domingo, 26 de maio de 2013

UMA MUDANÇA DE PARADIGMA - final 
Os sérios problemas que vieram 
com a Agricultura Série transcrita dos livros
"A SOPA QUÍMICA"/“THE CHEMICAL BROTH 
- Milton Maciel – Idel - 2008/2013 
CAÇADORES-COLETORES contemporâneos 2

A Dieta paleolítica na Universidade de Lund, Suécia
Reversão de casos de diabetes tipo 2 em  90 dias

   A dieta original dos homens da idade da pedra é excelente para os diabéticos. Esta conclusão foi apresentada por um estudo clínico conduzido pelo Dr. Staffan Lindberg, do Departamento de Medicina da Universidade de Lund, na Suécia.

  O Dr. Lindberg foi um dos diversos cientistas que visitou Kitava, nas Ilhas Trobriand, onde não existem alimentos baseados na agricultura como os nossos. Ali, ele e sua equipe colheram dados experimentais por mais de uma vez. Lindberg voltou de Kitava impressionadíssimo com a total inexistência de doença cardiovascular e de diabetes entre os habitantes. Há muitos anos ele já vinha se dedicando ao estudo comparativo da dieta moderna ocidental com a dieta paleolítica. Após o retorno das Trobriand, seu grupo médico começou a implantar uma experiência com pacientes portadores de intolerância à glicose.

   Os pacientes foram divididos em dois grupos: metade deles seguiu uma dieta considerada saudável, a dieta mediterrânea, com cereais integrais, leite e laticínios desnatados, peixe, frutas, verduras e azeite de oliva, com uso habitual de sal.

   A outra metade seguiu uma dieta paleolítica típica, sem qualquer tipo de cereais e derivados, açúcares, óleos vegetais e laticínios – usando porém uma quantidade bem maior de frutas e verduras do que os pacientes da dieta mediterrânea, acrescidas de peixe, carnes, magras, castanhas e raízes e minimizando o uso de sal.

   Todos os pacientes apresentavam intolerância à glicose, condição que conduz ao desenvolvimento do diabetes tipo 2, sendo que  dois terços deles já tinham o quadro de diabetes plenamente instalado. Além disso, todos os pacientes tinham também diagnóstico de doença cardíaca coronariana.

   Para pessoas com intolerância à glicose ou com diabetes tipo 2 já instalado, após a ingestão de carboidratos, como um suco de laranja adoçado, por exemplo, a medida de açúcar no sangue acusa sempre níveis muito elevados de glicose. Essas medidas foram feitas sistematicamente durante três meses.

   Após 12 semanas, o nível de açúcar no sangue tinha baixado 7% nos pacientes que seguiam a dieta mediterrânea e 26% nos que seguiam a dieta paleolítica.

  Ao término dos três meses de medição, o grupo mediterrâneo seguia na mesma média de redução, enquanto que o grupo paleolítico tinha agora, em todos os seus pacientes, níveis NORMAIS de glicose no sangue.

   A redução de peso, que não era buscada pelo experimento, foi a mesma para os dois grupos, embora fosse notada uma maior diminuição nas medidas de cintura para o grupo paleolítico. A equipe científica concluiu que algo mais do que a ingestão de calorias e a perda de peso havia sido responsável pela extraordinária modificação que o grupo sob dieta paleolítica demonstrava, quanto à sua capacidade de metabolizar carboidratos.

   A principal diferença de dieta entre os dois grupos foi a restrição ao consumo de cereais e derivados, laticínios e óleos e gorduras vegetais, assim como um consumo bastante maior de frutas e verduras. Evidenciou-se assim, mais uma vez, o que outros estudos científicos já haviam demonstrado exaustiva-mente: existem substâncias nos grãos e nos laticínios que interferem com o metabolismo de carboidratos e de gorduras, afirmação que é analisada mais adiante com mais profundidade.

