sábado, 25 de maio de 2013

UMA MUDANÇA DE PARADIGMA - 12 
Os sérios problemas que vieram 
com a Agricultura Série transcrita dos livros
"A SOPA QUÍMICA"/“THE CHEMICAL BROTH 
- Milton Maciel – Idel - 2008/2013 
CAÇADORES-COLETORES contemporâneos 2

Um parêntese a favor dos apressados
   Neste ponto, minha experiência com a realização dos seminários ALIMENTAÇÃO SUICIDA – que venho apresentando desde 2004 em várias cidades do país e dos quais acabou nascendo a ideia de escrever este livro – me diz que, a esta altura de sua leitura, muitas pessoas espertas e observadoras já estão querendo partir para fazerem, elas também, sua dieta paleolítica. Ora, isso é extremamente simples, não há grandes mistérios, como já se pode antever neste ponto do livro.

   A dieta paleolítica não é uma dieta de emagrecimento da moda. Infelizmente a palavra dieta está mais do que desgastada, associada indelevelmente à ideia de perder peso. Contudo, neste trabalho, quando apresentamos e explicamos uma dieta paleolítica, não estamos falando especificamente de emagrecimento, mas apenas de EQUILÍBRIO. No caso, de equilíbrio essencial, que é o que a paleodieta proporciona, nos permitindo voltar à comunhão com a base alimentar a que nossos genes respondem com familiaridade e sem o desenvolvimento de desequilíbrio e, consequentemente, de degenerescência e moléstias. 
   A paleodieta não opera com restrição quantitativa, não coloca limites a quanto você pode comer, mas ao que você pode ingerir. A restrição é somente qualitativa. Trata-se apenas de aprender a renunciar a alguns dos vícios alimentares mais caros ao nosso paladar e ao nosso emocional, porque aprendidos desde tenra infância.

  E desenvolver novos hábitos saudáveis, pois aqueles vícios são caros também para a saúde, agora no sentido de custosos – quer pelas doenças e sofrimentos que produzem, quer pelas despesas que proporcionam; estas, quer pela aquisição de alimentos caros e prejudiciais, quer pelos preços caros dos gastos com médicos, remédios e hospital. Que o digam, por nós, os habitantes das Ilhas Trobriand.

   Adiantando um pouco a discussão, pelas razões práticas a que me referi há pouco, passar para a dieta paleolítica significa passar a comer quantidades muito maiores de frutas e verduras, que vão substituir a maior parte dos carboidratos e açúcares refinados, de alta caloria, alta carga glicêmica e baixa qualidade, por carboidratos de alta qualidade, com açúcares mais naturais e alto teor de fibras, com menor carga glicêmica portanto, e com minerais, vitaminas, enzimas e fitoquímicos em muito maior proporção.

   Além disso, basta cuidar de ter uma quota suficientemente alta de proteínas de alta qualidade, aquelas com aminoácidos em equilíbrio (ver tabela 2), evitar as carnes gordas e tomar o máximo cuidado com os laticínios. Dos cereais, o menos problemático é o arroz, o mais problemático é o trigo – e as massas e derivados dele, portanto. 

   Contudo, antes que você comece a ficar arrepiado pensando o que vai ser de você sem seu pão francês com manteiga e seu feijãozinho de cada dia, ou, caso pior, sem seu hambúrguer e seu refrigerante, deixe eu lhe dizer que nos dias de hoje nós temos que ter flexibilidade e devemos fazer adaptações diversas para podermos chegar ao modo mais saudável de escolher alimentos, o modo paleolítico.

    Não vivemos agora e jamais poderemos viver no futuro próximo (ao menos com esta população que cresceu explosivamente, chegando ao impressionante número de sete bilhões) da mesma maneira saudável que vivem os nativos das Ilhas Trobriand HOJE.

  Também não vamos poder depender do consumo da carne típica do paleolítico, a carne MAGRA de caça. Não há animais silvestres para serem caçados e dar alimentos aos bilhões de humanos. Seria a hecatombe animal, a maior catástrofe de destruição de espécies e não duraria quase nada, algo totalmente insustentável. Isso é tão absurdo como hipótese que não adianta nem mesmo pensar no assunto. Mas, para quem estiver embalado no tema, eu recomendo a leitura da terceira parte do excelente livro de Michael Pollan, O Dilema do Onívoro [1], exatamente a parte em que ele narra sua experiência como caçador que que tem que matar, eviscerar e limpar um animal de médio porte.

   Passaremos, no próximo segmento, a um exemplo médico de aplicação da paleodieta, onde se vê a remissão de casos de diabetes tipo 2 com o uso da dieta do paleolítico sob rigorosas condições experimentais.

Dieta paleolítica na Universidade de Lund, Suécia
CONTINUA

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