MILTON MACIEL Vérica
Resumo do cap. 19 – Kyna levou o general Armosic e Hilduara para dentro
da habitação sacerdotal e lá induziu o chefe franco a admitir que o jovem Geodac,
morto em batalha, a quem adotara como filho, era na verdade um eunuco com quem
ele vivia maritalmente. O general suplica que essa sua condição de
homossexualidade não seja revelada ao rei e aos soldados, pois se veria
obrigado a tirar sua própria vida. Kyna o tranqüiliza e surpreende, ao revelar
a condição de eunuco da belíssima Hilduara, com quem o general franco está impressionadíssimo.
Fica evidente que tudo é um grande plano da Deusa, para resgatar para ambos,
mas principalmente para a infeliz Hilduara, a condição de viver enfim o verdadeiro
amor.
VÉRICA RESSURGE DAS CINZAS. E MEROVEU, TAMBÉM. Cést la
guèrre!
A
sacerdotisa-mor deixou o novo casal dentro de casa, para que se conhecessem
melhor e trocassem confidências. A ação enérgica da Deusa se fazia sentir e
eles iam ficando cada vez mais apaixonados um pelo outro, de uma forma
fulminante, quase instantânea. A Deusa tinha pressa e sua influência era mais
instantânea e devastadora do que todas as míticas setas de Cupido reunidas!
Chegando à rua, Kyna
dirigiu-se aos seis soldados, que ainda estavam à espera de seu chefe:
– O general
Armosic pediu-me que os avisasse que ele os dispensa, pois está tomando um
longo depoimento da mulher huna, agora sua prisioneira. Certamente levará o
resto do dia nisso. Podem ir embora, portanto.
Os homens se
entreolharam, evidentemente pouco à vontade com aquela estranha ordem, vinda de
uma mulher. Só iriam sair dali com ordem direta do chefe. Mas, antes que algum
deles tivesse oportunidade de dizer isso ou qualquer outra coisa, Vérica deu um
passo em direção à parede onde apoiara o seu grande arco. Bastou que ela o
pegasse na mão, para que os seis soldados saíssem em marcha acelerada, correndo
em três direções distintas, o que revelava o medo de que estavam tomados. Vérica
voltou a apoiar o arco na parede e aproximou-se da avó, ajoelhando à sua frente
e falando-lhe com voz serena a humilde.
– Minha senhora
Kyna, quero lhe pedir que pense em perdoar minhas falhas grotescas. Conversando
com minha mãe e irmã Alana, tive tempo para serenar meu coração e compreender o
quanto eu tenho agido de forma intempestiva e orgulhosa. Tantas coisas boas me
aconteceram nestes últimos dias, tantos sucessos eu tive como guerreira, que
isso me subiu à cabeça e eu comecei a me sentir muito forte e muito especial. E
também conta o fato de ter me livrado enfim de minha vergonhosa virgindade.
Passei e me ver como uma mulher completa e altiva. Foi um pecado grosseiro,
senhora Kyna, comecei a me sentir superior às outras pessoas, o que, de fato,
nada tem a ver com os votos de uma sacerdotisa. Por isso compreendo agora que a
Deusa teve razão em me esbofetear e me prostrar de joelhos. E teve todas as
razões para me punir e interditar. O que eu lhe peço, senhora, não é o seu
perdão para a minha falha ridícula, suspendendo minha punição. O que ouso
suplicar-lhe é que tente me perdoar no seu coração de avó generosa que sempre
foi. Eu sou sua neta, ainda que não possa agora chamá-la de avó, e, não importa
quão zangada a senhora esteja comigo, o quanto tenha que me castigar, saiba que
eu a amo acima de tudo neste mundo, acima mesmo de minha própria mãe Alana, que
sabe disso e o compreende e aceita muito bem.
