiu e até roncô.                 41

As seis piguancha era braba:
Veja só o que se passô:
Co’a boca escumando baba,
Nem bem a poera bachô,
A mais alta se enfezô!
Passô a mão num porrete
Deu chute nos tamborete,
E começô a dá pancada.
De raiva, não via nada:
Quebrô metade da venda,
Cinco peão de uma fazenda,
Dez garrafa de cachaça
E um que ria, achando graça.
“Vai ri da tua avó torta,
Me respeita, se comporta,
Seu filho de chocadera.”

Pois o índio fez a bestera
De partí pra cima dela.
Ele quebrô seis costela,
A perna, o joelho e o nariz.
No fim se deu por feliz
De apanhá só esse tanto,
Pois, pra seu maior espanto
No Antenor, que dormia,
As otra cinco batia.                          66

Mas sorte teve o Antenor:
Ele estava tão borracho,
Que Deus pôs a mão por bacho,
Pois, nesse exato momento,
Chegô um destacamento
Da Brigada Militar,
Que o dono mandô chamar.
Entraro, tudo montado,
Pelo salão apinhado,
Descendo a espada nas china.
Mas as piguancha era braba
E quase que a briga acaba
Com todo mundo ali morto.
Oiga-le entrevero torto!                   80

Brigaram por mais duas hora,
Depois alguns foram embora
E os que ficaram, cansaram.
Pelo chão se esparramaram,
Que tinham que descansar
E também que algo tomar.
Ai correu solta a cachaça,
Litros e litros de graça,
Que o bulichero dormia.

Depois, levantaro as guria,
Que a noite ficando fria,
O remédio era esquentar.
Mandaro o gaitero tocar
E foram tirá os soldado,
Que tava meno estropiado,
Pra mode todos dançá.

E já se alegraro as piguancha:
A vanera correndo ancha,
Todo mundo fez as paz.
Dançando tudo agarrado
E as piguancha co’s soldado,
E as moça com os rapaz.                102

Mas me diz se tu é capaz
De acreditá nisto aqui:
Nem pense que le mentí,
Sabe a piguancha graúda,
A que quebrô quase tudo,
Índia braba que é um horror?
Agora é mansa a parruda,
Veja que fim macanudo:
Hoje é a mulher do Antenor!                      111


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O PÊNIS DO PTERODÁTILO – 2a. parte
MILTON  MACIEL


Prezada leitora, prezado leitor: conforme prometi ontem, aqui está a postagem da crônica original de Murillo Nóbrega, o solerte articulista, publicada esta manhã no jornal a que serve com sua inteligência.  No final, tecerei um rápido comentário.
O Pênis do Pterodátilo  (É pterodáctilo, Murillo!)

Padre Anastácio foi o que mais ficou mais consternado com a notícia. Tanto que, face ao evidente embaraço ante uma iminente revoada de repórteres à sua porta, preferiu refugiar-se no sítio de um parente, a uns seguros 50 quilômetros de sua paróquia. Para os auxiliares diretos, uma determinação: “Ninguém sabe, ninguém viu.”

Pudera! Não se passavam ainda vinte e quatro horas desde que aquele jornal publicara a bombástica entrevista com o Professor Antonioni, o celebrado arqueólogo e paleontologista. Católico praticante e recém-mudado para o bairro, o professor começou a assistir missas na igreja de padre Anastácio. E, de imediato, tivera sua atenção chamada para a pequena coluna que ornava o altar-mor.

Muito mais cientista do que carola, o professor não teve dúvida ou recato algum. Esperou um horário em que a igreja estava às moscas e, com a ferramenta adequada, raspou a base da coluna e removeu uma quantidade considerável de material. No laboratório da Faculdade empreendeu um minucioso exame. Depois remeteu amostras para o serviço especializado da USP, onde obteria uma datação rigorosa referente ao material. Os especialistas de lá confirmaram, dentro do mesmo mês, sua suspeita do primeiro momento. Então tratou de saber como aquilo fora parar em uma igreja católica.

Padre Anastácio contou-lhe, com evidente orgulho, como cometera ele o pecadilho do contrabando, ao trazer e não declarar aquela relíquia, comprada por ele mesmo em uma loja de antiguidades em Istambul, na Turquia, durante uma viagem muitos anos atrás. O vendedor lhe garantira que aquela peça cilíndrica viera do Parthenon, em Atenas, de onde fora pilhada ainda no século XIX. Agora ele concordava em vender a peça raríssima a Anastácio porque tinha uma imensa simpatia pela Igreja Católica Romana, tão grande quanto a antipatia que nutria pela Igreja Ortodoxa, ele um bom a compreensivo muçulmano.

Chegado ao Brasil, Padre Anastácio conseguiu que fosse aprovada e executada uma pequena reforma no altar-mor, colocando em destaque aquela pequena coluna. Sobre ela, a pequena plataforma onde eram deixados os materiais da santa comunhão, de onde o padre os retirava na hora de ministrar o sacramento, várias vezes por semana. No seu íntimo, o segredo que o padre guardava a sete chaves no coração: Ali, no seu altar, uma peça de um dos templos pagãos mais famosos, curvava-se ante a glória maior do Deus e dos santos dos católicos.

Todo dia Padre Anastácio vivia essa enorme satisfação. Contemplava seu pilar, afagava-o com carinho e devoção, os paroquianos viam aquilo como uma saudável esquisitice de seu pároco, acostumaram-se com isso. Depois, com o tempo, também as beatas deram para fazer a mesma coisa. Ao chegarem, persignavam-se ante o altar, e antes de dobrar um dos joelhos rapidamente, seguiam o mesmo ritual do padre, de deslizar as mãos ao longo do pilar, com muito respeito e contrição.

Vai daí que foi uma bomba quando o professor Antonioni, ao invés de vir conversar com padre antes, simplesmente seguiu a norma acadêmica e publicou seu trabalho científico em português, inglês e italiano. Nesse trabalho ele mostrava cabalmente que, numa igreja no Brasil, existia, há muitos anos, uma peça de devoção, no altar-mor, que não era nada senão O PÊNIS ERETO DE UM PTERODONTE fossilizado. A ilustrar o trabalho, diversas fotografias que o professor colhera na igreja, numa das quais se via o pároco a alisar a pequena coluna com evidente satisfação, de olhos fechados.

Quando o assunto chegou ao conhecimento do editor-chefe do jornal, por ínvios e tortuosos caminhos, ele vislumbrou de imediato a repercussão bombástica que aquilo teria. Despachou repórteres e fotógrafos para a Igreja e a Faculdade. No dia seguinte, matéria de capa, uma manchete calhorda, de evidente duplo sentido, letras garrafais, berrava:

PADRE REZA MISSA COM A MÃO NO PÊNIS!

Foi um escândalo total. As beatas, ciosas de sua reputação, ficaram possessas. Também elas e até algumas outras pessoas gradas da comunidade tinham o hábito de “pegar no pau em plena igreja" (os redatores, maldosos, não pouparam veneno, queriam mais era que o circo pegasse fogo).

No fundo era tudo uma grande bobagem, o padre não tinha culpa de nada e o fato de aquele pilar ser um objeto fálico de verdade, “no duro”, como os caçoístas viviam a dizer, não tinha a menor importância. O erro estava na cabeça das pessoas, na malícia de umas e na maldade de outras. O pobre padre passou uns tempos no ostracismo, o pilar fálico foi evidentemente removido do altar por ordem do bispo e não se falou mais no assunto depois de uns meses.

A discussão permaneceu – e áspera – muito mais tempo no circuito acadêmico, onde colegas despeitados do professor contestaram a autenticidade da peça e sua datação. Foi uma batalha homérica, mas o tempo acabou dando razão aos pesquisadores brasileiros. A única coisa que não pôde passar do campo das conjecturas foi como o membro ereto do animal foi extirpado instantaneamente e se manteve naquele estado até ser fossilizado. A teoria do prof. Antonioni referia-se ao efeito fulminante do impacto do asteroide, há 65 milhões de anos, exatamente quando o amoroso pterodonte preparava-se para consumar seu libidinoso ato. Conjecturas, apenas, nada pode ser provado, não há meios.

(Bem isso encerra a matéria de Murillo Nóbrega. Francamente, eu não lhe vejo mérito algum. Pelo contrário, está viciada na base, posto que o animal a que ele quis se referir não poderia nunca ser um pterodáctilo. Pterodáctilos eram pequenos, tinham menos de um metro, jamais poderiam pegar um homem no bico e alçar voo com ele, como mostram nos filmes. Grandes assim, só os pterossauros maiores, como o pterodonte. Este, sim, poderia ser o artista da história dele. Mas, como o próprio Murillo reconhece, ele não sabia – e continua não sabendo – nada sobre esses répteis voadores. Mas há uma outra incorreção, essa muito mais grave: a grafia correta, em idioma português, é pterodáctilo, com um C no meio. Eta, Murillo trapalhão! E tem mais: que história é essa de dizer que o pênis do elefante pesa só 10 quilos? Ô, Murillo  ignorante, o pênis do elefante mede de 1,5 a 2 metros de comprimento e pesa de 35 a 45 quilos! E cada testículo pesa 2 quilos. Aprendeu, papudo?! MM)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012


O PÊNIS DO PTERODÁTILO      
MILTON MACIEL    

Murillo começou a suar frio. Céus, estava acontecendo de novo... Justo agora! Já eram 2 da madrugada e o papel jazia intocado no carro da máquina de escrever. Quer dizer, intocada estava aquela folha. As anteriores dezenove estavam ali perto, no cesto de lixo, devidamente amarrotadas. Que fazer? (Murillo Nóbrega é assim, um consumado conservador. Apesar de ter só trinta anos, em pleno século XXI recusa-se a usar computador e Internet).

Em cada uma das folhas no lixo, datilografado, havia um título genial.

Mas aí batia o tal “bloqueio do escritor”. Ele tentava iniciar o texto, concentrava-se no tema sugerido pelo título e então... Então não acontecia nada. E isso desde 4 da tarde. Seu artigo, de pouco mais de uma lauda, já estaria pronto há muito tempo, em condições normais. Mas agora não saía nada, mas nada mesmo. Era angustiante, quando lembrava que o rapaz da redação do jornal ia passar por ali às 7 da manhã, para levar o artigo de Murillo. Na verdade, uma pequena crônica despretensiosa, seu único compromisso era dar a todas as suas crônicas um certo toque  de humor, desde que fosse “sutil e de muito  bom gosto”, como exigia o diretor de redação – Julmar, o bom careca.

