domingo, 30 de setembro de 2012

sexta-feira, 28 de setembro de 2012


HOUVE UM DIA EM QUE CHEGUEI FELIZ
MILTON MACIEL

Houve um dia em que cheguei feliz,
Pois, até então, não te havia conhecido.
E houve uma noite em que me dei e o fiz
Acreditando no que havias prometido.

E no entretanto tua atitude contradiz
Toda promessa em que eu tenha acreditado.
E há esta tarde, na qual parto eu, infeliz,
Pois impossível é a alegria, se a teu lado.

Ficar contigo é estar sempre deprimido.
Será arrastar-me eternamente desvalido,
Pois tua frieza fez-me eterno derrotado.

E, antes que essa depressão vire meu fado,
Eis que me afasto, desta vida descontente,
E deixo a ti a minha ausência de presente.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012


SEU NOME É GAL
MILTON MACIEL

Era um 26 de Setembro quando o Brasil recebeu uma graça. 

Gracinha criança. Graça maior. Graça de Deus. Graça de voz.

Dom de voz, dom de cantar. Dom de comover, dom de arrebatar.

Gracinha é Maria, Maria da Bahia, Maria de Mariá.  Maria da Graça.

Mas a graça maior quem recebe é o Brasil: Porque  Gracinha é Gal
.
Gracinha é Gal Costa. E Gal Costa, a voz da Bahia, é a voz maior do Brasil.

Num 26 de Setembro o Brasil recebeu Gal Costa. Nunca mais seria o mesmo.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A FÉ EM VOCÊ MESMO  
MILTON MACIEL  


O QUE QUE ENTENDE MULHER DE CAPAÇÃO DE TOURO? 
MILTON MACIEL

A frase era terminal, certeira, incontestável. Com ela liquidávamos com qualquer menina que quisesse dar opinião, fosse qual fosse o assunto. Éramos fortes, éramos bravos, éramos machos gaúchos. Os tauras, os baguais, os superiores!

Com essa frase magistral decretávamos que aquele assunto em conversa extrapolava a limitada e pobre competência das mulheres: era assunto de homem! Desde quando mulher sabia como é que um macho gaúcho capava um touro? Sim capar, que era na verdade castrar, era um processo corriqueiro nas fazendas, quando se removia os testículos de um bezerro para impedir que ele crescesse como um macho inteiro, virando um touro. Emasculando-o, era ele condenado a ser um boi apenas, mais dócil e de mais fácil engorda.

– O que que entende mulher de capação de touro?

A frase era sempre pronunciada em voz bem alta, com olhar de desprezo, afirmando nossa superioridade. Não deixávamos qualquer dúvida e não dávamos margem a qualquer contestação. E as meninas acatavam, murchavam, cumpriam seu papel de submissas. Afinal, que entendiam elas sobre o processo de castrar um touro?

Mas nós mesmos, meninos de onze anos da primeira série do então ginásio, animaizinhos já urbanizados, também não entendíamos nada de capação de touro! Nenhum de nós jamais havia pegado numa faca para abrir o saco escrotal de um pobre bezerro manietado e extrair-lhe os testículos. Incrível que, nunca, em momento algum, uma só daquelas meninas nossas colegas tivesse contestado nossa pretensa competência no assunto. Nós éramos homens e elas... bem, eram só mulheres. Ficava implícito que nós, como machos, devíamos entender de capação de touro. E elas, como fêmeas, jamais seriam capazes de um tal serviço de macho. Uma salutar reserva de mercado!

A César o que é de César, aos homens o que é dos homens. E às mulheres? Bem, sempre haviam as bonecas. E a vassoura, o tanque, o fogão, as fraldas e os absorventes. Parecia de bom tamanho, porque haveriam elas de querer mais?

– Mulher tem cérebro de galinha! As mais inteligentes, têm dois cérebros de galinha.

Assim o pai de um dos meus colegas de classe, um médico renomado, definia a inteligência feminina. Fazia-o com laivos de generosidade, admitindo a possibilidade da biencefalidade galinácea de algumas mulheres, um pouquinho menos tapadas do que as outras.

Nós, os guris do ginásio da Fronteira gaúcha, ficávamos extasiados com aquela demonstração de superioridade masculina, vinda de um homem de cinqüenta anos, uma autoridade inconteste, um médico! E saíamos trombeteando a frase do doutor, para alegria dos outros meninos e para chateação de todas as meninas que encontrássemos.

Como afirmava o médico ilustre, mulheres eram seres de inteligência limitada, os homens eram mesmo superiores intelectualmente. Mesmo que pudessem contar com dois cérebros de galinha, as meninas mas espertas jamais nos alcançariam.

Hoje, 2009, olhando para trás tantas décadas, mal consigo distinguir onde toda aquela babaquice começou. O mundo mudou graças às mulheres que ousaram mudar o mundo. Fizeram-no com determinação e coragem e sem medir sacrifícios. Tive o prazer e o encanto de conhecer e conviver com mulheres inteligentíssimas, verdadeiras líderes e pioneiras nos mais diversos campos da atividade humana, da ciência à arte – a maior parte dos quais pertencia até então à tal ‘salutar reserva de mercado’ masculina.

