sexta-feira, 22 de março de 2013

O CERCO – 32   Novela histórica  
MILTON  MACIEL   
A SEGUNDA BATALHA DA PONTE. 
E o “Lago”, mais uma vez

Nenhum deles foi atingido! Nenhum civil foi alvo fácil para as flechas dos hunos, que se concentraram na área demarcada pelas tochas encravadas no leito da estrada.

Quando o grande alarido do ataque dos cavaleiros de Alana se fez ouvir, os operários da ponte foram, por sua vez, envolvidos subitamente por uma massa de mais de 500 homens armados, todos francos evidentemente, que pareciam ter surgido do nada. Os operários na ponte eram apenas uns 60 coitados, carpinteiros e ajudantes, grande parte deles gépides e, não, hunos.

Vérica falou a Meroveu que eles não deveriam ser mortos, o que seria um ato de crueldade e covardia. Eram apenas homens desarmados. De mais a mais, precisavam que alguém fosse contar ao grosso da tropa, acampada a seis quilômetros dali, o que tinha acontecido, para atrair esses hunos para o “lago”, ainda de noite.

Então mandaram os homens montarem 60 cavalos, dos 200 que os cavaleiros abatidos tinham deixado ali e irem embora para o sul, juntar-se aos seus. Os pobres operários mal podiam acreditar que estavam sendo poupados. E saíram tão depressa quanto puderam, a galope, ainda com medo de serem atingidos pelas costas por uma saraivada de flechas. No caminho, iluminados por um estranho grupo de tochas fincadas na areia da estrada, viram o dantesco quadro dos corpos dos hunos abatidos pelos visigodos.

Enquanto isso, sem ter que se preocupar com tempo, Vérica e seu grupo de cavaleiros descarregaram seus barris de óleo combustível e começaram, à luz das mesmas tochas que os operários estavam usando há pouco, o meticuloso trabalho de espalhar combustível sobre e embaixo das grandes toras já colocadas na ponte. Tiveram o cuidado de fazer o mesmo com os três enormes montes de troncos que aguardavam, empilhados, o momento de serem utilizados na construção. E ficaram felizes ao constatar que o grupo de operários tinha bastante óleo estocado para suas tochas ali na ponte, uma vez que iriam trabalhar de noite também. Usaram o óleo dos próprios hunos e puderam, assim, poupar bastante do seu, levando-o de volta para a fortaleza.

Ao cabo de dez minutos, estava tudo pronto. Então Vérica começou a fazer a mistura final dos dois ingredientes do fogo grego e, após mais cinco minutos, aplicado esse material pronto em pontos estratégicos da estrutura e das pilhas, jogou na ponte uma flecha incendiária comum. Alguns estampidos foram ouvidos e, a seguir, as chamas começaram a subir cada vez mais alto. Todo o trabalho dos hunos estava a caminho da total destruição.

Enquanto isso, os civis já tinham encetado a caminhada de volta, pelo mesmo caminho por onde vieram, usando agora, cada um, a outra tocha que tinham trazido consigo, para iluminar abundantemente um caminho que já era o mais fácil de todos.  E os cavaleiros de Alana formavam, montados, o grupo que iria atrair os cavaleiros hunos, que não deveriam tardar a chegar, para a escura armadilha do “lago” Châlons. Os 540 homens de infantaria dos francos já haviam encetado também sua marcha, para as bordas do pantanal, onde iriam esperar pelos hunos.

Evidentemente, bem antes que os 60 operários da ponte, montados em cavalos, chegassem ao acampamento do grosso da cavalaria huna, as sentinelas ali já tinham percebido a luz e as altas línguas de fogo que subiam ao céu na direção da ponte. Correram a comunicar o fato aos chefes, acordando-os no meio da noite. Mas a conclusão a que os homens mal-despertos chegaram foi muito diferente: Ora, era evidente que os arqueiros que estavam na ponte tinham resolvido atacar a fortaleza dos francos com flechas incendiárias e agora os malditos pesteados estavam ardendo em chamas dentro do seu próprio sarcófago.

