quarta-feira, 29 de maio de 2013

O VELHO PAPA-VIRGENS – 4ª. parte
Ou “O descabaçador em Ação”; Ou: "De como duas mulheres inteligentes logram e castigam um velho tarado"
MILTON  MACIEL
Extraído do livro LOLITA DE ARACAJU, A Mais Jovem
Dona de Bordel do Mundo - MILTON MACIEL – Idel – SP

(Este livro é LEITURA PARA ADULTOS. Aos excertos publicados no Facebook e Grupos aplico uma ‘censura’ prévia, amaciando palavras ou eliminando trechos. No blog, o texto é igual ao do livro)

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http://miltonmaciel.blogspot.com.br/2013/05/o-velho-papa-virgens-3.html  

Final da parte 3
  Zezé acabou dando-se por vencida. Ele era um homem sábio, muito mais velho do que ela, tinha razão, toda a razão. Papava a menina e não a deixava grávida. O que se seguiu então foi uma longa e cansativa negociação de valores. Propostas e contra-propostas, o homem pechinchando, a mulher fazendo-se ofendida. No fim chegaram a um acordo: seis mil reais! Para começar outra discussão em seguida: o velho queria a prenda agora mesmo, a tia queria tempo para preparar a menina. Afinal, estavam discutindo aquilo, se desgastando, mas... E se a garota não aceitasse?!

   Então concordaram que era melhor a tia começar o trabalho de convencimento da garota ali mesmo, naquele momento. A tia chamou a sobrinha para o quarto e lá permaneceu por uma

PARTE 4 
boa meia hora, com algumas poucas saídas, nas quais chegava sacudindo a cabeça negativamente, com ar de derrota:

– Está difícil, doutor! A bichinha está resistente – e retornava ao quarto. Lá, obviamente, dedicavam-se a falar de outras coisas e a observar o velho pela pequena fresta que deixavam, ao não fechar a porta completamente. Numa das vezes, viram o homem retirar uma calcinha do bolso, levá-la ao nariz e ficar aspirando, de olhos fechados. Ia ser fácil...

   Zezé voltou à sala outra vez:

– Ah, doutor, parece que ela está apaixonada, já me arranjou um namoradinho. E aí ela quer dar para ele, em primeiro lugar. Acho que o caso está perdido, Seu Alcebíades. Perdido, ai de mim!... – e voltou para o quarto, com ar de desesperança total, balançando a cabeça. Minutos depois, estava outra vez na sala. Trazia uma expressão mais animada. O homem a olhou com renovada esperança.

– Olhe, doutor, vamos ter que dar um dinheiro é para ela, diretamente. Essa história de fazer uma poupança para custear os estudos dela, isso não colou. Ela disse que, se vai ter que perder a virgindade com o senhor, então ela quer dinheiro é não mão dela.

– Ah, mas então já está melhor – alegrou-se o doutor – você pode tirar um pouquinho dos seus seis mil e...

– De jeito nenhum, doutor! Imagine, eu aceitei essa miséria, que não vai dar para nada e já estou arrependida. Olhe, é melhor a gente parar por aqui, então, eu já estou ficando cansada.

– Não, não, tenha calma, por favor! – suplicou o velho.

   Nesse momento, conforme tinham combinado, Lolita apareceu para fazer um reforço promocional. Estava usando agora um shortinho minúsculo e apertado, as carnações perfeitas e generosas transbordando, principalmente atrás, da exígua peça de vestuário. Em cima, apenas um bustiê de mínimas dimensões, deixando quase para fora o mais perfeito par de seios com que o farmacêutico aposentado poderia sonhar. Passou pela sala de olhos baixos, como que envergonhada e tímida, escovando os longos cabelos escuros, sedosos, perfumados. Ai, Jesus!

– Tia, posso sair agora?

– Claro que não, menina! Nós ainda não terminamos o nosso assunto. Volte para o quarto! Já!

   Lolita fez cara de triste, voltou-se de costas para o homem, que foi à loucura com a visão. Demorou-se à porta, como quem não quer entrar, prolongando o espetáculo. Evidentemente, a cotação subiu ainda mais depois desse espetáculo promocional.

– Menina difícil! Ah, doutor, olhe que eu estou com medo. Minha intuição me diz que ela quer sair assim, de repente, para procurar o tal namorado e dar para ele já. Assim ela corta o meu barato, acaba com a pressão sobre ela e entrega o cabaço para o desgraçado – de graça, doutor, de graça, veja só! Que problema!