E sabe o que? Nenhuma delas entendia de capação de touro. Muito menos eu, graças a Deus!

Então fui forçado e me perguntar e a investigar: Como é que nós, meninos, podíamos ser tão babacas? E como é que elas, meninas, podiam ser tão tontinhas?

Ora, hoje é fácil responder: Machismo! Exatamente por causa do machismo, esse filho degenerado de gênio hirsuto, esse aleijão brotado do ventre da revolução agrícola do Neolítico.

Sim, agora é muito fácil entender o que aconteceu comigo e com meus coleguinhas de ginásio, entender que nada disso começou ali na nossa infância, mas veio de muito antes. Desde a mais tenra infância, diriam muitos. Desde o berçário, garantiriam outros. As pessoas mais ousadas afirmariam: desde o ventre da mãe.

Mas todos estariam erradas. A força devastadora que nos ensinou que as mulheres eram inferiores era velha de mais de 10 000 anos.

Era uma força ARQUETÍPICA! Uma força solidamente implantada, ao longo de milênios de sociedade patriarcal machista, no inconsciente de cada um e no de todos nós – o Inconsciente Coletivo.

Como não sermos todos nós, meninos e meninas, atingidos e esmagados por esse rolo compressor? Nós, machos, tínhamos que ser fortes, bravos, brigões, exibicionistas, egoístas, brilhantes e autoritários. Elas, as femeazinhas, tinham que se acomodar a seus papéis submissos, lunares de Grandes Mães, coquetes de Afrodites. Ou seja, estávamos condenados a sermos perpetuamente infelizes nos nossos relacionamentos. Todos nós. E até hoje!

Porque esta parte, que chamo de Machismo Oculto, escondido no mais recôndito do nosso inconsciente... bem essa parte pouco mudou: arquétipos não se transmutam em apenas poucas décadas de transformação social. Uma luta con-

(Pequeno excerto do capítulo O MACHISMO OCULTO, do livro A BELA MORDE A FERA  -  Ellen Snortland e Milton Maciel, IDEL, 2009)

A foto ilustra como as coisas mudaram, sinal dos tempos: Aqui vemos o flagrante de uma MULHER (está é uma zootecnista) CASTRANDO UM BEZERRO. Agora mulher entende até de capação de touro: LÁ SE FOI O NOSSO GRANDE ARGUMENTO!



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Nosso Blog completa 3 meses de vida  neste 24 de Setembro.  Aniversário!
MILTON MACIEL

Com 3657 acessos nesse tres primeiros meses, nosso Blog vem conseguindo cair no gosto dos nossos estimados leitores e leitoras, para quem escrevemos todo santo dia.

95% de todas as postagens são minhas mesmo, uma alentada parte delas expressa como poesia até este momento.  

Mas vamos tratar de melhorar o Blog ainda mais, incluindo em breve novas sessões, abrangendo tópicos ligados a saúde, alimentação e vida prática. Aguardem as novas postagens.

Por enquanto, muito obrigado a todos que nos lêem e incentivam. (MM)

domingo, 23 de setembro de 2012


MELHOR IDADE É A PUTA QUE PARIU!  
RUI CASTRO 
           
PRAZERES DA MELHOR IDADE

          (Melhor idade é a puta que pariu - a melhor idade é de 18 aos
40 anos...  )


         
A voz em Congonhas anunciou: "Clientes com necessidades
especiais, crianças de colo, melhor idade, gestantes e
portadores do cartão tal terão preferência etc.". Num rápido
exercício intelectual, concluí que, não tendo necessidades
especiais, nem sendo criança de colo, gestante ou portador do
dito cartão, só me restava a "melhor idade" - algo entre os 60
anos e a morte.
           Para os que ainda não chegaram a ela, "melhor idade" é quando
você pensa duas vezes antes de se abaixar para pegar o lápis
que deixou cair e, se ninguém estiver olhando, chuta-o para
debaixo da mesa. Ou, tendo atravessado a rua fora da faixa,
arrepende-se no meio do caminho porque o sinal abriu e agora
terá de correr para salvar a vida. Ou quando o singelo ato de
dar o laço no pé esquerdo do sapato equivale, segundo o João
Ubaldo Ribeiro, a uma modalidade olímpica.
           Privilégios da "melhor idade" são o ressecamento da pele, a
osteoporose, as placas de gordura no coração, a pressão
lembrando placar de basquete americano, a falência dos
neurônios, as baixas de visão e audição, a falta de ar, a queda
de cabelo, a tendência à obesidade e as disfunções sexuais. Ou
seja, nós, da "melhor idade", estamos com tudo, e os demais
podem ir lamber sabão.
           Outra característica da "melhor idade" é a disponibilidade de
seus membros para tomar as montanhas de Rivotril, Lexotan e
Frontal que seus médicos lhes receitam e depois não conseguem
retirar.
          Outro dia, bem cedo, um jovem casal cruzou comigo no Leblon.
Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca,
o rapaz perguntou: "Voltando da farra, Ruy?". Respondi,
eufórico: "Que nada! Estou voltando da farmácia!".

          E esta, de fato, é uma grande vantagem da "melhor idade": você
extrai prazer de qualquer lugar a que ainda consiga ir.
           Primeiro, a aposentadoria é pouca e você tem que continuar a
trabalhar para melhorar as coisas. Depois vem a condução.
          Você fica exposto no ponto do ônibus com o braço levantado
esperando que algum motorista de ônibus te dê uns 60 anos.
           Olha... a analise dele é rápida. Leva uns 20 metros e, quando
pára, tem a discussão se você tem mais de 60 ou não.
          No outro dia entrei no ônibus e fui dizendo:
          - "Sou deficiente".
          O motorista me olhou de cima em baixo e perguntou:
           - "Que deficiência você tem?"
          - "Sou broxa!"
          Ele deu uma gargalhada e eu entrei.
          Logo apareceu alguém para me indicar um remédio. Algumas
mulheres curiosas ficaram me olhando e rindo...
          Eu disse bem baixinho para uma delas:
           - "Uma mentirinha que me economizou R$ 3,00, não fica triste não"
          Bem... fui até a pedra do Arpoador ver o por do sol.
          Subi na pedra e pensei em cumprir a frase. Logicamente velho tem
mais dificuldade.

          Querem saber? Primeiro, tem sempre alguém que quer te ajudar a
subir: "Dá a mão aqui, senhor!!!"
          Hum, dá a mão é o cacete, penso, mas o que sai é um risinho meio
sem graça.
          Sentar na pedra e olhar a paisagem.
          É, mas a pedra é dura e velho já perdeu a bunda e quando senta
sente os ossos em cima da pedra, o que me faz ter que trocar de
posição a toda hora.
           Para ver a paisagem não pode deixar de levar os óculos se não,
nada vê.
          Resolvo ficar de pé para economizar os ossos da bunda e logo
passa um idiota e diz:
          - "O senhor está muito na beira pode ter uma tontura e cair."
           Resmungo entre dentes: ... "só se cair em cima da sua mãe"...
mas, dou um risinho e digo que esta tudo bem.
          Esta titica deste sol esta demorando a descer, então eu é que
vou descer, meus pés já estão doendo e o sol nada.
           Vou pensando - enquanto desço e o sol não - "Volto de metrô é
mais rápido..."
          Já no metrô, me encaminho para a roleta dos idosos, e lá esta um
puto de um guarda que fez curso, sei eu em que faculdade, que
tem um olho crítico de consegue saber a idade de todo mundo.
           Olha sério para mim, segura a roleta e diz:
          - "O senhor não tem 65 anos, tem que pagar a passagem."
          A esta altura do campeonato eu já me sinto com 90, mas quando
ele me reconhece mais moço, me irrompe um fio de alegria e vou
todo serelepe comprar o ingresso.
           Com os pés doendo fico em pé, já nem lembro do sol, se baixou
ou não dane-se. Só quero chegar em casa e tirar os sapatos...
          Lá estou eu mergulhado em meus profundos pensamentos, uma
ligeira dor de barriga se aconchega... Durante o trajeto não fui
suficientemente rápido para sentar nos lugares que esvaziavam...
           Desisti... lá pelo centro da cidade, eu me segurando, dei de
olhos com uma menina de uns 25 anos que me encarava... Me senti
o máximo.
          Me aprumei todo, estufei o peito, fiz força no braço para o
bíceps crescer e a pelanca ficar mais rígida, fiquei uns 3 dias
mais jovem.
           Quando já contente, pelo menos com o flerte, ela ameaçou falar
alguma coisa, meu coração palpitou.
          É agora...
          Joguei um olhar 32 (aquele olhar de Zé Bonitinho) ela pegou na
minha mão e disse:
          - "O senhor não quer sentar? Me parece tão cansado!"

           Melhor Idade??? Melhor idade é a puta que pariu!

ENQUANTO VOCÊ ESTIVER AQUI AO MEU LADO 
MILTON MACIEL
]


Eu abro os olhos para esta noite escura,
Que obscurece toda a minha alma crua.
Quero descrer, mas eis que existe nela, pura,
Toda essa luz que emana da presença sua.
Não há razão para ficar desesperado,
Enquanto você estiver aqui ao meu lado.

O que seria de mim, em minha faina dura,
Não existisse o nosso amor, que continua?
Se não valesse para nós a mesma jura,
Que nos uniu, como se unem Sol e Lua?
E sei que posso seguir sempre amparado,
Enquanto você estiver aqui ao meu lado.

O meu caminho seria apenas de amargura,
Minha alma como que a arrastar-se pela rua,
Não recebesse ela, de você, tanta ternura,
Que a reanima, toda vez que ela recua.
E acho alegria, porque sei que sou amado,
Enquanto você estiver aqui ao meu lado.




sexta-feira, 21 de setembro de 2012


CHEGUEI EXAUSTO  
MILTON MACIEL

Cheguei exausto, quando a luz da Lua
Se esparramava sobre a terra nua,
Mostrando, negro, o meu ressentimento.
Guardando, preso, o som do meu lamento
E o peso incrível desta ausência tua.