Uma boa idéia, sem duvida, se bem que muito arriscada. Queimavam os doentes e se livravam do perigo da doença. Mas, por chegarem tão perto da fortaleza, poderiam alguns dos homens ter contraído a peste. Como eram só duzentos homens, deliberaram os sonolentos chefes, seria mais seguro na manhã seguinte, quando chegassem à ponte, ordenar que aqueles duzentos homens fossem embora pelo rio e não ousassem nunca mais se aproximar. Seriam facilmente substituídos. E teriam prestado o grande benefício de eliminar a peste da região da ponte. Átila adoraria essa novidade, mandariam um mensageiro à primeira hora da manhã.

Mas a paz de espírito dos chefes do acampamento durou apenas alguns minutos mais. Mais exatamente até chegarem os operários montados. Então tudo desmoronou e os chefes tiveram não só que despertar completamente, como fazer acordar todo mundo a toque de caixa e fazer todos os soldados montarem, armados para combate. Precisavam correr para a ponte e expulsar ou matar os francos atacantes, de tal forma que ainda pudessem apagar o incêndio e salvar a ponte e as grandes toras de madeira, tão arduamente conquistadas à floresta.

Saíram de qualquer jeito, aos magotes, desorganizados, a única coisa de importância sendo chegar o mais breve possível à ponte e tratar de salvá-la da destruição. Mas lembraram-se de levar o maior número de baldes que puderam arranjar no acampamento.
Os operários foram intimados a voltar imediatamente com o regimento, precisariam deles para continuar a construção da ponte.

Dessa forma, em poucos minutos, os seis quilômetros foram vencidos e uma impressionante massa de quase 4 800 cavaleiros chegou à região da ponte, cavalgando pela Via Agripa dentro da noite escura. O barulho dos cascos dos milhares de animais no leito da estada era assustador e a nuvem de poeira que eles levantavam mais parecia uma tempestade de areia. Antes tiveram que passar, pisoteando-os, pelos corpos dos 200 homens de armas que tinham deixado para carregar troncos e fazer a segurança da ponte durante a noite.

Os primeiros a chegarem à ponte receberam ordens de desmontar a correr, com os baldes, para o rio, de forma que, formando correntes humanas, pudessem apagar rapidamente o fogo nas madeiras já instaladas na ponte, as quais tinham prioridade, evidentemente. Mas aí aconteceu um coisa que os hunos não conseguiram entender e explicar de forma alguma.

Em alguns lugares da ponte, a água jogada em rápida seqüência conseguia extinguir as chamas. Mas em outros, inexplicavelmente, cada vez que jogavam água, ocorria uma espécie de explosão, um chiado e as chamas de erguiam rápidas, de mistura com uma luz branco-esverdeada inexplicável. E essas chamas incontroláveis voltavam a animar áreas de fogo que tinham sido aparentemente extintas. Depois de algum tempo, os hunos entenderam, perplexos, que jogando água naquele fogo de cor diferente, ele só aumentava e se multiplicava. Que mágica seria aquela. Será que os francos tinham feiticeiros poderosos com eles? Essa era a única explicação aceitável, por que não era possível existir um fogo que não pudesse ser apagado com água.

Mas existia. E desde a antiguidade, quando os gregos começaram a usá-lo em suas batalhas navais. No que foram sucedidos pelos bizantinos, séculos depois. Esse segredo chegou como conhecimento iniciático às sacerdotisas da grande Deusa. Só elas sabiam, na atualidade, preparar o estranhíssimo fogo-grego. O único fogo, no mundo, que não se apaga com água, que a água só faz multiplicar – pois ela reage com um dos componentes da fórmula e o faz inflamar-se violentamente, ateando fogo ao que estiver ao redor.

E isso estava acontecendo agora com as toras da ponte. A luta continuou por um bom pedaço de noite, mas os hunos acabaram tendo que desistir. Chegou um ponto em que a ponte virou, toda ela, uma gigantesca fogueira de muitos metros de altura. E o mesmo aconteceu com as três pilhas de toras cortadas e transportadas até ali com tanta dificuldade por centenas de homens durante o dia. Todo o trabalho estava perdido!