Os olhos de Kyna
se encheram de lágrimas, mas lágrimas de júbilo, de felicidade. Sim aquela era
a sua menina de ouro, a criança que ela havia criado a maior parte do tempo,
pois Alana estivera ausente muitas e muitas vezes por longos períodos,
cumprindo as muitas missões que lhe foram confiadas pela Deusa. E a avó falou
mais alto que a sacerdotisa, segurando o braço da moça e fazendo-a erguer-se:
– Levante-se,
criança!
– Criança?! Quer
dizer que...
– Quer dizer que
você pode voltar a chamá-la de Avó, minha filha. A Deusa já levantou sua
interdição, seu castigo foi relâmpago, já está encerrado. Eu aguardava ansiosa
por este momento, enquanto conversávamos, há pouco. Mas achei mais justo que Kyna lhe dissesse.
Vérica jogou-se
sobre Kyna, abraçou-a a começou a cobri-la com uma multidão de beijos, enquanto
gritava:
– Avó! Avó! Avó!
Minha Kyna querida, minha avó adorada! Obrigada, Deusa de bondade, obrigada por
ter tido pena desta sua sacerdotisa estúpida e primitiva.
E começou a
pular num pé só, a rodopiar pela rua estreita, exatamente como faria uma
moleca. Que, em última análise, era o que ela era na verdade. A criança amada
de Kyna, a criança amada de Alana, na glória dos seus dezessete anos entrantes.
Grande, forte, musculosa, alta, atlética, impressionante, bela... mas ainda uma
quase criança. Abençoada criança!
Alana e Kyna
esperaram pacientemente que o arroubo, a explosão de contentamento de Vérica
passasse. Que criatura extraordinariamente intensa era aquela! Com ela nada era
pela metade, nada era comedido. Para o bom ou para o ruim, ela simplesmente
explodia na hora, como uma gigantesca carga de fogo grego. E era a criatura
mais sincera e transparente que se podia conhecer também. Tudo nela era direto,
sem subterfúgios, sem diplomacias, sem panos quentes. E, ainda por cima, era a
mulher mais corajosa que elas tinham conhecido na vida. E era a filha e a neta
delas. Como a amavam, como tinham orgulho dela!
Acalmados os
ânimos, Kyna começou as explicações:
– Minha criança,
o que reverteu sua situação foi sua atitude corajosa me defendendo contra os
soldados francos. Nós duas e, muito mais facilmente, a própria Deusa,
percebemos que foi um gesto de extremo amor, que você ainda por cima traduziu
em palavras especialmente amorosas. Isso desarmou o coração da Deusa, que a ama
tanto quanto nós a amamos. Você sempre foi, desde antes do seu nascimento,
nossa criança especial. Hoje nós temos que conviver com a estranha transição
que está levando nossa criança a se transformar numa mulher. Mas será uma
mulher esplêndida, com grandes missões a desempenhar na história destas nações
aliadas e das que são hoje nossas inimigas, mas que amanhã serão todas
unificadas em uma grande nação, por aquele que será o primogênito do único
filho que você dará a Meroveu.
– Um neto meu,
Avó? Ele unificará toda a Gália?
– Ele será o
primeiro grande rei unificador de todos os francos,
minha filha. Era isso que nós queríamos passar como informação a você, quando
você saiu correndo feito uma doida para a floresta.
– Então isso
quer dizer que eu não poderei escapar a meu triste fado de ser mulher de
Meroveu? Uma rainha franca, mãe? É isso? Que coisa mais horrível!
– Não, criança,
não será horrível. Começa que não a daremos a Meroveu de imediato. Você poderá
passar com ele, a partir de hoje à noite mesmo, intensos momentos de amor, mas
seguindo as instruções que Alana vai lhe dar, para que você não liquide com o
coitado de novo. Eu vou recuperá-lo para você e para que ele venha nos garantir
a liberdade de Hilduara imediatamente. E eis o restante das determinações da
Deusa para você. Pode enumerá-las Alana.