Cheguei derreado, triste, derrotado,
Mal conformado com meu duro fado:
O ter perdido tua presença amiga,
O ter morrido, em ti, a paixão antiga,
Enquanto eu sigo o mesmo apaixonado.

Cheguei, mas antes não tivesse vindo,
Pois aqui sinto o quanto que é infindo
O frio deserto desta tua ausência.
E, em desespero, rogo a Deus clemência:
O frio da morte sobre mim caindo.

Cheguei, mas só para arrastar, sozinho,
Por frias lages, que já foram ninho
De amor, de fé e de contentamento,
O fardo cruento deste meu lamento:
Eis que da rosa... só restou o espinho.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012


HERÓI  FARRAPO     
MILTON MACIEL

Levei pontaço de lança,
Quatro tiros de fuzil,
Enquanto estava lutando
Pra transformar o Brasil.
Passei fome e muito frio;
Era na chuva e no estio,
Pelas coxilhas sangrando,
A minha vida ofertando
Pro sonho republicano.
Lutando ano após ano,
Resistindo aos atropelos,
Pelo pampa e na coxilha.
Por ter um filho e uma filha,
Foi pensando em defendê-los
Que fui herói farroupilha.

Lutei no campo e na serra,
Lutei no mar e na terra.
Lutei no forte e na ilha.
Com Garibaldi em Laguna,
Fui marinheiro de escuna.
Com o Neto eu fui lanceiro,
Com Bento fui fuzileiro,
A guerra, minha tribuna.
Cruzei espada e facão,
Na baioneta ou na mão,
Nunca refuguei combate!
Gaúcho bom não se abate
Por mais que esteja ferido.
Pelo Rio Grande querido
Entrega o corpo e a alma.
Mesmo ante a morte tem calma,
Não se assusta nem baqueia.
Entende que é mesmo assim,
Pois sabe que, até o fim,
Não tá morto quem peleia!


20 DE SETEMBRO  
MILTON MACIEL

terça-feira, 18 de setembro de 2012

EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS EM PORTUGUÊS
MILTON MACIEL

O pai mandou o filho de 10 anos procurar por um vizinho. A esposa dele atendeu e disse:

Ele não se encontra, deve estar matando tempo por aí, enchendo lingüiça, como se a vida fosse um mar de rosas.  Mas é um cabeça-dura, se quer algo mesmo, aí vai de Ceca a Meca até conseguir. Só que anda sempre com a corda no pescoço, fazendo coisas sem pé nem cabeça, que até Deus duvida. E a gente é que paga o pato. Mas agora ele botou as barbas de molho, pediu ajuda, entendeu que uma mão lava a outra.  Anda mais paciente, não se importa de tomar chá de cadeira, de ficar engolindo sapo. Só que às vezes ainda fica fora de si e, nessas horas costuma abrir o jogo, sem fazer rodeios, é um sai de baixo. Ele é atrapalhado, vive trocando as bolas, mas logo, logo está pendurando a chuteira. Uma vez ele foi tirar a água do joelho em plena rua, imagine! Aí um cara não gostou, acabou quebrando o maior pau e ele entrou pelo cano.


Pois é: ponha-se no lugar da criança e considere se o que a mulher falou não é uma coisa de gente doida! O menino voltou para casa e foi falando ao pai o que entendeu daquela conversa maluca toda:

Pai, o seu Otávio está viajando, vai de Ceca para Meca, pelo mar cor de rosa, mas está perdido, ele não se encontra. Parece que antes ele não foi no rodeio porque teve que abrir um jogo. Caiu molho na barba dele, e aí ele ficou fora dele mesmo, por isso é que não se encontra também. Ele foi ver se conseguia matar o tempo a cabeçadas, com a cabeça dura dele. Mas quase ficou sem essa cabeça (e o pé), porque estavam puxando uma corda no pescoço dele. Acho que ele anda doente, porque anda tomando chá de cadeira. Ele gosta de comer sapo e pato, que ele compra, mas é a mulher dele que tem que pagar o pato. Ele joga futebol, mas não gosta das bolas, vive trocando e tem a mania de pendurar as chuteiras no vestiário. E ele tem problema de água no joelho, não pode jogar muito, não sai de baixo e usa uma mão para lavar a outra. Uma vez quebrou um pau por onde ele estava passando e ele caiu dentro de um cano grandão. Acho que é isso. Ah, e ela disse que Deus anda com dúvidas, mas eu não entendi bem por que... (MM)


PERDÃO  
MILTON MACIEL




segunda-feira, 17 de setembro de 2012


ONOFRE E O NORDESTINO  
MILTON  MACIEL


Pois foi num dia de faina qualquer, quando havia uma carga de lã recém-enfardada para mandar da fazenda para a cooperativa. Às duas da tarde encostou o caminhão de Juvenal Paraná, que era quem normalmente fazia esse tipo de serviço. Só que, desta vez, ele tinha mandado seu novo ajudante para se entender com o Onofre e levar a carga.

