NO PAIS DOS CALHEIROS
De: Brasília
Nova
Calheiros são os
fabricantes de calhas, que labutam num longínquo país tropical onde os membros
das classes dirigentes, tanto públicos quanto privados, foram acometidos de um
estranho mal hereditário, causado pela combinação de dois vírus terríveis(o
Curruptitiis cronicans e o Incompetentiam endemicus). Esses vírus chegaram nos
porões da nau capitânia, por ocasião do seu descobrimento, no exato ano de
fechamento do século XV, e nunca mais deixaram de assolar os dirigentes do
país, em todos os níveis, dos mais baixos aos mais altos. Aliás, nestes últimos
é justamente onde trafegam os mais ‘baixos’, em especial nas casas
legislativas, solertes balaios de gatos e gatunos, que os nativos preferem
chamar de Casas da Perdição).
Esses vírus são
especialmente fatídicos quando os dirigentes, públicos ou privados, têm deficiência
crônica de anticorpos na face, o que é extremamente comum naquele distante
país. São os anticorpos especializados, denominados de vergônhicos, que parecem
faltar com uma freqüência inaudita na cara ou face dos indigitados dirigentes.
Mas, voltando
aos calheiros, é necessário reconhecer que sua atividade de fabricantes e
instaladores de calhas tem sido muito importante para aquela afastada nação
(não, reconsiderando, nação é demais! Digamos: país, somente). A atividade
principal dos calheiros daquele afastado país é fabricar e instalar drenos
especiais para cofres públicos, através dos quais são desviados excedentes de
recursos que, se não drenados pelos calheiros, podem resultar em perigosos
acúmulos, dando origem a explosões ou vazamentos sumamente perigosos de
dinheiro.
As instalações
dos drenos dos calheiros é em tudo similar às instalações que os encanadores
fazem em caixas d’água, nos lares e edifícios das pessoas comuns. Por
segurança, toda caixa d’água precisa ter um tubo extravasor, popularmente conhecido em tal país como ladrão da caixa. Só assim os encanadores
podem garantir que não haverá vazamento de excesso de água nas casas e
edifícios.
A mesma coisa
acontece com os extravasores dos calheiros, que fabricam e instalam seus
magníficos drenos de calhas nos cofres-fortes e tesourarias das organizações
públicas e privadas, bancos inclusive. São os ladrões dessas estruturas de
guarda de dinheiro. Percebe-se, portanto, que tanto os ladrões dos encanadores,
como os ladrões dos calheiros, são de suma importância para o tal país
tropical, o que nem sempre é reconhecido e valorizado por seus ingratos
habitantes.
Só muito
raramente alguns dos calheiros recebem o reconhecimento público que merecem,
como altos cargos ou até mesmo medalhas da Congregação Mariana ou do Clube Bola
Sete de Ramos e comendas – estas desde que encomendadas com antecedência mínima
de 48 horas, se do tipo pré-pago. Um povo ingrato, realmente.
O
tempora! O mores! (Brasília Nova)
(Em comemoração ao aniversário de 8 meses do blog)
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