Sentou-se pela enésima vez à máquina. Desta vez tinha que sair! O sono já o fazia cabecear a todo instante, estava acostumado a dormir cedo, antes das onze da noite. Respirou fundo, fechou os olhos, puxou do infinito a inspiração e lascou mais um título sensacional:

O Pênis do Pterodátilo

Parou por ali, o sono o venceu, a cabeça tombou sobre o peito, nem sabia o que havia escrito no papel. Uns três minutos depois acordou sobressaltado. Tinha sonhado e no sonho estava caindo da cadeira. O que estava acontecendo de fato! Com um movimento rápido, contudo, conseguiu endireitar o corpo a tempo e se reequilibrou.

Olhou para o papel, que, por sua lembrança, deveria estar ainda em branco. Qual não foi sua surpresa ao ver aquelas palavras ali escritas: O Pênis do Pterodátilo! Caramba, o que era aquilo? Será que ele, ele mesmo, Murillo Nóbrega, havia escrito tal barbaridade? O Pênis do Pterodátilo! Não lembrava de nada. Possivelmente o escrevera quando estava começando a cochilar. Ora, ele não sabia nada, absolutamente nada sobre pterodátilos. Quanto mais sobre seu pênis. Aliás, não sabia nem se os tais répteis voadores da pré-história tinham pênis. De onde o maluco do seu inconsciente fora tirar uma idéia tão estapafúrdia, tão sem pé nem cabeça. Bem, tão sem pé, corrigiu-se. Cabeça até que era possível que o tal pênis tivesse.

E agora? O que é que ele ia fazer com aquele título absurdo. Fez que não com a cabeça, a sua mesmo, chegou a levar a mão ao papel para arrancá-lo fora da máquina. Mas parou: já tinha feito isso quase vinte vezes antes. Agora tinha que continuar, ainda que fosse com aquela idéia extravagante e sem pé. Maldito bloqueio!

Para piorar, lembrou do bom careca: “Sutil e de muito bom-gosto”. Ai, ai, ai! Como é que um pênis de pterodátilo podia ser de muito bom-gosto? E sutil?! Puxa, devia ser uma coisa enorme, capaz de pesar pra lá de dez quilos, como deve pesar o de um elefante contemporâneo. Sutil?! Sutil como? Vinha aquele bicho enorme voando, 10 metros de envergadura de asa de ponta a ponta, para maior dos pecados com o tal do pênis pra fora, em riste, certamente coisa pra mais de metro. Senhor, que tartaridade! E ele tinha que escrever sobre aquilo. E com sutileza e bom gosto. Que fazer? Caramba, será que não podia ter escrito alguma coisa menos embaraçosa, como o fígado do unicórnio, ou a costela do brontossauro?

Não, não, é loucura! Vamos lá, arranca-se esse papel do rolo também, paciência.

E então, inesperadamente, veio-lhe a inspiração: súbita, instantânea, pronta! 

Voltou os dedos à máquina e escreveu como um possesso. Vinte minutos depois estava tudo pronto, correções com verniz branco corretivo inclusive. Sorriu satisfeito. Colocou a folha no envelope, o envelope embaixo do capacho do corredor, em frente à porta do apartamento, à disposição do rapaz do jornal no início da manhã e pronto! Jogou-se de roupa e tudo na cama e dormiu imediatamente o sono dos justos, o repouso do guerreiro.

No outro dia, no almoço, comentou com os amigos os sucessos da noite e madrugada. Todos ficaram curiosíssimos para saber o que ele tinha escrito. Mas ele resolveu valorizar e compartilhar seu sofrimento e falou, peremptório:

– Ah, isso vocês vão ter que esperar. Vão ter que olhar no jornal. Só amanhã! Não adianta insistir, porque eu não digo nada. Até mais.

(Por essa razão, caros leitores e leitoras, é que não podemos postar a crônica de Murillo Nóbrega, O Pênis do Pterodátilo, neste dia. Também eu vou ter que esperar até amanhã. Mas prometo: assim que tiver acesso ao texto, copio e posto tudo aqui no blog. Pode procurar, eu garanto! Amanhã.)

terça-feira, 27 de novembro de 2012


RESGATE O AMOR DA ROTINA  
MILTON MACIEL

Você vive um amor antigo,
Que é pura acomodação.
Nele não vê mais perigo
De perda ou de traição.
E tudo, quem determina,
É a mais maçante rotina.

Que erro crasso esse seu!
Não vê o inimigo interno:
Lar onde o encanto morreu
Vira um pedaço do inferno.
E a vida que ali se passa,
Na rotina, é uma desgraça.

Não deixe que isso aconteça:
Enquanto há tempo, reaja!
Seja esperto, use a cabeça,
Por mais problemas que haja.
Esforce-se, mude essa sina,
RESGATE O AMOR DA ROTINA!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

UMA REPÚBLICA DE MULHERES DE PODER 
MILTON   MACIEL 

Até que enfim tenho o prazer de ver uma notícia como esta. O empoderamento das mulheres na política, nas empresas e nos meios militares, levará certamente a um mundo mais justo e mais equilibrado. Bem-vinda, Contra -Almirante Dalva Mendes, venha juntar-se à presidente Roussef, à presidente Graça (Petrobrás) e a muitas outras que estão virando o jogo celeremente, para o bem comum. (MM)
 
"A presidente Dilma Rousseff assinou nesta sexta-feira, 23, em reunião com o ministro da Defesa, Celso Amorim, a promoção de oficiais das Forças Armadas. Uma das decisões envolve Dalva Maria Carvalho Mendes, que foi promovida a contra-almirante médica da Marinha. Com isso, ela será A PRIMEIRA MULHER OFICIAL GENERAL da história das Forças Armadas, segundo informou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

Dalva Maria, de 56 anos, é viúva, tem dois filhos e ingressou na Marinha do Brasil em 1981. Dedicou a maior parte da sua carreira a atividades no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio, ocupando funções técnicas e administrativas. Graduada em Medicina pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e especializada em anestesiologia, Dalva Maria ocupa atualmente o cargo de diretora da Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória. Ela possui três condecorações – Ordem do Mérito Naval, Medalha Mérito Tamandaré e Medalha Militar com Passador de Ouro.


Segundo informações da Marinha, as mulheres representam 33,3% do quadro de oficiais e 6,8% dos praças. A Marinha foi a primeira das três Forças Armadas a aceitar mulheres. Hoje, as mulheres da Marinha fazem parte do Corpo de Engenheiros, do Quadro dos Corpos de Saúde, do Corpo de Intendentes, dos Quadros Técnico e auxiliar do Corpo Auxiliar."


Contra-almirante (duas estrelas), ou seja, uma oficial general na Marinha, cargo equivalente ao general de brigada do Exército e brigadeiro, na Aeronáutica.[3]



Read more: http://www.naval.com.br/blog/tag/dalva-maria-carvalho-mendes/#ixzz2DN8EWmMq

sábado, 24 de novembro de 2012

A GLORIA DO UNIVERSO  
MILTON MACIEL  




“O PREÇO DA LIBERDADE É A ETERNA VIGILÂNCIA”   
MILTON  MACIEL  

A frase-título é conhecidíssima. Mas, paradoxalmente, é bem pouco compreendida e, consequentemente, é muito pouco levada a sério. Tive a curiosidade de testar a compreensão do seu significado com meus alunos, quer de curso superior, quer de seminários e palestras. 

Como eu esperava, a maioria deles disse entender a frase como algo que se aplica aos regimes ditatoriais e totalitários, que essa vigilância aplicar-se-ia aos riscos que a democracia corre ante as tentativas de golpe de estado, ante o estabelecimento de regimes militares. Nessa ocasião, eu os fiz ver que essa compreensão, embora válida, era extremamente limitada. Por que?

Porque não se pode pensar em vigilância somente perante aqueles que nos querem impor, pela força, os regimes de exceção. É de vital, de transcendental importância, que nós mantenhamos uma eterna vigilância DENTRO DO REGIME DEMOCRÁTICO enquanto ele funciona normalmente, sem ameaças.

Como assim? Ora, nós temos que nos manter ativos e vigilantes, para conservar nossa liberdade democrática de cidadãos e de eleitores. As pessoas votam no Brasil porque, número um, o voto é OBRIGATÓRIO. Número dois, porque uma parte da população QUER votar, quer exerceu o sufrágio como um DIREITO  de cidadania, quer participar ativamente do processo político.

Pois bem, uma vez que nós votamos agora na última eleição, que porque quisemos, quer porque fomos obrigados, precisamos       APRENDER que nossa participação não acaba aí:

Não basta votar, tem que fiscalizar! E ESSA É A ETERNA VIGILÂNCIA !

Ou seja, se você, com seu voto, ajudou a eleger um candidato, então você acaba de se tornar RESPONSÁVEL pelo desempenho dessa pessoa no seu cargo. Por sua responsabilidade, essa pessoa está agora sendo empossada no cargo. Logo, você faz parte da egrégora formada ao redor dela. Se ela fizer mau uso do seu mandato, você precisa estar atento e vigilante, pronto a forçá-la a cumprir sua promessas e agir com observância da lei e da ética. Se você não o fizer, omitir-se, lavar as mãos, então sua responsabilidade vai se transformar em CULPA. VOCÊ colocou aquela criatura ali!

E se você saiu da eleição como perdedor? Seu voto foi em vão, seu candidato não foi eleito. Ora, mesmo nesse caso você tem que se manter vigilante e atento, procurando seguir o desempenho de quem foi para o lugar que você queria ocupado por seu candidato ou candidata. Por sua vontade, essa pessoa não estaria nesse cargo. Então trate de manter uma estrita vigilância sobre ela. É assim que você pode fazer sua parte, ocupar seu lugar ATIVAMENTE no processo democrático.

Omitir-se, lavaras mãos, dizendo frases como “Eu não votei nele”; ou “Votei nele, ele foi eleito, agora é com ele, eu não sou político.

Isso é errado! É abrir mão do papel de vigilantes que devemos desempenhar para conservarmos o direito à liberdade dentro do processo democrático. Trata-se agora da liberdade de termos as instituições funcionando, os mandatos sendo exercidos com competência e honestidade, da liberdade, em suma, de conservarmos a democracia funcionando adequadamente, de modo que, com bons gestores, não venhamos amanhã a ter que lutar contra os golpistas de plantão, que sempre se aproveitam das grandes crises administrativas, econômicas e institucionais para tentarem tomar o poder em suas peludas mãos discricionárias.

