MILTON MACIEL
Última estrofe da parte 5
“Que
nada, meu companheiro,
Eu sou é
um grande chorão!
E a dor
no meu coração
Eu berro
pro mundo inteiro.
Eu
confesso pra você:
Sou um
Alfred de Musset!”
PARTE VI
“Outro
Alfredo, meu patrão?
Também é
poeta francês?
Ou quem
sabe ele é talvez,
Poeta de
outra nação?
É bueno
também por que?”
“Sim,
ele é francês também,
Poeta
famoso e muito bom,
Mas
verseja em outro tom,
Que,
acho eu, não lhe convém.
Esse é
um chorão como eu,
Mas nada
ruim lhe aconteceu.”
A vide
lhe foi mais mansa
Que a do
outro Alfred poeta
Quase
uma festa completa
Dessas
que você não cansa.
Até a
morte lhe sorrindo,
Pois ele
morreu dormindo.
Mesmo
assim foi um chorão,
Como se muito
sofresse,
Sobre
ele se abatesse
A desgraça, a solidão.
A causa
do seu final?
Foi a
bebida o seu mal.”
“Bueno,
patrão, eu entendo
O que
hay com certas pessoas:
Elas no
fundo são boas,
Mas na
vida vão sofrendo.
Sofrem
mais com a realidade.
Têm mais
sensibilidade.”
A mesma
dor que pra uns
É como
um talho de facão,
Prá
outros é só um beliscão,
Como as
coisas mais comuns.
Estes
soltam menos ais.
E
aqueles... gemem demais.”
“Essa é
a grande diferença
Entre
Vigny e Musset.
Ora,
certo está você,
Pra
Musset a dor é imensa.
Musset
sempre se atormenta,
E o
estóico Vigny aguenta.
Deixe
então eu lhe mostrar
A poesia
de Musset,
Depois
me diga você
O que
ela lhe faz pensar.
Veja só este
poema,
Gritar a
dor é seu tema:
“Quel
que soit le souci que ta jeunesse endure,
Laisse-la s'élargir, cette sainte blessure
Que les noirs séraphins t'ont faite au fond du cœur:
Laisse-la s'élargir, cette sainte blessure
Que les noirs séraphins t'ont faite au fond du cœur:
Rien ne nous rend si
grands qu'une grande douleur.
Mais, pour en être
atteint, ne crois pas, ô poète,
Que ta voix ici-bas doive rester muette.
Les plus désespérés sont les chants les plus beaux,
Et j'en sais d'immortels qui sont de purs sanglots. »
Que ta voix ici-bas doive rester muette.
Les plus désespérés sont les chants les plus beaux,
Et j'en sais d'immortels qui sont de purs sanglots. »
Figura: ALFRED DE MUSSET
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