O homem era novo por ali: trigueiro, de baixa estatura, cabelo meio sarará. Apeou da boléia e estendeu a mão. Onofre quase lhe tritura todos os ossos no aperto:

– Buenas, tchê! Mas que que tu tá fazendo no caminhão do Juvenal, índio velho?

– Ó xente!  Sô índio não, só pareço. E sô velho não, seu moço. Sô moço!  Eu sô é caboclo dos bom do meu Cariri, no Ceará. Aquele cabra da peste do Juvenal me mandô aqui por causa di que ele foi prum baticum que vai tê num casório, dizque é um tal de Pedrão qui casa mais uma Maria. Dizque vão balançá a tanajura tumbém.

Onofre não entendeu quase nada daquela língua estrangeira, do tal país chamado Cariri. E pediu imediata presença de compadre Gaudêncio, com quem foi se aconselhar em particular, deixando o homem do caminhão na espera.

– Me diz, cumpadre, como é qui eu vou me entendê com esse baixinho que é estrangero e fala outra língua, parecida só um poco com a nossa?

– O home é de fora, é, cumpadre?

– Pois é como le digo. Fala esquisito como só. Disse que o Juvenal tá com uma cabra que pegô peste. Mas eu só queria sabê onde é que existe cabra aqui na Campanha. Aqui nós só temo gado e ovelha, nunca que tem cabra. Pelo menos aqui em Santana do Livramento eu nunca que vi uma cabra.

– Nunca que tem! E essa cabra pegô peste, cumpadre?

– Pois foi o que o homezinho disse. Começa que o índio velho disse que não é índio nem velho e depois me chamô de moço – se é que eu entendi o idioma dele. Ora, que ele não é bugre qualqué um tá vendo, não sei porque ele fala essas bobage.

– E que otra coisa esquisita que ele falô, cumpadre?

– Bueno, ele disse que ia tê um tal de bate cu num tal de casório, que é casamento, todo mundo sabe. Mas é esquisito ele contá essas coisa das intimidade dos otro que arrecém tão se casando, não acha, cumpadre? Pelo que eu entendi, dizque é o Pedrão que vai fazê isso com uma tal de Maria.

– Barbaridade, cumpadre! Que eles faça o que quisé não é da conta de ninguém, pra isso eles tá se casando. Mas também saí contando pra todo mundo... que o noivo vai bate o negócio dela... Francamente!...

– Bueno, mas vamo vê se o cumpadre me ajuda a entendê a língua dele, que temo que subi a lã pro caminhão ainda cedo.

E dirigiram-se, juntos, para o motorista:

– Bueno, tchê, tá pronto prá subi as lã?

– Eitcha, num mi dissero que a lã ia subi di preço, não. Mai num faiz mal, essa coisa di preço é lá cum o cabra da molesta do Juvenal.

– Mas bah, cumpadre, taí ele falando de novo na tal da cabra doente do Juvenal. E que nós temo com isso? Ele que mande curá as bichera dela, ora!

– Bueno, vamo mandá carregá os fardo, entonces?

– Ah, carregá nós pode começa é já, não pricisava cercá lourenço, seu minino, falasse logo.

– Olha só, cumpadre: chamo mecê de menino. Vai vê pensa que tu é um piá de bosta qualqué. Acho que vô sentá o relho nesse desaforado.

– Calma, cumpadre Onofre, que nós precisa do frete desse índio velho. E ele disse que nós tava cercando um tal de Lourenço, ou entendi errado?

– Arre égua, mai eu já num disse qui não sô índio? E tumbém não só velho, só tenho trinta e oito ano. E cercá lourenço qué dizê arrudiá, fica dando vorta no assunto, sem i direto nele.

– Arreá uma égua?! Mas o índio tá loco, onde é que tu tá vendo égua por aqui pra botá os arreio, animal?

– Num tem qui arreá nada, que presepada é essa? Afinar, ocês qué qui eu leve a carga o não? Ocês decidi. Inquanto isso, me diz donde qui tem uma casinha, mode eu dá uma barrigada.

Os dois gaúchos velhos se entreolharam surpresos, não estavam entendendo nada, mas nada mesmo.

– Tu qué dá uma barrigada? Mas isso só se pulá de mau jeito na água do arroio. O é otra cosa?

– Não, dá uma barrigada é cumparecê na casinha, arriá as carça e se livrá do barrinho, entendeu?

– Ah, bueno, tchê, se tu ta querendo aliviá os intestino, vai ali atrás daquelas macega, tá vendo? Ali é que nós alivia quando tá longe de casa como aqui.

– Danou-se! E tem papel, pelo menos, ói qui eu já to ficando avexado.

– Home que é home não tem vergonha de cagá, tchê!

– Tá bestando, homi? Avexado qué dizê qui to cum pressa, não cum vexame.

– Ah, Bueno, entonces vai lá e usa as macega mesmo para se limpá, é como nós fazemo aqui, não cai pedaço. Home que é macho não usa essas coisinha de papel, isso é frescura, tchê!