– Não deixe, Dona Zezé, não deixe, pelo amor de Deus! Esse cabacinho tem que ser meu, tem que ser meu! Ai, eu faço uma loucura, que menina mais linda, mais perfeita, que tesão! Olhe, faça o seguinte – e levou a mão ao bolso, tirando dele algumas notas de cem reais – dê isso aqui a ela, tem quinhentinhos aí, diga que é um sinal de negócio. Que eu dou mais, quatro vezes mais, se ela der para mim agora. Agora!

   Zezé correu para o quarto com as notas na mão. Voltou dois minutos depois, com a resposta da moça.

– Olhe, doutor, acho que o senhor venceu! Essa jogada do sinal de negócio foi um golpe de mestre. A menina arrancou o dinheiro da minha mão!! Concordou que por dois mil reais ela vende o cabaço. Diz que está mesmo louca para dar, que não se aguenta mais. E até falou – veja só, que surpresa! – que se o senhor for bom e carinhoso com ela, quem sabe ela não fica com o senhor depois, em vez de ficar com o tal namorado. Afinal, como ela tinha ficado de dar o cabaço para ele, ela acha que o desgraçado não vai querer saber dela depois de furada por outro. E ela achou o senhor uma pessoa bacana, disse que o senhor é “um moço distinto”. Um moço, seu Alcebíades!

   O velho agiota quase explodiu de contentamento e tesão. Levantou do sofá de um salto, mas Zezé o segurou pelo braço.

– Só que tem um porém, doutor. Ela disse que não vai dar hoje de jeito nenhum, que moça direita não dá nunca no primeiro encontro. E disse que quer se preparar direitinho para o senhor, quer se depilar bastante, tomar um banho longo e especial, se perfumar, arrumar o cabelo. Então eu acho melhor a gente deixar isso para amanhã. Afinal o senhor vai ter que voltar mesmo, com o contrato para eu assinar e o cheque do empréstimo. É melhor assim. Agora, com o sinal na mão, ela só vai querer é pegar o restante. Não tem mais perigo de dar para o namorado, não senhor! Vamos marcar para amanhã à noite, nove horas. Certo?

   O velho farmacêutico murchou de decepção, mas depois lembrou que era mesmo mais prudente concordar. E foi embora fantasiando a noite maravilhosa que teria no dia seguinte, quando iria papar o mais delicioso cabaço de toda sua vida!...

   E assim foi feito. Na noite seguinte, lá pelas oito e meia, o agiota chegou trazendo um contrato e dois cheques. Um, no valor de vinte mil reais, correspondia ao empréstimo, tendo como garantia a casa que, sem receber uma reforma, o experiente usurário havia avaliado em oitenta mil reais. E havia o cheque de seis mil, também, como pagamento à tia pelo cabaço da sobrinha. Para esta, mais mil e quinhentos reais, em notas de cem, rescendendo de novinhas.

   Doutor Alcebíades cumpria, assim, sua parte do trato, mostran- do total confiança na tia. Assinado o contrato por ambas as partes (já viera assinado por duas testemunhas que, rezava no mesmo, estavam presentes naquele momento), o homem explicou que duas das vias ele iria levar ao cartório para lavrar a garantia. Uma vez oficializado esse registro, tornaria uma cópia a Zezé. Enquanto isso, ela ficava com a terceira cópia, para ficar tranqüila.

   Concluído o negócio do empréstimo, Alcebíades pôde então partir para o outro negócio, aquele que o trouxera ali trêmulo como um colegial principiante. Ficava sempre assim, quando chegava a hora sagrada de tirar mais um cabaço. A emoção era sufocante, sentia-se a um tempo exultante e inseguro. Por isso, precisava caprichar na dose da bebida a ser ingerida, precisava de um grande reforço para os nervos, mas não um excesso capaz de fazê-lo capotar – ou pior, broxar! Então já chegou à casa de Dona Zezé ainda mais bêbado do que de costume. O que, face a décadas de consistentes hábitos, não o impedia de negociar seus empréstimos nem de fazer suas cobranças – fosse em espécie, fosse em cabaço. Agora o assunto era bem diferente. Acostumado a ganhar os cabaços sempre através de severas cobranças, desta vez o velho ia ter que adiantar dinheiro seu, dinheiro bom. Mas essa potranca, esse cabaço de ouro, valia o investimento.
CONTINUA 

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