   A agricultura tornou acessíveis os produtos que hoje constituem a nossa base alimentar, fornecendo o grosso da ingesta calórica diária, através dos cereais e seus derivados, laticínios, gorduras refinadas e açúcares simples refinados (fig. 3, pg. 30), todos produtos altamente energéticos, que fazem com que o organismo dê respostas extremas, inusitadas em termos da perspectiva multimilenar dos nossos genes. Essas respostas podem ser chamadas de intempestivas ou afoitas, face à rapidíssima subida do nível de glicose que a ingestão desses alimentos energéticos provoca.

   Como conseqüência, o pâncreas injeta uma maciça dose de insulina no sangue, para tentar reduzir o alto nível de glicose, chegando, muitas vezes a provocar o efeito oposto, a hipoglicemia. O cérebro detecta isso como perigo de desnutrição e sinaliza com nova sensação de fome, levando a pessoa a procurar, mais uma vez, os alimentos altamente calóricos da agricultura a que está acostumado. 

  O resultado disso é o que alguns endocrinologistas chamam de montanha russa metabólica, com a rápida alternância entre esses estados hiper e hipo glicêmicos conduzindo progressivamente à intolerância à glicose de forma consolidada e, desta, ao diabetes tipo dois.

   Como o estudo da Universidade de Lund demonstrou cabalmente, a supressão dos alimentos oriundos da agricultura permite a reversão completa da intolerância à glicose e até mesmo do diabetes tipo 2. Qual é a mágica?

   As respostas são várias.

   Comece-se pelo fato que os carboidratos presentes na dieta paleolítica não são capazes de provocar uma resposta glicêmica imediata e elevadíssima, isto é, eles têm baixo índice glicêmico e baixa carga glicêmica, conceitos que são discutidos mais adiante. Como esses carboidratos provêm de frutas e verduras consumidas em grande escala, eles trazem consigo uma alta proporção de fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes naturais.

  A seguir precisamos lembrar que as gorduras da dieta paleolítica são predominantemente não-saturadas e com uma relação de ácidos graxos poli-insaturados ômega-6/ômega-3 que é três vezes menor do que a presente na dieta contemporânea.

   A isso temos que acrescentar a incompetência humana para enfrentar certas substâncias que os vegetais criaram para se defender. Essas glicoproteínas, criadas nas folhas, são encaminhadas, na fase de maturação, para as sementes, onde são concentradas com o objetivo de serem tóxicas para os animais que ousarem comê-las e, assim, ameaçar a sobrevivência da espécie vegetal. Essas proteínas defensivas recebem o nome genérico de LECTINAS. (de novo: não comfundir com lecitina !)

   Animais comem vegetais e suas sementes. Homens comem vegetais e suas sementes. E comem animais que comem vegetais e suas sementes. Dessa forma eles colocam para dentro de seus organismos tanto lectinas das sementes do trigo, do milho ou da soja, como as lectinas do leite da vaca que comeu ração feita com milho e soja. E, uma vez que têm essas substâncias hostis dentro dos seus intestinos e da sua corrente sanguínea, vão começar a desenvolver as doenças da civilização, também chamadas de doenças da afluência (= prosperidade), um brinde inteiramente grátis que acompanhou o advento da alimentação neolítica, baseada em grãos e que foi maximizado pela industrialização maciça de alimentos derivados desses grãos.

   Estudos recentes têm demonstrado que as lectinas concentradas nas sementes de gramíneas (como milho, trigo, arroz, cevada, aveia, centeio) e nas sementes das leguminosas (como feijão, soja, amendoim) podem interferir de maneira bastante prejudicial com o hormônio humano da saciedade, a LEPTINA.

   Instala-se então a guerra LECTINA versus LEPTINA. E essa luta justifica de que maneira os grãos e seus derivados (incluindo-se aí os óleos vegetais, extraídos pela prensagem dos grãos) contribuem para o desequilíbrio essencial.
FINAL DA PRESENTE SÉRIE  

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