segunda-feira, 1 de abril de 2013


O JOVEM RICO e JESUS  
MILTON  MACIEL

Vejam só no que dá extirpar-se de uma frase uma simples palavrinha de duas letras:

Vou exemplificar com meu amigo Shaul, que hoje é riquíssimo proprietário de uma rede de barracas nos templos mais importantes aqui da Terra Santa, com autorização tanto de Herodes como de Pilatos, que lhe cobram bons tributos – que ele tenta não pagar, na medida do possível.

Na verdade, o Shaul, que já era um jovem razoavelmente rico de berço, entusiasmou-se muito quando soube do Mestre nazareno Jesus.

Shaul encheu-se de ânimo santo e resolveu evoluir espiritualmente. Assim procurou o Mestre e lhe perguntou o que devia fazer para ganhar a vida eterna. O Mestre lhe respondeu, em última análise:

"... Vai, vende tudo que tens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; Então vem e segue-me".

Mas meu amigo Shaul era um homem de vendas, um homem do mercado, não gostou nem um pouquinho da palavra “dá”. Ficou um tanto chateado, viu que não ia dar para seguir o Mestre. 

Tampouco se interessou por ter um tesouro no céu. Queria um tesouro era aqui na Terra mesmo.  Mas levou a sério uma parte das palavras ouvidas, tratando, no entanto, de extirpar dali a palavrinha de duas letras “dá”. Então Shaul retrabalhou a frase que ouvira e, para ele, a coisa ficou assim:

“... Vai, vende tudo o que tens aos pobres e terás um tesouro.”

Ah, agora sim! Agora a frase estava do jeito que ele gostava!

E foi isso o que Shaul fez. Foi e vendeu tudo o que tinha aos pobres, que ficaram assim um pouco mais pobres, mas deixaram o Shaul muito mais rico e com mais capital para comprar mais coisas para vender aos pobres. 

Vai daí que ele, muito criativo, inventou uma coisa diferente, um sistema de carnês, através dos quais os pobres pagavam a prestações, durante vários meses, muito antes de receber, por um monte de bugigangas de péssima qualidade, de que não precisavam em absoluto.

Shaul denominou seu sistema de barracas nos templos de “ARCA DA FELICIDADE”. Enriqueceu muito. Aos domingos, ia sempre ao pátio de um grande templo e passava a tarde inteira falando e apresentando saltimbancos, para atrair o povo e conseguir mais compradores. Grandes auditórios acorriam para ouvi-lo e ver os espetáculos. E /Shaul faz isso até hoje, apesar da provecta idade.

Quanto à idéia de seguir o Mestre, isso é hoje coisa mais do que esquecida.

E tudo só por causa de uma palavrinha eliminada de uma frase:...  dá!

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