– Tá bom, dexa eu corrê qui tá mal agora. Foi aquele sarapatel com jerimum mais beiju sarolho. Vô ali atrás dos pé de pau e uso as folha das planta mesmo, as tal de macega, é isso?

– Isso mesmo, índio velho. Tu entendeu o tá se fazendo de chancho rengo?

O Cearense também não entendeu nada, mais saiu na carreira para o meio das macegas. Aí os dois amigos ficaram comentando:

– Bueno, eu já tava começando a ficá buzina com esse chiru. Até parece que tá entropigaitado. O tu acha que ele tá se fazendo de chancho rengo?

– Chancho rengo? Se fazendo de bobo? Acho que não, cumpadre, acho que,se a gente não entende direito o idioma dele, ele também pode não entender o nosso. Acho que é isso. A gente precisava de um intérprete.

– Cuê-pucha, cumpadre! Que que é isso que tu falô, esse tal de ... intérprete?

– Bueno, cumpadre, é um turuna que sabe falá os nosso dois idioma, o do Rio Grande e o do tal de Cariri, que é o país dele.

– E onde a gente vai achar um taura assim? Tem idéia?

– Bueno, só se a gente esperá o Juvenal voltá notro dia, afinal o bagual aí trabalha pra ele, não é mesmo? Mas hoje é o tal do bate cu do casório e a essa altura aquele paranaense já boquejô, e já caturritô tudo o que podia e deve de tá bebendo tudo que é canha que encontra pela frente. Já deve de tá borracho, com certeza.

– Pues, sabe que tu tá certo, cumpadre. É isso mesmo. Quando o baixote vier aliviado pra cá, a gente desconversa, diz para esse cuiudo voltá outro dia com o Juvenal e fica o dito pelo não dito. É claro que o Juvenal, mui ambicionero, vem amanhã sem falta pra pegá a carga. E aí ele explica pra nós o que esse azonzado, esse aplastado, tá querendo dizê quando fala essa língua estranha dele. Agora, pensando bem, será que ele não tá é borracho? Tu sabe, um maula emborrachado fala tudo trocado, troca os pé pelas mão.

Nesse momento o ajudante de Juvenal, com cara de alivio e beatitude, estava de volta.

Compadre Gaudêncio perguntou direto, sem frescura:

– Escuta, tchê, tu não tá emborrachado, não?

– Emborrachado? Mai cuma? Cumo é qui eu havia di tá emborrachado, si nem passei em posto o borracharia no caminho pra cá?

Onofre fez o clássico sinal de jogar bebida na goela e completou:

– Borracho, tchê, fica o índio depois que toma um monte de canha.

– Ah, oceis qué sabê foi si eu tô chei dos pau, de cara cheia de cachaça, é isso? Si eu bebi muita pinga no caminho? Se oriente, homi, qui eu bebi fui um nadica di nada, só tava com uma fome de lascá o cano, comi fui muito daquele sarapatel, que ficô agora nas macega de oceis. Oceis tão me fazendo é ri, e um muito! Acho qui vou quebrá a tripa gaiteira. Ha, ha, ha...

E, de fato, o cearense dobrou-se de tanto rir, quebrou mesmo a tripa gaiteira, soltou uma solerte gaitada.

– Barbaridade, cumpadre, o homezinho tá tendo um ataque de riso. Se tá rindo da gente, vamo cagá ele a pau, dá-le uma sumanta de laço, é falta de respeito.

– Deixa disso, cumpadre Onofre, o home até que é boa gente, ele tá rindo é do rumo da nossa conversa, que a gente não entende a língua dele nem ele a nossa. A regra de hospitalidade manda a gente tratá bem os estrangero que chega na nossa terra, não é mesmo? Pois então, vamo pedi pra ele voltá otra hora com o Juvenal e vamo oferecê umas canha, um amargo e um churraco pra ele, o que que o cumpadre acha?

- Bueno, acho que o cumpadre tem razão. Vamo isquecê essa trapalhada toda, mas vamo convidá ele pra mateá e pra churrasqueá com a gente um otro dia, quando o Juvenal pode fazê o trabalho do tal de intérprete, tá certo assim?

– Macanudo, cumpadre Onofre. Vamo falá pro home então.

E foi assim que falhou a primeira tentativa de aproximação entre as culturas de Santana do Livramento e do Cariri cearense. Por culpa das óbvias barreiras intransponíveis entre os dois idiomas pátrios.

Não há como não vir à nossa memória o trabalho pioneiro de aproximação dos povos, desempenhado, um dia, pelos irmãos Vilas Boas, no Xingu...


domingo, 16 de setembro de 2012


CHAPEUZINHO VERMELHO E O LOBO MAU REVISITADOS                       
 (Leitura para adultos: criança não vai gostar)
MILTON MACIEL  

A história de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau acabou ficando muito mal contada. Compreende-se: como foi preciso adaptá-la para as crianças, mistér foi retirar dela todos os elementos mais cruentos.