Muito bem, então vejamos: Foram eleitos o prefeito e os vereadores para a sua cidade. Como é que você pode fiscalizá-los daqui para a frente? Sim, você, cidadã ou cidadão comum, que não é um político, mas também não uma pessoa omissa? Pense um pouquinho, enquanto nós postamos isto aqui. Na postagem seguinte, nós vamos discutir o que você pode fazer, quais os meios que você tem para ficar informado a respeito das atitudes do seu candidato eleito ou daquele que está agora no posto porque derrotou o seu candidato preferido. E como você pode manter essa pessoa, ou essas pessoas, de rédea curta, fiscalizar o que eles vierem a fazer.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012


CORREU TANTO, TANTO  
MILTON MACIEL  

Correu tanto, tanto, que passou sem sentir pela primavera.
Tinha pressa: produzir, faturar, comandar, comprar, comprar.
Flores abriram e fecharam, mas ele não viu. Ora, flores!...

Pássaros cantaram esfuziantes, mas ele não ouviu. Ora, pássaros!...
Tinha pressa: dar propinas, concorrer, ganhar, comprar, comprar.
Crianças brincaram alegres, mas ele não notou. Ora, crianças!...

Então correu tanto, tanto, que passou sem sentir pelo verão.
Tinha pressa: refinanciar, hipotecar, sonegar, comprar, comprar.
A esposa de olhar sempre mais triste, mas ele ignorou. Ora, mulheres!...

E então correu tanto, tanto, que passou sem sentir pelo outono.
Tinha pressa. E pressão alta, ansiedade, gastrite. Ora, médicos!...
Não chegou ao inverno: O enfarto correu mais que ele. Ora... Ora...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012


 FHC e LULA FORAM OS MELHORES  
MILTON MACIEL  

Lula recebe prêmio Indira Gandhi do presidente indiano 


MANTENHO FIRME MINHA TEORIA: Passadas as paixões emocionais extremas, do tipo “Eu odeio o Lula com toda a força dos meus intestinos soltos” ou “Morte a FHC e a Privataria Tucana”, a perspectiva histórica certamente vai demonstrar que Lula e FHC foram nossos melhores presidentes dos últimos tempos. 

Só o passar dos anos permitirá que isso aconteça, quando a história for escrita pelos historiadores e pesquisadores acadêmicos, não por pessoas simples apaixonadas e por políticos oportunistas. Isso só costuma acontecer depois que as pessoas de visão míope e distorcida por ódios pessoais irracionais morrem, ou seja, cerca de duas gerações depois. Foi assim com Getúlio Vargas e com Juscelino Kubitschek, não será diferente com Fernando Henrique e com Lula da Silva.

Atos como o noticiado aqui demonstram, no entanto, que instituições privadas e governamentais de outros países, não envolvidas emocionalmente como os brasileiros, têm demonstrado enorme apreciação por esses dois líderes nossos, plasmando-a nas inúmeras premiações e reconhecimentos que ambos receberam no exterior, tanto durante como depois de encerrados seus mandatos.

Há que compreender que nossos presidentes tinham nomes como Vargas do Rio Grande,, Kubitschek de Minas, Cardoso do Rio, Silva de Pernambuco – e, não, Francisco de Assis ou Tereza de Calcutá. Ou seja, não fomos presididos por santos e santas, mas por homens que, ao acertarem e errarem NA ESCOLHA E CONTROLE DE SUAS EQUIPES (ou há algum ingênuo que acha que eles governaram sozinhos, como déspotas esclarecidos, se nem Vargas, o único ditador dentre os quatro, foi capaz de fazê-lo?) tiveram um SALDO positivo muito importante a favor do país.

Independente de privatarias, de mensalões do PSDB e do PT, tenho por Fernando Henrique Cardoso e por Luiz Inácio Lula da Silva o mais profundo respeito, face ao que eles representaram do ponto de vista COLETIVO, não do ponto de vista individual. o Ser Coletivo quem julga é o tribunal da história; já o Ser Individual, esse julga-o Deus. 

Não sou político, não sou filiado a partidos, mas fico atônito ao ver como a imensa maioria dos críticos gratuitos dos dois presidentes, pelo geral uma massa de marias-vai-com-as-outras,  despreparada e desinformada tanto política quanto macroeconomicamente, não percebe que o grande CANCRO brasileiro está em outro poder – o LEGISLATIVO.

Esse é caríssimo – o mais caro do mundo! – incompetente, ineficiente, eivado de  corruptos, na sua venalidade e oportunismo obrigou Kubitschek, FHC, Lula e até mesmo o Vargas de seu último mandato, a se comporem com Deus e Diabo – este muitíssimo mais representado nos Legislativos, inclusive em meio às bancadas evangélicas – para poderem governar. No Congresso Nacional, por exemplo, retirados os bons deputados e senadores, com os quais vamos lotar um Karman Ghia e um Uno Mille até a boca, permanecendo lá os restantes, mistér se faz uma dedetização semanal e uma desratização mensal. Mas não há Bom Ar capaz de dar um jeito naquele cheiro...

Mensalões, Emendas do Orçamento, Anões do Orçamento, apertar a mão do Maluf, (haja Pinho Sol e álcool gel depois!), bem como a farta distribuição costumeira de cargos em todos os níveis do Executivo a apaniguados dos caciques políticos dos Legislativos, são apenas uma constatação desse tipo de negociação forçada em busca da tal “governabilidade”. No Brasil, governabilidade custa caro demais! Mas antes isso do que a ditadura.

Somente quando tivermos um povo MUITO mais educado, culto e politizado, poderemos eleger melhor, aplicando um grande filtro coletivo de depuração. Isso leva tempo, mas já demos um primeiro grande passo, que se chama Lei da Ficha Limpa.

 "... Na cerimônia também discursou o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, que ressaltou "a preocupação de Lula pelos setores menos favorecidos", e lembrou "a notável transformação econômica e social do Brasil durante seu mandato". Além disso tomou a palavra a nora de Indira Gandhi, viúva de seu filho Rajiv Gandhi - ambos assassinados - e atual presidente do governante Partido do Congresso, Sonia Gandhi, que descreveu Lula como "um dos mais carismáticos líderes de nossa geração". O prêmio Indira Gandhi já foi entregue a personalidades como o ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev, o ex-presidente americano Jimmy Carter e o antigo secretário-geral da ONU, Kofi Annan".

terça-feira, 20 de novembro de 2012


sENADORES E IMPOSTO DE RENDA  

MILTON MACIEL


sENADORES terão que pagar Imposto de Renda sobre 14º e 15º salários, retroativamente, de 2007 a 2011.

(Não percam o comentário do jornalista Luiz Carlos Prattes, no jornal do SBT, Florianópolis, em 22/11/2012: http://www.youtube.com/watch?v=UG1jUSw5sAA&feature=youtu.be )

Que asco, dá engulhos! De 2007 a 2011 os indecentes receberam 14o. e 15o. salários SEM PAGAR IMPOSTO DE RENDA, como são obrigados a fazer todos os outros mortais. Agora a Receita Federal os está obrigando a pagar retroativamente. Então a próprio senado vai pagar o valor e tentar processar o executivo para receber de volta o dinheiro. A justificativa dos indecentes:

A advocacia do senado irá questionar na Justiça o pagamento do imposto porque acredita que esses benefícios NÃO SÃO TRIBUTÁVEIS por se tratar não de rendimentos, mas de VERBA INDENIZATÓRIA. Por isso, a Casa não recolheu na fonte o IR sobre os respectivos salários adicionais, e os senadores e ex-senadores receberam carta da Receita com a cobrança.”

Indenizar os indecentes, os membros do legislativo mais caro e mais desmoralizado do mundo, por que???  Indenizar o que? É muita desfaçatez, darem-se mais dois salários por ano (enquanto os trouxas dos eleitores deles têm que se contentar com um 13º. apenas),  e ainda por cima dizerem que não são salários, são verbas indenizatórias! E aí, simplesmente, viraram SONEGADORES contumazes. Que falta de vergonha na cara!

Em que um indecente vale mais que um trabalhador brasileiro, para dar a si próprio 14º e 15º salários? Cadê meu saco de vômito?!

(Nota: a palavra senado deveria ser escrita com S maiúsculo. Já senador tem que ser grafado com maiúscula só se em início de oração. Mas, francamente...)

Como atribuir qualquer coisa de maiúscula a uma instituição tão minúscula? Enquanto o Executivo federal tem índices de aprovação que ultrapassam os 75%, o Legislativo federal tem o mais ridículo índice de aprovação, o minúsculo valor de 25%. Ou seja, são o poder com o maior índice de rejeição no Brasil. Mas, convenhamos, a toda hora eles fazem por merecer.  

Foto: quando isso aí ficar decente, a gente desvira.
DIA DA CONCIÊNCIA NEGRA 2  
MILTON MACIEL  

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA 1 
MILTON MACIEL



NEGRA VELHA  
MILTON  MACIEL

(Este poema, que escrevi e postei em 2 de Setembro deste ano, vai aqui como minha primeira homengem ao Dia da Consciência Negra. Nele presto tributo uma figura real, a Tia Bela, uma parteira e ama de leite que trouxe ao mundo e amamentou um grande número de crianças em Santana do Livramento, Rio Grande do Sul, na minha infância. -  inclusive dois primos meus. A mãe deles, branca racista convicta, de peitos murchos sem leite, abria uma exceção para essa negra notável, dizendo, com a maior desfaçatez: "Ela é negra, mas tem a alma BRANCA". Que horror! 

NEGRA VELHA  

Paro a lida pra te olhar, negra velha amiga,
Ver como avanças pouco, no teu passo lento,
Despacito nomás, a mão tateando ao vento.
Hay névoa nos teus olhos e muita mágoa antiga.

Teu peito encarquilhado que pra frente se curva,
Esconde a vida que ele deu pra tanta gurizada...
Pois quanto piá amamentaste nesses seios então fartos,
Filhos de brancas sem leite de quem fizeste os partos!
Mas que hoje te esqueceram, na tua pobreza turva,
Porque, que nem vaca, envelheceste só e abandonada.

