Ou “O descabaçador em Ação”; Ou: "De como duas mulheres inteligentes logram e castigam um velho tarado"
MILTON MACIEL
Extraído do livro LOLITA DE ARACAJU, A Mais Jovem
Dona de Bordel do Mundo - MILTON MACIEL – Idel – SP
(Este livro é LEITURA PARA ADULTOS.
Aos excertos publicados no Facebook e Grupos aplico uma ‘censura’
prévia, amaciando palavras ou eliminando trechos. No blog, o texto é
igual ao do livro)
Final da 4a. parte
Concluído o negócio do
empréstimo, Alcebíades pôde então partir para o outro negócio, aquele que o
trouxera ali trêmulo como um colegial principiante. Ficava sempre assim, quando
chegava a hora sagrada de tirar mais um cabaço. A emoção era sufocante, sentia-se
a um tempo exultante e inseguro. Por isso, precisava caprichar na dose da
bebida a ser ingerida, precisava de um grande reforço para os nervos, mas não
um excesso capaz de fazê-lo capotar – ou pior, broxar! Então já chegou à casa
de Dona Zezé ainda mais bêbado do que de costume. O que, face a décadas de
consistentes hábitos, não o impedia de negociar seus empréstimos nem de fazer
suas cobranças – fosse em espécie, fosse em cabaço. Agora o
assunto era bem diferente. Acostumado a ganhar os cabaços sempre através de
severas cobranças, desta vez o velho ia ter que adiantar dinheiro seu, dinheiro bom. Mas essa potranca, esse cabaço
de ouro, valia o investimento.
5a. PARTE
Com os cheques agora seguros no
cofre murcho dos seios, ‘tia’ Zezé introduziu Alcebíades, nesta noite de mais licor
de jenipapo, em seu próprio quarto, aquela modestíssima suíte com o pequeno
banheiro. Ela o fez sentar na cama de casal. Ali se dará o ato supremo, a
rendição incondicional da virgem, a doce ruptura do pré-pago selo. Começou
então uma longa conversa, regada a licor batizado, destinada a fazer subir a
tensão, o tesão e o teor alcoólico no sangue do velho farmacêutico aposentado.
‘Tia’ Zezé serviu mais um licor
ao velho – o décimo sexto, cheio de cachaça como os outros quinze. Quanto mais
o velho sátiro bebia, menos percebia o batismo. Álcool sobe rápido, estrovenga
de velho, não. Experiente, a ‘tia’ saberia reconhecer o momento certo de
introduzir a ‘sobrinha’ no quarto.
Já tendo chegado de fogo, como
de hábito, o farmacêutico agora está mais do que grogue, mais um minuto e vai
emborcar. A ‘tia’ mandou-o esperar na cama, mas ficar de cuecas - a menina é virgem, tem muita vergonha. O velho obedeceu. Só então Lolita foi
introduzida no quarto, com todo o esplendor de sua beleza adolescente. A ‘tia’
sai, o velho delira!...
A moça, fazendo-se encabulada,
diz que sente vergonha, quer despir-se no banheiro. Pede para o velho esperar
sentado na cama, porém de cuecas. Só que dali, estrategicamente, é possível
ver-se o banheiro através de um espelho de grandes dimensões.
A menina vai para o banheiro,
cuidando, porém, de deixar a porta aberta. Sabe que, pelo espelho, o homem
embebedado a tudo assistirá. Por isso, ela capricha no ritual, usa movimentos
lentos, calculados. Tira blusa e sutiã com gestos de sublime timidez. E não
esquece de falar alto:
– Não vá entrar aqui, viu! – E continuou a encenar o seu teatrinho
especial.
Tirou a mini-saia, um par de
coxas esplêndidas surgiu – o homem enlouquecendo de tesão e de cachaça. Virou
de perfil, depois de costas, vendo-se linda no espelho do banheiro. Por três
vezes começou a baixar a calcinha, por três vezes a suspendeu novamente – como
hesitante, pudica donzela.
Pelo espelho do quarto, o velho
acreditava estar vendo os estertores finais do pudor de uma virgem. Não
agüentava mais de desejo e de impaciência, queria ver aquele xibiuzinho, aquele
docinho, aquele...
Mas a menina continuava o
ritual, impassível. Lentamente, deliberadamente. Na verdade esperava o sinal
combinado, uma tosse alta, com a qual a ‘tia’, que a tudo observava lá do
corredor – pelo mesmo e estratégico espelho do quarto – lhe sinalizaria que era
a hora de entrar, que a bebida estava enfim vencendo o velho guerreiro.
A tosse não demorou. Quando
veio, a calcinha ainda estava no lugar e ela havia colocado por cima uma anágua
transparente, como se fosse desistir, para desespero do velho Alcebíades.
Ah, ele ia falar, se erguer,
acabar com aquilo, comer aquele cabaço na marra. Estava pago! Mas, ao tentar
levantar, a tonteira veio completa e o homem desabou de costas na cama. Essa
era a deixa. A diretora do espetáculo tossiu, a atriz principal entrou em cena. Viu o homem meio
inconsciente, mas o bem-bom estava ali, para fora da cueca, em riste na
vertical. Aí a moça, que estava no maior jejum há vários dias, desde a partida
do surfista carioca, não se agüentou.
Toda a enorme sensualidade da preparação, a certeza dos olhos cobiçosos
do homem sobre ela, a tinham deixado morta de desejo. Arrancou anágua e
calcinha, pulou em cima da cama, querendo encaixar-se sobre o velho antes que
sobreviesse o iminente desabamento. Quando via aquilo em riste, ela é que
perdia todo o controle!
Foi quando a ‘tia’ pulou no
quarto e a arrancou com um safanão de cima do homem:
– Sai daí, sua tarada! Já esqueceu que você tem que agir como uma
cabaçuda, criatura!
– Ah, Zezé, a coisa tá ali, me deixa aproveitar só um pouquinho, estou
necessitada, faz tanto tempo, você sabe, me conhece!
– Não, sua boba, você tem que se agüentar! Vai que o homem acorda, ou
que nem está dormindo direito, e vê você montada em cima. Desde quando uma
moça donzela pula em cima de um macho e começa a cavalgar feito louca? Quer
estragar o nosso negócio? Nós temos muito o que fazer com esse dinheiro!
A contragosto, a garota ouviu
os argumentos da ‘tia’, sabia que ela, com toda a sua experiência, estava
certa. Tinha que se agüentar, o negócio agora era aproveitar a inconsciência do
velho e lambuzar suas partes, cuecas e cama com o sangue de fígado bovino que
Zezé havia trazido da geladeira. E foi o que fizeram.
Trabalhando com engenho e arte,
Zezé, auxiliar de enfermagem em seus tempos de juventude, espalhou o sangue no
lençol e na cueca do velho. Evidentemente, teriam que aplicá-lo também na
estrovenga do velho, agora devidamente arriada em compreensível descanso
etílico. Lolita prontificou-se para esta parte da tarefa, fazendo-a com
evidente gosto e diversão.
Roncando, engabelado, o velho
Alcebíades sonhava com sua própria juventude. Era um grande garanhão, um sedutor,
o maior descabaçador de todo o Sergipe.
A glória! E o grande garanhão devaneia, ressona, sorri: mais uma virgem
para a sua coleção...
Na manhã do dia seguinte,
Alcebíades acordou de vez, lépido, quase sóbrio, como há muito não usava
acordar. Também, depois de uma aventura dessas, acordar ao lado daquela beldade
e, ainda por cima, saber que havia conquistado mais aquele cabaço superior,
fantástico... Ah, era demais!
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