E, com toda certeza, não haveria tempo hábil para se fazer tudo de novo. Ao que tudo indicava, a batalha contra os romanos e seus aliados era agora inevitável e se daria exatamente ali onde estavam, nos Campos Catalaúnicos, à beira do rio Marne, em Châlons. Era preciso mandar realmente um emissário muito veloz para Átila, só que a notícia, ao invés de ser sobre a agradável queima da fortaleza dos francos pesteados, seria sobre a terrível queima da preciosa ponte da Via Agripa sobre o Marne.

Os chefes do regimento estavam ainda deliberando o que fazer, quando houve um grande alarido numa parte da formação onde os homens, desmontados, aguardavam determinações de seu superiores. Rapidamente perceberam que aquele flanco desguarnecido estava sendo atacado por um destacamento de cavalaria inimiga, em plena escuridão, sob a pouquíssima iluminação de um pálido crescente lunar.

– Visigodos! – gritaram os homens daquele flanco, enquanto tratavam de correr para por-se a salvo da carga de cavalaria inimiga, tendo reconhecido os uniformes dos cavaleiros que os atacavam, apesar da escassa luz reinante.

Então, para os chefes hunos, a coisa toda se fez clara: os atacantes que incendiaram a ponte e as madeiras não eram francos. Claro, não poderiam ser, pois os francos da fortaleza estavam todos pesteados, à beira da morte. Os atacantes eram visigodos! E deveriam estar escondidos ali naquela escuridão em um número muito grande, senão não se atreveriam a atacar um regimento de quase 5000 homens, como o que tinham ali.

Colhidos assim de surpresa, não tendo como avaliar o número de visigodos atacantes, os chefes hunos perderam um grande tempo discutindo entre si. Nesse ínterim, a cavalaria visigoda, tendo como comandante uma figura impressionante de armadura prateada, montada num cavalo enorme de agilidade totalmente fora do comum, provocou uma enorme devastação na parte do destacamento atacada e, imediatamente, fazendo meia-volta, partira de novo para a escuridão de onde viera. Tudo para ressurgir, 500 metros mais ao norte, mais perto da ponte e repetir o mesmo tipo de carga, desta vez sobre o grupo desmontado que havia tentado combater o incêndio e onde estavam todos os chefes hunos do regimento.

Outra vez a devastação foi enorme entre os hunos desmontados. Mas agora, claramente visível o palco da luta, por causa das grandes chamas da ponte e dos montes de toras, era possível ver perfeitamente o inimigo. De fato, um grupo de cavaleiros visigodos uniformizados, tendo à frente uma figura infernal, que atacava com uma destreza inimaginável num homem. Ele montava um animal enorme, que mais parecia formar uma só pessoa com aquele “cavaleiro do inferno”, como os hunos passaram a se referir a ele.

O cavalo não tinha rédeas e o cavaleiro tinha as duas mãos livres para combater. Ao invés de optar por um escudo, o feroz combatente tinha na mão esquerda uma larga espada e, na direita, uma maça, com cuja esfera de dentes pontiagudos fazia terríveis estragos nos homens que atacava. A maça cortava os escudos hunos como se eles fossem de couro, o giro dela era tão rápido, seu raio de alcance tão grande, que os soldados hunos mais próximos só tratavam de correr para se por a salvo, desorganizando qualquer possibilidade de resistência.

De novo, tão rápidos quanto vieram, os cavaleiros visigodos rumaram para o lado esquerdo da estrada e desapareceram na escuridão, atendendo a um único assobio daquele cavaleiro do inferno, cujo cavalo fez uma impressionante meia-volta, saltando no ar,  coisa que nunca um cavalo normal poderia fazer. Seria de novo coisa de bruxaria? –começaram a se perguntar os hunos supersticiosos. Isso explicaria tudo, porque nem aquele homem, nem aquele cavalo podiam ser reais. O que eles eram capazes de fazer escapava a toda lógica e a tudo que eles já tinham visto antes em combates de cavalaria. Com toda certeza, era coisa sobrenatural!

Mas desta vez, até porque três dos seis chefes hunos daquele regimento estavam agora abatidos no chão, os outros chefes ordenaram que os cavaleiros que estavam montados seguissem o grupo atacante, cujo tropel ainda podia ser ouvido. Era óbvio que eles se afastavam para o leste, margeando o rio. O grupo em si não era muito numeroso, isso pudera ser avaliado à luz das grandes fogueiras. Duzentos a quatrocentos homens, no máximo. Claro que aquilo podia ser só um destacamento de ponta, correndo para levar os hunos para uma armadilha, onde cairiam, na escuridão da noite, nas mãos de milhares de visigodos emboscados.

Ma aquele não era o momento de ser prudente, sem que isso fosse sinal de covardia. E os chefes, pensando também em vingar seus companheiros mortos, acharam por bem atacar, contando com sua grande força numérica. E assim, tão rápido como era possível colocar em manobra um contingente tão grande e tão desorganizado como estava aquele, ainda mais desfalcado de três lideranças fundamentais, os cavaleiros hunos, gépides e alamanos trataram de seguir o grupo de visigodos que parecia não ter muita pressa na fuga.

Os visigodos eram visíveis, ainda que com certa dificuldade, na escuridão da noite. Os hunos perseguidores puderam ver quando eles fizeram uma grande volta para a direita, deixando a margem do rio e começando a tomar um rumo que os intranqüilizou demais, pois parecia ser a direção da cidadela dos francos doentes.

À medida que se afastavam eles, os hunos e aliados, do rio, a vegetação foi crescendo de altura até se tornar duas vezes mais alta que um homem. Mas havia uma grande clareira, que foi onde os visigodos entraram. Os hunos entraram por ela também. Contudo, ao avançarem mais um pouco, a vegetação gigante começou a envolvê-los mais e mais, de forma que a pouca luz do crescente foi ficando cada vez mais inacessível. Então ouviram claramente os gritos de combate dos visigodos a uma distância de uns cem ou duzentos metros mais à frente. Localizado de novo o inimigo, o comandante da operação ordenou o galope, apesar da vegetação que o dificultava e os cavaleiros avançaram rapidamente, já com seus arcos preparados para o disparo. E então algo de insólito aconteceu.

As primeiras linhas de cavaleiros simplesmente desapareceram da frente dos que vinham atrás. Estes tentaram frear seus animais, mas a manobra foi impossível e mais duas linhas de cavaleiros hunos desapareceram nas águas turvas do grande pantanal de Châlons. O barulho de animais e homens se debatendo na água, tentando nadar, gritando, era impressionante. Sem ninguém mais atrás saber do que se passava, os cavaleiros continuaram avançado e, em sucessão, muitos outros caíram nas águas traiçoeiras e pantanosas do “lago” Châlons.

Instalou-se uma completa desorganização entre os cavaleiros hunos. No meio dos grandes capins, ninguém identificava ninguém, no meio da escuridão era impossível reconhecer quem quer que fosse. A desorganização das linhas foi total. Finalmente, amontoados uns contra os outros, os cavaleiros que não caíram nas águas pantanosas entenderam que era impossível continuar. Sem se preocupar em socorrer os que se debatiam dentro das águas, pedindo socorro e ajuda para sair de lá, os hunos e seus aliados trataram de dar meia-volta e fugir daquele inferno de águas traiçoeiras escondidas, pensando só em se por a salvo.

No momento em que chegaram à clareira, porém, caiu sobre eles uma chuva da terrível arma dos francos, a “Francisca”, como os romanos a chamavam. Francisca (o nome vinha da palavra franco mesmo) era uma espécie de machado pequeno, com uma peça metálica em meia lua, com cerca de um quilo ou dois de peso e uns trinta centímetros de comprimento na lâmina de aço. O cabo de madeira era curto, da ordem de meio metro. E os francos eram exímios atiradores de Francisca, treinavam seu arremesso desde crianças. Arremessada com perícia e muita força no braço, aquele machado era terrível para os inimigos. O golpe na cabeça era fatal, mesmo quando ela estava protegida com capacete metálico. E os pequenos escudos de braço dos hunos eram amassados ou rasgados como se fossem brinquedos de criança.

