Os sérios problemas que vieram
com a Agricultura Série transcrita dos livros
"A SOPA QUÍMICA"/“THE CHEMICAL BROTH
- Milton Maciel – Idel - 2008/2013
CAÇADORES-COLETORES contemporâneos 2
A Dieta
paleolítica na Universidade de Lund, Suécia
Reversão de casos de diabetes tipo 2 em 90 dias
A dieta original dos homens
da idade da pedra é excelente para os diabéticos. Esta conclusão foi
apresentada por um estudo clínico conduzido pelo Dr. Staffan Lindberg, do Departamento de Medicina da Universidade
de Lund, na Suécia.
O Dr. Lindberg foi um dos
diversos cientistas que visitou Kitava, nas Ilhas Trobriand, onde não existem
alimentos baseados na agricultura como os nossos. Ali, ele e sua equipe
colheram dados experimentais por mais de uma vez. Lindberg voltou de Kitava
impressionadíssimo com a total inexistência de doença cardiovascular e de
diabetes entre os habitantes. Há muitos anos ele já vinha se dedicando ao
estudo comparativo da dieta moderna ocidental com a dieta paleolítica. Após o
retorno das Trobriand, seu grupo médico começou a implantar uma experiência com
pacientes portadores de intolerância à glicose.
Os pacientes foram
divididos em dois grupos: metade deles seguiu uma dieta considerada saudável, a
dieta
mediterrânea, com cereais integrais, leite e laticínios desnatados,
peixe, frutas, verduras e azeite de oliva, com uso habitual de sal.
A outra metade seguiu uma dieta
paleolítica típica, sem qualquer tipo de cereais e derivados, açúcares,
óleos vegetais e laticínios – usando porém uma quantidade bem maior de frutas e
verduras do que os pacientes da dieta mediterrânea, acrescidas de peixe,
carnes, magras, castanhas e raízes e minimizando o uso de sal.
Todos os pacientes
apresentavam intolerância à glicose,
condição que conduz ao desenvolvimento do diabetes
tipo 2, sendo que dois terços deles
já tinham o quadro de diabetes plenamente instalado. Além disso, todos os
pacientes tinham também diagnóstico de doença
cardíaca coronariana.
Para pessoas com
intolerância à glicose ou com diabetes tipo 2 já instalado, após a ingestão de
carboidratos, como um suco de laranja adoçado, por exemplo, a medida de açúcar
no sangue acusa sempre níveis muito elevados de glicose. Essas medidas foram
feitas sistematicamente durante três meses.
Após 12 semanas, o nível de
açúcar no sangue tinha baixado 7% nos pacientes que seguiam a dieta
mediterrânea e 26% nos que seguiam a dieta paleolítica.
Ao término dos três meses de
medição, o grupo mediterrâneo seguia na mesma média de redução, enquanto que o
grupo paleolítico tinha agora, em todos os seus pacientes, níveis
NORMAIS de glicose no sangue.
A redução de peso, que não
era buscada pelo experimento, foi a mesma para os dois grupos, embora fosse
notada uma maior diminuição nas medidas
de cintura para o grupo paleolítico. A equipe científica concluiu que algo
mais do que a ingestão de calorias e a perda de peso havia sido responsável
pela extraordinária modificação que o grupo sob dieta paleolítica demonstrava,
quanto à sua capacidade de metabolizar carboidratos.
A principal diferença de
dieta entre os dois grupos foi a restrição ao consumo de cereais e derivados,
laticínios e óleos e gorduras vegetais, assim como um consumo bastante maior de
frutas e verduras. Evidenciou-se assim, mais uma vez, o que outros estudos
científicos já haviam demonstrado exaustiva-mente: existem substâncias nos grãos e nos laticínios que interferem com o
metabolismo de carboidratos e de gorduras, afirmação que é analisada mais
adiante com mais profundidade.
A agricultura tornou
acessíveis os produtos que hoje constituem a nossa base alimentar, fornecendo o
grosso da ingesta calórica diária, através dos cereais e seus derivados,
laticínios, gorduras refinadas e açúcares simples refinados (fig. 3, pg. 30), todos produtos
altamente energéticos, que fazem com que o organismo dê respostas extremas,
inusitadas em termos da perspectiva multimilenar dos nossos genes. Essas
respostas podem ser chamadas de intempestivas ou afoitas, face à rapidíssima
subida do nível de glicose que a ingestão desses alimentos energéticos provoca.
Como conseqüência, o
pâncreas injeta uma maciça dose de insulina no sangue, para tentar reduzir o
alto nível de glicose, chegando, muitas vezes a provocar o efeito oposto, a hipoglicemia.
O cérebro detecta isso como perigo de desnutrição e sinaliza com nova sensação
de fome, levando a pessoa a procurar, mais uma vez, os alimentos altamente
calóricos da agricultura a que está acostumado.
O resultado disso é o que
alguns endocrinologistas chamam de montanha
russa metabólica, com a rápida alternância entre esses estados hiper e hipo
glicêmicos conduzindo progressivamente à intolerância à glicose de forma
consolidada e, desta, ao diabetes tipo dois.
Como o estudo da Universidade
de Lund demonstrou cabalmente, a supressão dos alimentos oriundos da
agricultura permite a reversão completa da intolerância à glicose e até mesmo do
diabetes tipo 2. Qual é a mágica?
As respostas são várias.
Comece-se pelo fato que os
carboidratos presentes na dieta paleolítica não são capazes de provocar uma
resposta glicêmica imediata e elevadíssima, isto é, eles têm baixo índice
glicêmico e baixa carga glicêmica, conceitos que são
discutidos mais adiante. Como esses carboidratos provêm de frutas e verduras
consumidas em grande escala, eles trazem consigo uma alta proporção de fibras,
vitaminas, minerais e antioxidantes naturais.
A seguir precisamos lembrar
que as gorduras da dieta paleolítica são predominantemente não-saturadas e com
uma relação de ácidos graxos poli-insaturados ômega-6/ômega-3 que é três vezes
menor do que a presente na dieta contemporânea.
A isso temos que
acrescentar a incompetência humana para enfrentar certas substâncias que os
vegetais criaram para se defender. Essas glicoproteínas, criadas nas folhas, são
encaminhadas, na fase de maturação, para as sementes, onde são concentradas com
o objetivo de serem tóxicas para os animais que ousarem comê-las e, assim,
ameaçar a sobrevivência da espécie vegetal. Essas proteínas defensivas recebem
o nome genérico de LECTINAS. (de novo: não comfundir com lecitina !)
Animais comem vegetais e
suas sementes. Homens comem vegetais e suas sementes. E comem animais que comem
vegetais e suas sementes. Dessa forma eles colocam para dentro de seus
organismos tanto lectinas das sementes do trigo, do milho ou da soja, como as
lectinas do leite da vaca que comeu ração feita com milho e soja. E, uma vez
que têm essas substâncias hostis dentro dos seus intestinos e da sua corrente
sanguínea, vão começar a desenvolver as doenças da civilização, também chamadas
de doenças da afluência (=
prosperidade), um brinde inteiramente grátis que acompanhou o advento da
alimentação neolítica, baseada em grãos e que foi maximizado pela
industrialização maciça de alimentos derivados desses grãos.
Estudos recentes têm
demonstrado que as lectinas concentradas nas sementes de gramíneas (como milho,
trigo, arroz, cevada, aveia, centeio) e nas sementes das leguminosas (como
feijão, soja, amendoim) podem interferir de maneira bastante prejudicial com o
hormônio humano da saciedade, a LEPTINA.
Instala-se então a guerra
LECTINA versus LEPTINA. E essa luta justifica de que maneira os grãos e seus
derivados (incluindo-se aí os óleos vegetais, extraídos pela prensagem dos
grãos) contribuem para o desequilíbrio essencial.
FINAL DA PRESENTE SÉRIE
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