Uma revisão se impõe para a leitura adulta, no entanto, que restabeleça a justiça e traga a verdadeira história do lobo mau. A realidade é que esse tarado de fato comeu a vovozinha, mas só porque ela deu mole e ele estava num atraso de dar gosto, não encarava uma loba há meses. A velha também, há anos só na saudade do falecido, já meio esquecida da doce arte, as teias de aranha grassando abundantes, quando viu aquele lobão enorme deitando nela olhares de lobo mau, não teve dúvida: Vem cá garotão! E rolou o maior agito entre os dois. Sexo selvagem no duro, literalmente.

Só não foi ainda mais sensacional porque, no terceiro repeteco, a chata da netinha chegou, com um ridículo cestinho de doces e uma garrafinha de suco de uva. Nessa hora a velha e o lobo já estavam na terceira garrafa de vodca. Aí o lobo escafedeu-se para baixo da cama, a vovozona se recompôs e a Chapeuzinho (assim chamada porque a mãe a usava para aumentar o faturamento familiar pedindo esmolas nos sinais da cidade, correndo um chapeuzinho vermelho entre os motoristas) proferiu as hoje tão famosas perguntas:

 – Pra que essas orelhas tão grandes? Pra que esses olhos tão grandes? Pra que essesdentes tão grandes? Uma chata, uma abestada!

A velha, cheia de vodca, emputeceu! Começou a xingar Chapeuzinho aos berros, afinal os olhos e as orelhas eram da avó mesma, a velha era feia pra burro, pô!

Já os dentes eram de fato enormes, mas estavam no copo ao lado da cama, o lobo ficou com medo e exigiu que a vovó tirasse a dentadura quando começaram a rolar os primeiros beijos de língua.

Chapeuzinho ficou assustada com os gritos histéricos da velha e começou a chorar. Aí o lobo saiu de baixo da cama, com dó da menina, e resolveu consolá-la. A velha era tão feia que o lobo, perto dela, parecia um cordeirinho. Por isso a menina não se assustou com o lobo. Este então a levou para a varanda na frente da casa, sentou na cadeira de balanço da vovó, botou a menina no colo e começou a fazer carinho para acalmá-la. Foi quando passou por ali o caçador.

A garota já tinha uns quinze anos e era escolada dos sinais da cidade. Quando viu o caçador, que na verdade era o segundo dos cinco ex-maridos da vovozona, pensou logo em armar pra cima do lobo, pra tirar alguma vantagem. Saltou do colo e correu para o caçador, dando a entender que o lobo estava abusando dela. Aí o caçador se indignou e passou fogo no coitado do lobo.

Aqui é necessário comentar duas coisas. A primeira é que o caçador já vinha todo manguaçado da floresta, bebera todas na birosca dos Três Porquinhos. Por isso, sorte do lobo apavorado, errou todos os dois tiros que desferiu. Todos não, o segundo atingiu em cheio o copo com a dentadura da velha, estilhaçou os dentes, foi um estrago, a velha está desdentada até hoje.

A segunda é que a ira do caçador nada tinha a ver com a pretensa acusação de pedofilia que a mau caráter da Chapeuzinho insinuara contra o coitado do Lobo (que de Mau só tinha o sobrenome, corruptela de pronúncia, por parte daqueles caipiras rastaqüeras do lugar, do ilustre nome da família germânica de que ele descendia, os Maals de Nüremberg).

O furor do caçador veio de sua paixão incontida pelo Lobo, pelo qual há muito nutria um cego e não-correspondido amor. Em resumo, os tiros saíram do cano da carabina impulsionados por uma mistura de cachaça, rejeição, ciúmes do Lobo com Chapeuzinho e dor de corno.

Quanto ao Lobo Maals, teve que se esconder. Não por causa do caçador que, sóbrio, era uma moça em todos os sentidos. Nem por causa do pretenso caso de pedofilia, pois os moradores conheciam de sobra o bom caráter do Lobo e o caráter duvidoso de Chapeuzinho. O problema do Lobo foi a Vovó. A velha deu para persegui-lo, faminta, na base do quero mais, quero mais, desesperada. Aí ele teve que sumir por uns tempos. Deram-lhe guarida os Três Porquinhos, no imóvel que tinham na beira da cidade, à entrada floresta, onde exploravam o lenocínio, o jogo de azar e a venda de bebidas alcoólicas e armas de fogo. Mas isso já é história para outro conto. (MM)

Miami, Fev 17 2012

sábado, 15 de setembro de 2012


AEROPORTO DE CONGONHAS
MILTON MACIEL

Há pessoas bonitas, estranhas, medonhas,

Aqui no aeroporto cordial de Congonhas.

Há caras alegres e há caras tristonhas,

E as dissimuladas, que ocultam vergonhas.

Há muitas que, vê-se, destilam peçonha

E outras com jeito que fumam maconha.

E assim, cada qual com sua carantonha,

É a população que circula em Congonhas.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

UMA ALIMENTAÇÃO IRRACIONAL, ASSASSINA E SUICIDA
MILTON  MACIEL  

NEM SÓ O PEIXE MORRE PELA BOCA - Você, também  
MILTON  MACIEL  

NOSSA ALIMENTAÇÃO SUICIDA
MILTON MACIEL


O JOVEM RICO (humor)
MILTON MACIEL

Vejam só no que dá extirpar-se de uma frase uma simples palavrinha de duas letras:

Vou exemplificar com meu amigo Shaul, que hoje é riquíssimo proprietário de uma rede de barracas nos templos mais importantes aqui da Terra Santa, com autorização tanto de Herodes como de Pilatos, que lhe cobram bons tributos – e que ele tenta não pagar, na medida do possível.

