Ou “O
descabaçador em Ação”
MILTON MACIEL
Extraído do
livro LOLITA DE ARACAJU, A Mais Jovem
Dona de
Bordel do Mundo - MILTON MACIEL – Idel – SP
(Este livro é LEITURA PARA ADULTOS. Aos excertos
publicados no Facebook e Grupos aplico uma ‘censura’ prévia, amaciando palavras
ou eliminando trechos. No blog, o texto é igual ao do livro)
Final da
parte 1
– Já vi que você não gostava dele nem um
pouquinho. Era por causa desse negócio das menininhas menores de idade?
–
Bem, minha filha, não era só isso. Porque, que eu saiba, ele nunca pegou
nenhuma mulher à força. Mas era por outra coisa: ele era um usurário, sabe? Um
agiota. Há muito que tinha deixado a farmácia e vivia de emprestar dinheiro a
juros altíssimos. Elise e eu resgatamos muitas mulheres das garras dele. E aí
eu é que tinha que tratar com o nojento. Assim, era obrigada a tratá-lo bem,
entende? A gente tinha uma relação comercial ... respeitosa.
PARTE 2
– E tinha
algo mais, além desse negócio de agiotagem, que incomodava você?
– Tinha, é
claro, pois você não está me perguntando com esse sorrisinho maroto de quem já
sabe? Tinha o seguinte: além de causar muita desgraça, tomando as últimas
coisas que as pessoas tinham – como qualquer agiota nojento faz – ele se valia
disso para conseguir as suas virgenzinhas... E isso era demais!
– Ah, já
estou entendendo agora sua bronca com o homem. Ele cobrava dívidas em cabaço,
não é?
– É, minha
filha, ele preparava as suas armadilhas, cercava famílias que tivessem meninas
bem novinhas, mas bem novinhas mesmo – de treze, onze, oito anos até – e dava
um jeito de elas caírem no seu laço, tomarem dinheiro emprestado. Era sempre
gente que estava nas últimas, no desespero, entende. De um modo geral, depois
que teve que contratar guarda-costas para se livrar de pais desesperados,
passou a procurar por famílias sem homem – viúvas, divorciadas e, o que é mais
comum ainda, mulheres simplesmente abandonadas, todas com filhas ainda
novinhas. Sempre tinha alguma pobre mulher enredada com ele, devendo até as
calcinhas. E, na hora de cobrar, a única concessão que ele fazia era ser
compreensivo em troca de um cabaço novinho para sua coleção.
– Taí, Zezé!
Tomara que esse homem ainda ande por aí, com essa mesma mania de descabaçador.
Pois agora era o momento ideal de a gente dar um corretivo nele. Você pode
fazer algo que permita tirar um bom dinheiro desse agiota: me venda para ele!
Vender você?! – Zezé
tomou um susto.
– Isso mesmo!
Venda o meu cabaço. E venda bem caro!
– Mas que
cabaço, criatura? Pois se você mesma tirou o seu na base da cenoura, com menos
de dez anos, menina!
– Cabaço virtual, querida. De mentirinha...
– E como é
que a gente vai conseguir uma coisa dessas? Cirurgia plástica? É muito caro...
– Muito mais
fácil e barato, Zezé: só cachaça e fígado...
– Hein?!!
Agora você pirou, garota!
– Pense,
Zezé, pense! Pois o homem não é era um alcoólatra, não vivia sempre de porre?
Pois, se ainda está vivo por aí, só pode ter piorado.
– Sim, tudo
bem, até aí eu entendo. A gente pode dar um porre no sujeito, um porre tão bem
dado que ele nem vai atinar direito se você é mesmo virgem, na hora. Mas... E a
famosa prova?
– Ora,
querida: bife de fígado nele. Pense, Zezé: imagine que você está no açougue,
comprando um pouquinho de bife de fígado. O que é que você vai ver no saquinho,
quando chegar em casa?
– Sangue!
Bastante sangue... Ah!...
– Isso, amor. Assim você
não tem que matar uma galinha, coitadinha. E nem tem que esperar por um dia que
seja o do fim da minha menstruação – e Lolita ria, divertida, observando o ar
de perplexidade da amiga.
– Mas você é
danada, hein!... Que cabecinha!
– Ora Zezé,
isso é tão simples. Agente pode tirar sangue de tanta parte do corpo: um
furinho ou um cortezinho no dedo. Mas, para um bêbado, é melhor caprichar na
quantidade.
– Pois minha
filha, você sempre me surpreende. Se a gente fizer uma coisa assim, não se pode
dizer que é uma coisa decente.
– Decente,
então, é o que esse velho desgraçado faz, Zezé?
– Não, não,
claro que não, mas...
– Mas!... Não
tem mas Zezé! O que me entusiasmou, neste caso, quer dizer, se esse homem ainda
estiver por aí e com o mesmo vício de bebida e cabaço, é justamente dar-lhe um
merecido castigo. Eu vou adorar poder aprontar pra cima de um imbecil como
esse. E, para ficar ainda melhor, a gente consegue o dinheiro que precisa para
o resto da instalação da casa.
– Será,
Lolita? Quanto será que um homem daria pelo seu cabaço?
– Ah, isso
deixe comigo, meu amor! Pode deixar que eu me garanto. Deixo o indivíduo
louquinho por mim, babando, desatinado. Aí a gente faz o preço máximo pelo
cabaço virtual da sua amiga aqui. Mas isso não vai ser tudo, é claro. Você vai
pedir um empréstimo para ele, primeiro. Um dinheiro muito maior.
– E será que
ele empresta para mim?
– Dê só uma olhadinha na
sua avalista aqui – e ergueu a saia.
CONTINUA
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