domingo, 7 de abril de 2013

TUDO  PASSA  
MILTON  MACIEL


“Tudo muda, tudo passa,
Neste mundo de ilusão.
Vai para o céu a fumaça,
Fica na terra o carvão.”

(Li essa quadrinha uma vez quando era muito criança, não havia nome de autor. E uso isso hoje como fonte de inspiração).

                                    I
Tudo muda, tudo passa, efêmero é o existir.

De início somente flores, a ufanar-se os senhores:
Agaloa-se o vaidoso, crê-se o rico poderoso;
A bela se crê perfeita, só sua beleza a deleita.
E o intelectual pedante? Ah, o outro é ignorante!

O negociante corsário vê no cliente só um otário,
E o banqueiro agiota suga o sangue desse idiota.
Já o político desonesto tenta sugar todo o resto;
E o governante venal... nos rouba como um chacal.

                                   II
Tudo muda, tudo passa, efêmero é o existir.

Um certo tempo passado e tudo ficou mudado:
Foi o vaidoso humilhado, o rico desenganado.
Pra bela o tempo voou, somente rugas deixou.
E o intelectual pedante? Ah, teve Alzheimer galopante!

O negociante corsário teve um baque extraordinário.
Faliu o banqueiro agiota, feito por outro de idiota.
Já o político desonesto perdeu seus bens em arresto.
E o governante venal... entrou pra história como um Mal.

                                    III
E, no correr dos relógios, morreram todos. Os necrológios:

O vaidoso, já humilhado, até em velório foi gozado.
O rico as doenças levaram: Como os filhos festejaram!
A Bela nem foi lembrada: Miss mil novecentos e nada.
E o intelectual pedante?  Ah, um necrológio humilhante!

Enfartou o negociante corsário: Ricardão tava no armário.
O banqueiro agiota falido, teve enterro dismilinguido.
O político desonesto esquecido, morreu muito empobrecido.
E o governante venal... festas, foguetes, marcaram seu funeral. 

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