DIVERSÕES COM O IDIOMA PORTUGUÊS
MILTON MACIEL
A cerca fica a cerca de dez metros do pavilhão acerca do qual falávamos há cerca de dez minutos, pois estamos a cerca de quatro meses do verão. (MM)
MILTON MACIEL
A cerca fica a cerca de dez metros do pavilhão acerca do qual falávamos há cerca de dez minutos, pois estamos a cerca de quatro meses do verão. (MM)
SUA SAUDADE É IDIOTISMO
MILTON
MACIEL
Você
já se sentiu idiota por ter sentido saudade de uma certa pessoa? Justo daquela?
Pois se isso já lhe aconteceu, saiba que isso pode ter sido uma idiotice de sua
parte. Mas nunca um idiotismo SEU.
Mas
saudade é, sim, um idiotismo. Sempre. Já idiotice é a qualidade ou atitude de
quem é idiota. E idiotismo é uma coisa completamente diferente.
Idiotismo
linguístico é uma palavra que não pode ser traduzida literalmente em nenhum
outro idioma. É o que em inglês se chama de IDIOM e em espanhol é chamado de
MODISMO. Se for uma expressão, será um idiotismo fraseológico. Como, por
exemplo, “triste de mim”.
Idiotismos
são o inferno dos tradutores. Traduzir a palavra saudade para outros idiomas é
terrivelmente difícil.
Em
compensação, pegue qualquer das muitas expressões idiomáticas do inglês e tente
traduzi-las ao pé da letra para o português. Fica terrível, não é? Por exemplo
“a piece of cake” (um pedaço de torta), quer dizer algo muito fácil de fazer. É
um idiom, um idiotismo fraseológico do inglês.
E
saudade é um idiotismo lingüístico do português. Portanto, você pode sentir
saudade à vontade. Será sempre um idiotismo. Agora, se vai ser idiotice sua,
bem aí são outros quinhentos. Ah, por favor, faça a gentileza de
explicar esses other five hundreds para o tradutor que vai
tentar dizer isso de forma compreensível a seus leitores de inglês. (MM)
EXPRESSÕES
IDIOMÁTICAS EM PORTUGUÊS
MILTON
MACIEL
O
pai mandou o filho de 10 anos procurar por um vizinho. A esposa dele atendeu e
disse:
Ele não se encontra, deve estar matando tempo por aí, enchendo lingüiça, como se a
vida fosse um mar de rosas.
Mas é um cabeça-dura,
se quer algo mesmo, aí vai de
Ceca a Meca até conseguir. Só
que anda sempre com a corda no pescoço, fazendo coisas sem pé nem cabeça, que até Deus duvida. E a gente é
que paga o pato.
Mas agora ele botou as barbas
de molho, pediu ajuda,
entendeu que uma mão lava a
outra. Anda mais paciente, não se importa de tomar chá de cadeira, de ficar engolindo sapo. Só que às vezes
ainda fica fora de si e, nessas horas costuma abrir o jogo, sem fazer rodeios, é um sai de baixo. Ele é
atrapalhado, vive trocando as
bolas, mas logo, logo está pendurando
a chuteira. Uma vez
ele foi tirar a água do joelho em plena rua, imagine! Aí um cara não
gostou, acabou quebrando o
maior pau e ele entrou pelo cano.
Pois
é: ponha-se no lugar da criança e considere se o que a mulher falou não é uma
coisa de gente maluca! O menino voltou para casa e foi falando ao pai o que
entendeu daquela conversa doida toda:
Pai,
o seu Otávio está viajando, vai de Ceca para Meca, pelo mar cor de rosa, mas
está perdido, ele não se encontra. Parece que antes ele não foi no rodeio
porque teve que abrir um jogo. Caiu molho na barba dele, e aí ele ficou fora
dele mesmo, por isso é que não se encontra também. Ele foi ver se conseguia
matar o tempo a cabeçadas, com a cabeça dura dele. Mas quase ficou sem essa
cabeça (e o pé), porque estavam puxando uma corda no pescoço dele. Acho que ele
anda doente, porque anda tomando chá de cadeira. Ele gosta de comer sapo e
pato, que ele compra, mas é a mulher dele que tem que pagar o pato. Ele joga
futebol, mas não gosta das bolas, vive trocando e tem a mania de pendurar as
chuteiras no vestiário. E ele tem problema de água no joelho, não pode jogar
muito, não sai de baixo e usa uma mão para lavar a outra. Uma vez quebrou um
pau por onde ele estava passando e ele caiu dentro de um cano grandão. Acho que
é isso. Ah, e ela disse que Deus anda com dúvidas, mas eu não entendi bem por
que... (MM)
Adorei!!!!
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