Os sérios problemas que vieram
com a Agricultura Série transcrita dos livros
"A SOPA QUÍMICA"/“THE CHEMICAL BROTH
- Milton Maciel – Idel - 2008/2013
CAÇADORES-COLETORES contemporâneos 2
Um parêntese a favor dos apressados
Neste ponto, minha
experiência com a realização dos seminários ALIMENTAÇÃO SUICIDA – que venho
apresentando desde 2004 em várias cidades do país e dos quais acabou
nascendo a ideia de escrever este livro – me diz que, a esta altura de sua
leitura, muitas pessoas espertas e observadoras já estão querendo partir para
fazerem, elas também, sua dieta paleolítica. Ora, isso é extremamente simples,
não há grandes mistérios, como já se pode antever neste ponto do livro.
A dieta paleolítica não é
uma dieta de emagrecimento da moda. Infelizmente a palavra dieta está mais do
que desgastada, associada indelevelmente à ideia de perder peso. Contudo, neste
trabalho, quando apresentamos e explicamos uma dieta paleolítica, não estamos
falando especificamente de emagrecimento, mas apenas de EQUILÍBRIO. No caso, de
equilíbrio
essencial,
que é o que a paleodieta proporciona, nos permitindo voltar à comunhão com a
base alimentar a que nossos genes respondem com familiaridade e sem o
desenvolvimento de desequilíbrio e, consequentemente, de degenerescência e moléstias.
A paleodieta não opera com
restrição quantitativa, não coloca
limites a quanto você pode comer,
mas ao que você pode ingerir. A
restrição é somente qualitativa.
Trata-se apenas de aprender a renunciar a alguns dos vícios alimentares mais caros ao nosso paladar e ao nosso
emocional, porque aprendidos desde tenra infância.
E desenvolver novos hábitos
saudáveis, pois aqueles vícios são caros
também para a saúde, agora no sentido de custosos – quer pelas doenças e
sofrimentos que produzem, quer pelas despesas que proporcionam; estas, quer
pela aquisição de alimentos caros e
prejudiciais, quer pelos preços caros
dos gastos com médicos, remédios e hospital. Que o digam, por nós, os
habitantes das Ilhas Trobriand.
Adiantando um pouco a
discussão, pelas razões práticas a que me referi há pouco, passar para a dieta
paleolítica significa passar a comer quantidades muito maiores de frutas e
verduras, que vão substituir a maior parte dos carboidratos e açúcares
refinados, de alta caloria, alta carga glicêmica e baixa qualidade, por
carboidratos de alta qualidade, com açúcares mais naturais e alto teor de
fibras, com menor carga glicêmica portanto, e com minerais, vitaminas, enzimas
e fitoquímicos em muito maior proporção.
Além disso, basta cuidar de
ter uma quota suficientemente alta de proteínas de alta qualidade, aquelas com
aminoácidos em equilíbrio (ver tabela 2), evitar as carnes gordas e
tomar o máximo cuidado com os laticínios. Dos cereais, o menos problemático é o
arroz, o mais problemático é o trigo – e as massas e derivados dele, portanto.
Contudo, antes que você
comece a ficar arrepiado pensando o que vai ser de você sem seu pão francês com
manteiga e seu feijãozinho de cada dia, ou, caso pior, sem seu hambúrguer e seu
refrigerante, deixe eu lhe dizer que nos dias de hoje nós temos que ter
flexibilidade e devemos fazer adaptações diversas para podermos chegar ao modo mais saudável de escolher alimentos, o
modo paleolítico.
Não vivemos agora e jamais
poderemos viver no futuro próximo (ao menos com esta população que cresceu
explosivamente, chegando ao impressionante número de sete bilhões) da
mesma maneira saudável que vivem os nativos das Ilhas Trobriand HOJE.
Também não vamos poder
depender do consumo da carne típica do paleolítico, a carne MAGRA de caça. Não
há animais silvestres para serem caçados e dar alimentos aos bilhões de
humanos. Seria a hecatombe animal, a maior catástrofe de destruição de espécies
e não duraria quase nada, algo totalmente insustentável. Isso é tão absurdo
como hipótese que não adianta nem mesmo pensar no assunto. Mas, para quem
estiver embalado no tema, eu recomendo a leitura da terceira parte do excelente
livro de Michael Pollan, O Dilema do
Onívoro [1], exatamente a parte em que ele narra sua experiência como
caçador que que tem que matar, eviscerar e limpar um animal de médio porte.
Passaremos, no próximo segmento, a um exemplo
médico de aplicação da paleodieta, onde se vê a remissão de casos de diabetes tipo 2 com o uso da dieta do paleolítico sob rigorosas condições experimentais.
Dieta
paleolítica na Universidade de Lund, Suécia
CONTINUA
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