– Permaneceremos
aqui enquanto Châlons for campo de batalha, porque é aqui que se dará em poucos
dias mais, a grande batalha final, com a qual esperamos expulsar Átila e os
hunos de solo gaulês. Hilduara será uma peça absolutamente fundamental para
isso, por isso a Deusa fez com que ela fosse mandada para cá, onde, por outro
lado, ela tinha Armosic pronto para lhe dar amor pela primeira vez em sua vida
de sofrimento e desilusões. Dias terríveis se aproximam, filha, não teremos
mais a grande facilidade da fragilidade deste bando de menos de dois mil hunos
que começaram a nos cercar dias atrás. Agora vamos ter que nos haver com o
próprio Átila e seu imenso exército esmagador. As primeiras rápidas
escaramuças, nas quais triunfamos facilmente, quase sem perder nenhum
combatente, serão doravante substituídas por grandes batalhas destruidoras e os
francos irão chorar suas muitas baixas.
– Terríveis
novas...
– Sim, e cabe-me
apenas confirmar o que sua mãe acaba de dizer, criança. Mas, independente
disso, terminados os combates, Meroveu receberá domínio sobre uma vasta
extensão de terras ao Norte e se retirará para lá, para consolidar seu reino.
Estará o tempo todo irremediavelmente apaixonado por você. Mas nós não a
daremos a ele então. Ele terá que esperar sua vez. E isso só poderá acontecer
daqui a quatro anos. Então você será a nova rainha dos francos e, no devido
tempo, dará a Meroveu um filho que ele não chegará a conhecer, porque isso é
uma completa impossibilidade.
– Isso significa
que ele vai morrer antes de conhecer o filho, avó?
– Sim, mas não é
só isso. Esse espírito vem sendo preparado para organizar os povos francos há muito
tempo, como já está fazendo agora com os francos salianos. Então, quando você
tiver uma criança em seu ventre, Meroveu morrerá subitamente. Deixará seu corpo
sem valia, mas retornará quase imediatamente à vida terrena. Ele usará o corpo que
você estará gestando, e nascerá como filho seu! E como filho dele próprio! Só
então ele irá conseguir o seu amor, minha menina. Só então, como seu filho,
terá o amor que não logrará receber de você nem como amante, nem como esposa. Veja
que isso configura uma situação raríssima, mas não totalmente incomum, em que
um homem vai ser o pai de si mesmo.
– Estranhos e
extraordinários os caminhos dos Deuses, minha mãe. Quem ousará se lhes opor? –
falou Alana, pensativa e admirada.
– Tem razão,
minha filha. E você, minha neta querida, terá pela frente uma importantíssima
missão, pois será de sua progênie, e desse neto prodigioso que você é que vai
criar e educar, que sairá uma grande e verdadeira nação, forte e unificada, que
nem romanos, nem hunos, nem nenhum outro povo mais conseguirá dominar, pelos
séculos e séculos a vir.
– UOU!!... Que
coisa incrível que é isso! Mas por que eu, Avó, se tudo o que eu quero é ser
somente uma sacerdotisa como Kyna e Alana?
– E você o será,
minha criança preciosa. Você o será. Mas não como Kyna e como Alana, você será
maior do que nós duas, porque essa é a Lei
da Evolução. Quando, num certo momento no futuro, Alana me suceder, ela
será muito maior do que eu sou hoje. E, da mesma forma, quando você suceder Alana,
você será muito maior do que ela e do que eu. Assim o dispõe a Deusa, assim é a
Lei de Evolução. Você será
sacerdotisa, grã-sacerdotisa e sumo-sacerdotisa. E será tão grande, que poderá
ser tudo isso e ainda ser a rainha dos francos: Primeiro dos francos salianos,
com Meroveu; Depois, de todos os francos, com seu neto. Mas nunca deixará de
ser uma sacerdotisa da Deusa.
– E o que
acontecerá nesses anos em que não estarei ainda com Meroveu?