Por isso tudo, uma “chuva” de Franciscas era algo desolador para os atingidos. Mais de quinhentos machados foram arremessados e isso botou fora de combate um numero mais ou menos equivalente de cavaleiros. Os machados tinham surgido de repente do nada, de muitos lugares diferentes no meio daquele maldito capim-gigante. Os homens, em pânico, ensaiavam já uma retirada totalmente desorganizada quando uma segunda chuva de armas os atingiu, acertando os que ainda não haviam caído. Agora eram os javelins, as lanças curtas para arremesso de pequena distância. Mais de 500 dessas peças foram arremessadas sobre os hunos em retirada e um enorme número deles tombou, atingido.

E, quando já estavam na margem do rio, prontos para bater em retirada, os retardatários foram atingidos por uma impressionante saraivada de flechas, disparadas por 80 arqueiros francos, igualmente escondidos por aquela maldita vegetação tão alta e densa. Entre as flechas, algumas poucas eram de um tamanho simplesmente impossível! Um homem, atingido por uma dessas, foi arrancado de seu cavalo, erguido no ar como se fosse um boneco de pano e jogado a uma distância de mais de cinco metros do seu animal. Os hunos em fuga conseguiram retirar uma dessas flechas gigantescas do chão, onde ela se encravara, depois de atravessar o corpo de um homem e sair deixando um rombo por onde podia entrar facilmente um punho.

Essa flecha, levada para os chefes hunos depois, serviu para dar apoio à fantasiosa idéia de que os visigodos tinham um pacto com os demônios: Primeiro tinha sido aquele cavaleiro do inferno.  Depois essas flechas enormes, grandes como pequenas lanças, que só podiam ser arremessadas por um arco gigantesco. E isso queria dizer que, entre os arqueiros visigodos, existiam gigantes! E gigantes não eram seres normais, eram seres demoníacos.

Como resultado dessa malfadada incursão os 4800 cavaleiros hunos, gépides e alamanos viram seu contingente encurtar em mais de 1000 homens, tombados nas águas pantanosas, na clareira sob o impacto das Franciscas e dos javelins e, na margem do Marne, sob o efeitos de centenas de flechas, inclusive as flechas imensas dos gigantes. E mais os homens abatidos durante as duas fulminantes investidas dos cavaleiros visigodos liderados pelo cavaleiro do inferno.

Apavorados, tudo o que os homens queriam era fugir dessa malfadada região, a qual, como se não bastassem todas as coisas que lhes aconteceram ali, como a destruição da ponte de pedra com as catapultas e da de madeira com o fogo, como o abate dos 200 cavaleiros que acompanhavam os operários da ponte, ainda tinha aquela tenebrosa fortaleza, eivada de francos entupidos de peste negra.

Quando chegaram à Via Agripa, os homens tomaram o rumo sul a todo galope, deixando para trás os companheiros feridos e uma grande quantidade de cavalos aproveitáveis pelos inimigos, possivelmente quase um milhar de animais ilesos. O que tinham para comunicar aos seus superiores era algo de assustador. A ponte estava irremediavelmente destruída e um grande destacamento de visigodos – cavalaria, infantaria e arqueiros, talvez mais de 5000 homens – estava ali à espera dos hunos.

Na cabeça supersticiosa dos invasores, os 540 francos e os 200 cavaleiros visigodos tinham sido todos promovidos a visigodos e multiplicados até 5000 homens. Além disso, os visigodos tinham aliados tenebrosos, criaturas das trevas, um ‘cavaleiro do inferno’, que não era nem do inferno nem cavaleiro, muito menos homem, mas a bela sacerdotisa Alana, fundida com sua grande égua Almarak. E as outras criaturas das trevas, os demoníacos gigantes, capazes de arremessar as grandes flechas, que respondiam, todos eles, pelo belo nome celta de Vérica.

CONTINUA

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