OS PRINCÍPIOS DA PROSPERIDADE DE HENRY FORD
MILTON MACIEL
Milton Maciel – SOLOVIVO – 2000)
Vamos retornar ao homem mais rico do mundo
no seu tempo, Henry Ford, e aprender um pouco mais com ele. Seus princípios básicos
de prosperidade se prendem a considerar que qualquer negócio, qualquer empresa,
tem sempre somente QUATRO SÓCIOS. Não
importa se você tem um negócio individual, uma empresa com um sócio ou preside
a holding de um grupo empresarial com 16 sociedades anônimas.
Eles são, por ordem de importância:
1)
O consumidor. Ele é o sócio mais
importante, pois sem ele simplesmente não existem negócios. Como sócio, deve
receber sua parte nos lucros na forma de produtos cada vez melhores e preços casa vez menores.
Ford o disse e o fez. Quando começou a fabricar carros, o automóvel era um item
de luxo, encomendado à oficina fabricante, com requintes e detalhes
absolutamente individuais. Custava milhares de dólares (do início do século!).
Poucos anos depois, inventada por ele a linha de montagem em série, o Ford
modelo T chegava ao consumidor ao preço de 475 dólares! E podia ser “de qualquer cor que o cliente quisesse, desde que fosse preto”.
2)
O trabalhador. Ele vem logo a seguir,
pois sem ele não haverá a possibilidade de produzir o bem ou prestar o serviço.
Como sócio fundamental, deve receber sua parte nos lucros na forma de salários
cada vez maiores, possibilidades de
progresso de carreira sempre
crescentes e ambiente e maquinário de trabalho cada vez mais perfeitos.
3)
A natureza. Ela também é um sócio
importante do negó-cio, pois é ela que fornece os recursos (a energia e os
materiais) que permitem a elaboração dos bens.
Como um sócio fundamental, a
Natureza deve receber sua parte nos lucros do negócio na forma de exploração
cada vez mais racional, minimização do consumo de recursos, reciclagem
de todos os materiais e preservação
a qualquer custo. Imagine isso falado
por um grande industrial nos anos 20! Quando ninguém se importava com não
poluir, Ford gastou milhares de dólares para desviar um rio, que passava por
dentro da área de uma aciaria cujo controle acabara de adquirir. Considerada
uma excentricidade por todos, essa operação acabou com a poluição do rio por
resíduos tóxicos e por sobras de carvão.
4)
O Capital. É também um sócio
fundamental, pois sem ele não é possível buscar e transformar os recursos da
natureza, para servir o consumidor. Mas, em ordem de importância, ele vem em
último lugar pois, sem os outros três, sua existência carece de significado
para os negócios. Como sócio deve receber sua parte nos lucros na forma de
dividendos cada vez menores, sobre
negócios que devem se tornar cada vez maiores.
Isso somente se o Capital se mostrar um administrador responsável e eficiente
do negócio. Caso contrário, não pode
tirar dividendo algum!
Foi exatamente o que Ford fez. Todo o seu patrimônio se constituía de
ações das dezenas de companhias Ford que possuía, sempre tendo o controle
acionário total. Isso porque não aceitava ter como sócios pessoas que apenas
quisessem ganhar dinheiro pois, segundo ele, essa pessoas distorcem a real
finalidade do negócio, que é produzir bens, pagar salários, distribuir riqueza
e criar condições de auto-sustentabilidade. Ford dizia:
“Meu dinheiro não é meu dinheiro; ele apenas
passa por mim, para que eu o administre e o reinvista, de forma a produzir a
maior quantidade de bens e de felicidade para todos. Nunca fiz negócios visando
apenas ganhar mais dinheiro. Por isso sempre ganhei cada vez mais dinheiro, que
tratei de reinvestir o mais judiciosamente possível nos negócios. O dinheiro
não pode ser um fim em si mesmo, quando é apenas um dos meios dos negócios.
Dinheiro é uma forma de energia e como tal deve ser tratado. E energia serve
para produzir trabalho.”
Fenomenal! Que lucidez, como este homem esteve à frente do seu tempo!
Chocava com suas idéias discordantes para a época. Para dar um exemplo disso,
basta lembrar que incentivava as publicações a respeito de sua crença na
reencarnação e no espiritualismo, numa época em que a sociedade protestante
norte-americana se horrorizava com tais idéias orientais e perseguia os que
ousavam defendê-las.
Mas foram suas idéias discordantes, que Ford implantou com tenacidade
inquebrantável, que permitiram a transformação da sociedade industrial. Não foi
à-toa que outro gênio, o escritor inglês Aldous Huxley o colocou como uma espécie
de Avatar da Nova Era no seu incrível “O Admirável Mundo Novo”. Nele os felizes
habitantes do século 22 faziam um culto religioso ao redor de uma relíquia
sagrada, um automóvel Ford modelo T do século 20. Ao invés de invocar Our Lord (Nosso Senhor), diziam Our Ford e seu sinal cabalístico não era
mais o da cruz, mas um T, do Ford modelo T. Ironias à parte, a homenagem foi
justa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário