MILTON MACIEL
Esta fome de amor,
Cruel, desmedida,
É como um ciclone
A arrasar-me a vida.
Este imenso vazio,
Que me deixa louco,
É uma aleivosia
Do meu juízo pouco.
E esta saudade,
Que eu nem mesmo sinto,
É uma mentira,
Que a mim mesmo eu minto.
Já esta dor sentida,
Que vem com a solidão,
É uma anamorfose,
Um corte, um aleijão.
E por isso eu vivo
Tal qual um espectro:
Se me surge o amor,
Ora, vade
retro!
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