Quantos homens de importância trouxeste tu ao mundo
E quantos deles só viveram pelo leite no teu peito?
Quanto piazito faminto foi no teu seio escuro aceito,
Porque ali dentro batia um coração de amor profundo!

Mas hoje chego aqui e te descubro nessa baita solidão:
Tua velhice desamparada e trôpega, cheia de tristeza.
Essa vista turva, esse abandono cruel, essa pobreza...
E de todos os que por ti passaram... nenhuma gratidão!

Vem, negra velha amiga, vem comigo, apóia no meu braço,
Não mamei do teu leite, mas conheço uma a quem salvaste:
Uma que hoje é a mulher da minha vida e a quem amamentaste.
Vem comigo, nobre negra, tu vais viver conosco, dá um abraço! 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

TRÔPEGO PASSO  
MILTON  MACIEL  

Trôpego passo meu em meio à multidão,
Onde me levas, assim lasso e cambaleante?
Haverá sina pra este meu andar errante?
Alcançarei mais do que a poeira deste chão?

Se mal me arrasto pelo passadiço angusto,
É que, perdido, meu percurso é desatino.
E, quando penso ter chegado a meu destino,
O que encontro é só meu leito de Procusto.

Nele eu suporto a mais terrível das torturas,
Que é recordar seu olhar frio e indiferente,
A me dizer que o seu desprezo é permanente
E que, à frente, só terei penas mais duras.

Estou prosternado neste tremedal tremendo,
Vendo que a vida se me esvai a cada instante,
Você, de mim, a cada dia mais distante,
E eu, sem você, a cada dia mais sofrendo.

Ah, e pensar que o findar das minhas penas
Ocorreria a um simples gesto seu apenas!



sábado, 17 de novembro de 2012


EN EL DARSE ESTÁ LA GLORIA DEL AMOR  
MILTON  MACIEL   

En el darse está la gloria del amor,
Entregarse, sin miedo es el secreto.
En amor nada hay que sea concreto
Hay, por tanto, que arrojarse sin temor.

¿Va usted sufrir?  Si… mas cedo o más tarde.
No existe amor sin sufrimiento, es esto cierto.
Pero, si uno no se arriesga, por miedo del incierto,
El bueno del amor no lo tendrá, por ser cobarde.   

quinta-feira, 15 de novembro de 2012


É VERDADE QUE JOAQUIM BARBOSA BATIA NA MULHER?
E QUE EXISTE UM B.O. REGISTRADO POR ELA?
E QUE ELE TENTOU AGREDIR UM COLEGA NO SUPREMO?
MILTON MACIEL

Gostaria de ver confirmados ou não apenas os DOIS PRIMEIROS FATOS. Os textos e links abaixo referem-se ao quase desforço físico ocorrido em 2008, quando Eros Grau  (foto ao lado) ainda era ministro do STF. Foi quando a mídia teve acesso a afirmativa de Grau de que havia um boletim de ocorrência, registrado contra Joaquim Barbosa, por sua mulher, por agressão física.

Não quero me posicionar contra um homem que tem feito regularmente o seu trabalho, sem ver comprovações concretas: Onde está o tal boletim? Quem era a mulher de Joaquim Barbosa então? Por onde anda ela? Pode confirmar a agressão e a existência do BO? Está na hora de os interessados irem à caça dessas informações.

Para mim, PESSOALMENTE, tudo tem a ver com o RESPEITO que o novo presidente do STF merecerá de mim. E isso nada tem a ver com sua participação como relator do Mensalão do PT. Ele não julgou e condenou SOZINHO os envolvidos, TODO o STF o fez. E eu não sou viúva espiritual de nenhum dos acusados.

Eu poderia, no máximo, ficar decepcionado com o deslumbramento midiático dele e com sua ingenuidade quase estulta, ao não perceber como é manipulado pela mídia e pelos políticos que o usam. Mas só o faria se não tivesse absorvido um bom e sólido núcleo de estudos em Psicologia Analítica Junguiana. Qualquer um que o tenha feito também, compreende como foi e ainda é dura, para JB, a luta para superação de todos os preconceitos e rejeições de que foi vítima, como negro e negro pobre, ao ousar invadir, por méritos próprios, redutos antes reservados aos grãs-senhores;  e que a fascinação da fama evidentemente exerce um poder proporcionalmente muito maior sobre sua psique, alimentando circuitos de Projeção e Compensação,  propelidos desde o inconsciente por sua Sombra .

Só que esse pormenor não invalida nada do ponto de vista TÉCNICO, como magistrado, que é o que interessa apreciar. Além do que, TODAS as pessoas têm uma Sombra. E os outros ministros, os “branquelinhos”, também ficam pra lá de excitados quando se acendem os holofotes, havendo alguns que começam nitidamente a abanar os rabinhos também.

Para mim o que importa é saber se é verdade que ele batia em sua mulher (em nenhum lugar encontrei menção às palavras ‘esposa’ ou ‘companheira’, somente a ‘mulher’). Se isso for verdade (e há ainda que apurar o tempo certo do verbo, porque há uma diferença: batia ou bateu?), em qualquer dos dois casos, PARA MIM, repito, ele cai verticalmente no meu conceito. Sou conhecido como ativista defensor dos direitos da mulher, especialmente no que tange à luta contra a violência que ela recebe por parte do homem. Tenho uma infinidade de artigos e um livro publicado sobre o assunto (A BELA MORDE A FERA, com Ellen Snortland, da Universidade de Los Angeles -  IDEL, 2009).