– Você virá
conosco, minha filha, completar sua formação de sacerdotisa. E a Deusa lhe dará
um gamo-rei de verdade, celta, e você conceberá e receberá em seu ventre sua
menina, para dedicá-la à Deusa, como fazemos há incontáveis gerações. Quando
você partir para sua missão junto a Meroveu, seu filho – que será ele mesmo – e,
depois, seu neto, então você deixará sua menina comigo e eu, sua mãe Alana,
serei para ela a Avó maravilhosa que Kyna foi e é para você agora.
– Céus, que
futuro estranho esse meu! Mas é verdade, se eu tivesse ouvido isso tudo na
noite em que fugi para a floresta, não teria sofrido nem uma fração do inferno
que vivi naquelas horas de agonia. E não teria pensado tão mal de Meroveu, a
ponto de cogitar em matá-lo, coitado. Agora que eu sei tudo isso, acho que vou
me esforçar para tratá-lo muito melhor. Ainda mais que eu sei o quanto ele me
quer e que eu não lhe retribuo esse sentimento. E que sei que vou deixá-lo em
breve para seguir meu caminho de sacerdotisa e ter minha filha.
– Bem, agora que
está tudo sob controle, deixem-me ir tratar do rei. Precisamos dele recuperado
e bem desperto, para indultar Hilduara. E sei de alguém que tem certas ‘contas’
a ajustar com ele esta noite, desde que ele esteja mais fortezinho. Então com
licença, minhas sacerdotisas. Ah, Alana, não esqueça de instruir sua filha para
não ir com tanta sede ao pote. O pote pode quebrar de novo e eu não quero ter
que repetir todo o trabalho que estou fazendo com ele hoje.
Tendo falado
isso em meio a um grande sorriso, Kyna andou em direção aos aposentos do rei e,
lá chegando, passou mais de duas horas a tratar dele. Quando terminou, o rei
estava desperto, em pé, com uma fome e uma sede cavalares, só querendo saber de
comida e de água. Kyna acompanhou-o ao alojamento dos guardas da muralha norte,
onde ainda havia bastante sobra da última refeição sobre as mesas. Meroveu
quase se atirou sobre a primeira mesa, comeu com a sofreguidão de um selvagem e
bebeu litros e litros de água. Kyna observou-o contente: estava ganha a
batalha.
Depois que
Meroveu resolveu seu grande problema de fome e sede, Kyna apressou-se a
contar-lhe o que tinha acontecido. A Deusa dera sua permissão para que Vérica
fosse sua esposa, sua rainha, e mãe do seu filho. A revelação deixou o rei dos
francos extasiado. Como tinha temido uma resposta negativa! Mas o fato de a
própria Vérica vir procurá-lo e fazer amor com ele várias vezes até que... até
que o que, mesmo?... Não conseguia lembrar o que tinha acontecido. De repente
tinha adormecido, ou pelos menos isso é que lhe parecia agora. Há quanto tempo
ele estava assim, dormindo tão profundamente? E Vérica? Onde estava ela agora?
– Meu rei, tenha
calma, tudo lhe será explicado pela própria Vérica esta noite.
– Eu a verei
esta noite, é? Posso ir ao alojamento das sacerdotisas?
– Irá agora
mesmo, comigo, meu bom rei. Mas não verá Vérica ainda. Porém não precisará ir
de novo à nossa casa para revê-la, Ela virá para cá, para seus aposentos outra
vez. E ficarão os dois, por muitos dias, numa grande celebração do amor, dentro
dos limites do que a guerra lhes permita.
– Minha amada
virá ficar comigo está noite?! Mas isso é maravilhoso!
– E muitas dias
e noites depois desta. Prepare-se, Meroveu, para estar à altura dessa mulher
extraordinária, que a Deusa lhe concedeu a suprema glória e ventura de poder
receber entre seus braços.
