segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


NO PAIS DOS CALHEIROS
De: Brasília Nova   

Calheiros são os fabricantes de calhas, que labutam num longínquo país tropical onde os membros das classes dirigentes, tanto públicos quanto privados, foram acometidos de um estranho mal hereditário, causado pela combinação de dois vírus terríveis(o Curruptitiis cronicans e o Incompetentiam endemicus). Esses vírus chegaram nos porões da nau capitânia, por ocasião do seu descobrimento, no exato ano de fechamento do século XV, e nunca mais deixaram de assolar os dirigentes do país, em todos os níveis, dos mais baixos aos mais altos. Aliás, nestes últimos é justamente onde trafegam os mais ‘baixos’, em especial nas casas legislativas, solertes balaios de gatos e gatunos, que os nativos preferem chamar de Casas da Perdição).

Esses vírus são especialmente fatídicos quando os dirigentes, públicos ou privados, têm deficiência crônica de anticorpos na face, o que é extremamente comum naquele distante país. São os anticorpos especializados, denominados de vergônhicos, que parecem faltar com uma freqüência inaudita na cara ou face dos indigitados dirigentes.

Mas, voltando aos calheiros, é necessário reconhecer que sua atividade de fabricantes e instaladores de calhas tem sido muito importante para aquela afastada nação (não, reconsiderando, nação é demais! Digamos: país, somente). A atividade principal dos calheiros daquele afastado país é fabricar e instalar drenos especiais para cofres públicos, através dos quais são desviados excedentes de recursos que, se não drenados pelos calheiros, podem resultar em perigosos acúmulos, dando origem a explosões ou vazamentos sumamente perigosos de dinheiro.

As instalações dos drenos dos calheiros é em tudo similar às instalações que os encanadores fazem em caixas d’água, nos lares e edifícios das pessoas comuns. Por segurança, toda caixa d’água precisa ter um tubo extravasor, popularmente conhecido em tal país como ladrão da caixa. Só assim os encanadores podem garantir que não haverá vazamento de excesso de água nas casas e edifícios.

A mesma coisa acontece com os extravasores dos calheiros, que fabricam e instalam seus magníficos drenos de calhas nos cofres-fortes e tesourarias das organizações públicas e privadas, bancos inclusive. São os ladrões dessas estruturas de guarda de dinheiro. Percebe-se, portanto, que tanto os ladrões dos encanadores, como os ladrões dos calheiros, são de suma importância para o tal país tropical, o que nem sempre é reconhecido e valorizado por seus ingratos habitantes.

Só muito raramente alguns dos calheiros recebem o reconhecimento público que merecem, como altos cargos ou até mesmo medalhas da Congregação Mariana ou do Clube Bola Sete de Ramos e comendas – estas desde que encomendadas com antecedência mínima de 48 horas, se do tipo pré-pago. Um povo ingrato, realmente.     
O tempora! O mores!                                                                               (Brasília Nova)                                                                 
(Em comemoração ao aniversário de 8 meses do blog)

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