Não aceito homem que bate em mulher. É definitivo. Violência contra a mulher é um ato SELVAGEM de COVARDIA. Como eu já escrevi: “Bater em mulher é crime,/É coisa de homem covarde/ Se impõe, com enorme alarde,/Mas só tem valor no músculo/Um ser assim é minúsculo,/Selvagem, não se reprime.”

Então, se o BO existe, se Joaquim Barbosa de fato “BATIA EM SUA MULHER”, foi-se EM MIM, o respeito por ele. Pelo HOMEM!

Não pelo PROFISSIONAL, não me julgo em condições de avaliá-lo sob tal ótica, É por demais óbvia minha ignorância técnica, forçoso é reconhecê-lo. Nesse sentido, só posso lhe desejar que tenha uma boa e profícua gestão à frente de STF e que consiga controlar melhor seu temperamento belicoso e sua necessidade excessiva de evidência, que não se coadunam com a dignidade do cargo.

Também não posso esconder minha enorme satisfação por ver um homem negro subir à posição máxima do Judiciário brasileiro, através de seus próprios esforços e méritos, que o levaram a ser indicado para o STF pelo presidente Lula (em quem JB afirmou ter votado em três eleições sucessivas) e a ter sua indicação aprovada pelo Senado Federal.

E também, de coração, desejo que não se confirme caber a ele aquele “Covarde, não se reprime”. Eu destestaria descobrir que o novo São Joaquim tem pés de barro.

Pena que seja pouco provável que meus olhos ainda possam ver uma pessoa de raça negra, de preferência uma MULHER, chegar à Presidência da República deste nosso Brasil mulato, nosso mulato inzoneiro. Mas aí a culpa é só minha: quem me mandou nascer no século passado? (MM)

VAMOS AOS TEXTOS E LINKS, ENTÃO:

“... JOAQUIM BARBOSA CONCEDEU HABEAS CORPUS A DANIEL DANTAS, assegurando ao meliante a possibilidade de permanecer calado em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito das escutas telefônicas na Câmara dos Deputados. Em tom de gozação, Eros Grau (hoje aposentado do STF) comentou que essa decisão de Joaquim Barbosa repercutiria mais que a dele.

   Barbosa SE DESTEMPEROU e TEVE QUE SER CONTIDO (!) para não AGREDIR o colega, além de chamá-lo de “velho caquético” e dizer que o mesmo escreve mal “e tem a cara-de-pau de querer entrar na Academia Brasileira de Letras”, referindo-se a romances escritos pelo “colega”.

   Eros Grau rebateu, lembrando decisões dele (Barbosa) que a Corte teve de CORRIGIR e UM BOLETIM DE OCORRÊNCIA REGISTRADO TEMPOS ATRÁS PELA ENTÃO MULHER DE JOAQUIM BARBOSA. “Para quem batia na mulher, não seria nada estranho que batesse em um velho também”, afirmou.


Bater em mulher é covardia: Quando Joaquim Barbosa não era herói da mídia

Via Brasilianas, publicado em 23/8/2008
Briga de ministros do STF bate recorde de acessos na ConJur

O bate-boca e a troca de ofensas entre os ministros do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa e Eros Grau, foi a notícia mais lida da semana na revista Consultor Jurídico. Desde que foi publicado no dia 15 de agosto, o texto teve 6.288 acessos, aponta mediação do Google Analytics. Os ministros se estranharam depois de Eros libertar Humberto Braz, braço direito do banqueiro Daniel Dantas.

Preocupado com a opinião pública, o ministro Joaquim Barbosa censurou seu colega: “Como é que você solta um cidadão que apareceu no Jornal Nacional oferecendo suborno?”, perguntou Joaquim. Eros respondeu que não havia julgado a ação penal, mas se havia fundamento para manter prisão preventiva. Joaquim retrucou dizendo que “a decisão foi contra o povo brasileiro”.

Em outro round, depois que Joaquim Barbosa deu habeas corpus para garantir a Daniel Dantas o direito de não se auto-incriminar em uma Comissão Parlamentar de Inquérito, Eros, em tom de gozação, comentou que esse HC repercutira mais que o dele. Joaquim, enfurecido, quase chegou às vias de fato com o colega.

Joaquim só não agrediu Eros porque foi contido. Ele chamou o colega de velho caquético, colocou sua competência em questão, disse que ele escreve mal “e tem a cara-de-pau de querer entrar na Academia Brasileira de Letras”. Eros retrucou lembrando decisões constrangedoras de Joaquim Barbosa que a Corte teve de corrigir e que ele nem encontrava mais clima entre os colegas. 

O clima azedou a ponto de se resgatar o desconfortável boletim de ocorrência feito pela então mulher de Barbosa, tempos atrás:“Para quem batia na mulher, não seria nada estranho que batesse em um velho também”, afirmou.

Depois da confusão, Joaquim Barbosa não voltou ao tribunal e o chá da tarde nunca foi tão caloroso.

http://novobloglimpinhoecheiroso.wordpress.com/2012/10/14/bater-em-mulher-e-covardia-quando-joaquim-barbosa-nao-era-heroi-da-midia/