Na verdade, o Shaul, que já era um jovem razoavelmente rico de berço, entusiasmou-se muito quando soube do Mestre nazareno Jesus.

Shaul encheu-se de ânimo santo e resolveu evoluir espiritualmente. Assim procurou o Mestre e lhe perguntou o que devia fazer para ganhar a vida eterna. O Mestre lhe respondeu, em última análise:

"... Vai, vende tudo que tens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; então vem e segue-me".

Mas meu amigo Shaul era um homem de vendas, um homem do mercado, não gostou nem um pouquinho da palavra “dá”. Ficou um tanto chateado, viu que não ia dar para seguir o Mestre. Tampouco se interessou por ter um tesouro no céu. Queria um tesouro era aqui na Terra mesmo.  Mas levou a sério uma parte das palavras ouvidas, tratando, no entanto, de extirpar dali a palavrinha de duas letra “dá”. Então Shaul retrabalhou a frase que ouvira e, para ele, a coisa ficou assim:

“... Vai, vende tudo o que tens aos pobres e terás um tesouro.”

Ah, agora sim! Agora a frase estava do jeito que ele gostava!

E foi isso o que Shaul fez. Foi e vendeu tudo o que tinha aos pobres, que ficaram assim um pouco mais pobres, mas deixaram o Shaul muito mais rico e com mais capital para comprar mais coisas para vender aos pobres. Vai daí que ele, muito criativo, inventou uma coisa diferente, um sistema de carnês, através dos quais os pobres pagavam a prestações, durante vários meses, muito antes de receber, por um monte de bugigangas de que não precisavam.

Shaul denominou seu sistema de barracas nos Templos de “Arca da Felicidade”. Enriqueceu muito. Aos Domingos, ia sempre ao pátio de um grande templo e passava a tarde inteira falando e apresentando saltimbancos, para atrair o povo e conseguir mais compradores.

Quanto à idéia de seguir o Mestre, isso é hoje coisa mais do que esquecida.

E tudo por causa de uma palavrinha retirada de uma frase!...



SECRETO DE  MATRIMÓNIO

MILTON MACIEL
(Categoría: Poemas en español)

Oiga, amigo, escúcheme :
Días mejores vendrán
Si usted trata a su mujer,
Con el cariño de ayer,
Y la misma devoción,
Respeto y admiración,
Del tiempo de enamorado.
No se engañe, es muy errado
Creerse uno absoluto,
Muy altivo, muy astuto
Y el señor de la verdad.

Ser macho no es ser tirano,
Si no que es ser soberano
Sobre su propia conciencia
Y actuar con serenidad.
Sepa usted que es un error
Ser grosero, ignorante,
Imponerse por temor
Y tener poca paciencia.

Si usted quiere ser feliz,
Trátele bien a su esposa,
Que el candor de una rosa
Le trajo un día a su vida.
Sepa verla siempre hermosa,
Afuera de su apariencia,
Que la edad modificó.
Por que el tiempo transformó
También la suya, paisano!
  
No acredite en chismoseadas
Ni se vuelva sospechoso.
Y no crea que dar patadas
Le hace más respetuoso.
Si es respeto que usted quiere,
Sepa hacerse respetar.
Y eso no es intimidar,
Si no que es hacerse humano,
Tolerante y comprensivo.
Y mantenerse cautivo
De la amistad solamente.

Clearwater

JULIANO MACIEL
Take away this fire of hatred
from the chest of mine,
then quench this hellfire on the
cold waters of the heart thine.

Let me drink the gulp of life
from the heart thine;
The goblet of life of fleshy alloy
turn over to the mouth of mine.

Pour the content of your heart,
let it flow from the chest thine,
this brief flood may water
the dryness, the chest of mine.

So let it flow, this water of life,
laked on the heart thine,
either water me briefly, my thirst,
or drown the being of mine.
http://eskideletras.blogspot.com.br/ 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012


A MÉTRICA DO DESESPERO

MILTON MACIEL

A métrica do desespero enche a noite vazia...
Fria
penetra-a, com seus versos de pé quebrado.
Fado,
e enfado, dura sina, vaticínio e danação,
Vão
gemido, desprovido de sentido, vazio ai.
Vai
no escuro, olho duro, congelante, de medusa.
Musa
lesa da tristeza, destroçando o frio espaço
Aço
frio de suas garras nos rasgando o coração.
Tão
temível pelo nível da angústia que provoca
Toca,
fere, gela, rompe, aniquila e desfigura.
Dura,
tétrica, torpe métrica, desespero tão cruel
Fel
amargo, tardio fardo, lasso passo, desalento,
Lento
avanço, que enche e assola a noite fria.
E a esvazia. (MM)
Miami, Fev 07 2012