– E em meu
coração, onde ela já impera desde o primeiro instante em que a vi, naquela
muralha.
– Muito bem, meu rei, mas agora vamos andando,
no caminho vou lhe contar uma história de espiãs e de mulheres assassinas,
coisa que Vérica, Alana, eu e seu general Armosic já resolvemos plenamente para
o senhor. Vou levá-lo a conhecer uma nobre e surpreendente mulher, que era sua
inimiga até poucas horas atrás, mas que agora, abençoada e protegida que foi
pela Deusa, vai se converter numa aliada de inestimável valor para os francos,
porque sabe todos os segredos dos hunos.
E, enquanto caminhavam
calmamente, Kyna contou a Meroveu quem era a belíssima mulher ostrogoda, que um
romano escravizara, enfeitiçara e obrigara a servir aos hunos como espiã. Mas
agora a Deusa castigara o romano e Hilduara estava livre, desde que o rei dos
francos assim entendesse também. Também contou ao rei que seu general Armosic
passara rapidamente da posição de perseguidor à de admirador devotado da bela
ostrogoda. E que pediria licença ao rei para tomá-la sob sua proteção e
desposá-la, se o rei conseguisse dar a ela o seu perdão.
Meroveu, que
tinha enorme admiração e estima por Armosic, acima de tudo um grande amigo para
ele, e que sabia o quanto esse amigo havia sofrido com a morte do seu filho
adotivo meses atrás, ficou imediatamente predisposto a perdoar a mulher, fosse
ela quem fosse, desde que se comprometesse a casar com Armosic e fazê-lo feliz.
De mais a mais, ele faria o que Kyna lhe dissesse para fazer, não importa que
coisa fosse. Era sua grande aliada, era a dona do segredo do fogo grego, era
sacerdotisa da Grande Deusa e, acima de tudo, era a avó de sua adorada Vérica.
Assim, antes que
Meroveu visse Hilduara e ficasse, também ele, comovido com sua beleza e sua
suavidade incomuns, declarou a Kyna que a moça já estava perdoada, porque essa
era a vontade da sumo-sacerdotisa. Não precisava de nenhuma razão a mais.
Dessa forma,
Hilduara foi perdoada pelo rei dos francos e foi aceita na “corte”, como os
soldados chamavam ao conjunto formado pelas sacerdotisas, o rei e Armosic. E,
de fato, quando Hilduara começou a fazer a impressionante série de revelações
sobre os segredos, táticas, armas, roteiros de suprimentos, efetivos
disponíveis em homens, armas e cavalos que os hunos tinham a seu dispor, ela
cresceu muito na admiração de todos os francos, militares e civis, que ocupavam
a cidadela. E que, a essa altura, já eram fãs cativos de sua doçura e da
suavidade ímpar de sua beleza.
E nem Meroveu,
nem qualquer outra pessoa, soube jamais qualquer coisa a respeito da condição
de eunuco da bela moça ostrogoda. Seu segredo, garantido pela própria Deusa,
acompanhou-a pelo resto da vida, sabido apenas pelas sacerdotisas e por aquele
que a Deusa lhe destinara para marido. Para todos os hunos que a conheceram
antes, espalhou-se a notícia que ela havia sido executada pelos francos, junto
com suas companheiras, após falharem e serem descobertas em sua última missão.
Átila se
aproxima de Châlons
Lá fora, à
distância, a menos de três dias de marcha, a vanguarda da cavalaria huna se
aproximava de Châlons. A sudoeste da fortaleza, pela estrada principal, mais de
quatro mil cavaleiros marchavam devagar, forçados a esperar o grosso do
contingente huno que carregava as centenas de carroções com os despojos e
saques de guerra. Com esse contingente, estava Átila, o rei dos hunos. Atrás
desse maciço contingente, vinham os exércitos aliados dos hunos, constituídos
por ostrogodos, alamanos, hérulos e gépides.
CONTINUA
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