sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013


DIVERSÕES COM O IDIOMA  PORTUGUÊS  
MILTON MACIEL  

A cerca fica a cerca de dez metros do pavilhão acerca do qual falávamos há cerca de dez minutos, pois estamos a cerca de quatro meses do verão. (MM)

SUA SAUDADE É IDIOTISMO  
MILTON MACIEL

Você já se sentiu idiota por ter sentido saudade de uma certa pessoa? Justo daquela? Pois se isso já lhe aconteceu, saiba que isso pode ter sido uma idiotice de sua parte. Mas nunca um idiotismo SEU.

Mas saudade é, sim, um idiotismo. Sempre. Já idiotice é a qualidade ou atitude de quem é idiota. E idiotismo é uma coisa completamente diferente.

Idiotismo linguístico é uma palavra que não pode ser traduzida literalmente em nenhum outro idioma. É o que em inglês se chama de IDIOM e em espanhol é chamado de MODISMO. Se for uma expressão, será um idiotismo fraseológico. Como, por exemplo, “triste de mim”.

Idiotismos são o inferno dos tradutores. Traduzir a palavra saudade para outros idiomas é terrivelmente difícil.

Em compensação, pegue qualquer das muitas expressões idiomáticas do inglês e tente traduzi-las ao pé da letra para o português. Fica terrível, não é? Por exemplo “a piece of cake” (um pedaço de torta), quer dizer algo muito fácil de fazer. É um idiom, um idiotismo fraseológico do inglês.

E saudade é um idiotismo lingüístico do português. Portanto, você pode sentir saudade à vontade. Será sempre um idiotismo. Agora, se vai ser idiotice sua, bem aí são outros quinhentos. Ah, por favor, faça a gentileza de explicar esses other five hundreds para o tradutor que vai tentar dizer isso de forma compreensível a seus leitores de inglês. (MM)

EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS EM PORTUGUÊS
MILTON MACIEL

O pai mandou o filho de 10 anos procurar por um vizinho. A esposa dele atendeu e disse:

Ele não se encontra, deve estar matando tempo por aí, enchendo lingüiça, como se a vida fosse um mar de rosas.  Mas é um cabeça-dura, se quer algo mesmo, aí vai de Ceca a Meca até conseguir. Só que anda sempre com a corda no pescoço, fazendo coisas sem pé nem cabeça, que até Deus duvida. E a gente é que paga o pato. Mas agora ele botou as barbas de molho, pediu ajuda, entendeu que uma mão lava a outra.  Anda mais paciente, não se importa de tomar chá de cadeira, de ficar engolindo sapo. Só que às vezes ainda fica fora de si e, nessas horas costuma abrir o jogo, sem fazer rodeios, é um sai de baixo. Ele é atrapalhado, vive trocando as bolas, mas logo, logo está pendurando a chuteira. Uma vez ele foi tirar a água do joelho em plena rua, imagine! Aí um cara não gostou, acabou quebrando o maior pau e ele entrou pelo cano.

Pois é: ponha-se no lugar da criança e considere se o que a mulher falou não é uma coisa de gente maluca! O menino voltou para casa e foi falando ao pai o que entendeu daquela conversa doida toda:

Pai, o seu Otávio está viajando, vai de Ceca para Meca, pelo mar cor de rosa, mas está perdido, ele não se encontra. Parece que antes ele não foi no rodeio porque teve que abrir um jogo. Caiu molho na barba dele, e aí ele ficou fora dele mesmo, por isso é que não se encontra também. Ele foi ver se conseguia matar o tempo a cabeçadas, com a cabeça dura dele. Mas quase ficou sem essa cabeça (e o pé), porque estavam puxando uma corda no pescoço dele. Acho que ele anda doente, porque anda tomando chá de cadeira. Ele gosta de comer sapo e pato, que ele compra, mas é a mulher dele que tem que pagar o pato. Ele joga futebol, mas não gosta das bolas, vive trocando e tem a mania de pendurar as chuteiras no vestiário. E ele tem problema de água no joelho, não pode jogar muito, não sai de baixo e usa uma mão para lavar a outra. Uma vez quebrou um pau por onde ele estava passando e ele caiu dentro de um cano grandão. Acho que é isso. Ah, e ela disse que Deus anda com dúvidas, mas eu não entendi bem por que... (MM)



Um comentário: