terça-feira, 1 de janeiro de 2013


MILTON MACIEL 

Esta postagem inicia a série de artigos diários, baseados em minha coluna  jornalística CONSCIÊNCIA CÓSMICA  e no meu tabalho SLEEP, DREAMS AND SELF-CONTROL. Se o assunto lhe interessa, volte amanhà e nos dias seguintes para ter a continuação. (MM)


SONO E SONHOS

O sonho sempre foi um fenô­meno fascinante para o ser huma­no. Reverenciado, no passado, co­mo um ato normal e sagrado, um verdadeiro encontro com os deu­ses, foi rebaixado a mera rotina fantasiosa pela visão positivista do século XIX.
Mas a moderna Psicologia veio resgatá-lo do limbo de descrédito em que se encontrava, imerecida­mente. Aliás, a própria Psicologia atual nasceu com um livro dedica­do, justamente, ao sonho ‑ "A In­terpretação dos Sonhos", de Sig­mund Freud, em 1900.
Desde então o estudo dos sonhos se tomou cada vez mais importan­te para a análise e a terapia psico­lógicas. Mas foi somente depois do advento da microeletrônica que o assunto teve desenvolvimento.

LABORATÓRIOS DE SONO

Foi com o aperfeiçoamento do e­letroencefalógrafo, graças ao transistor, que surgiram os trabalhos pioneiros dos médicos Nathaniel Kleitman e Charles Dement (USA) e Michel Jouvet (França). Isso inaugurou uma nova e impor­tante etapa do estudo do sono e do sonho: a eletrofisiologia do sono. Muito mais ao gosto das mentes científicas, posto que permitiam o uso de instrumentos e a tomada de medidas numéricas, as experiên­cias com eletrofisiologia do sono deram origem a centenas de Labo­ratórios de Sono em todo o mun­do.

De início, esse foi um trabalho de médicos, físicos e eletrofisiolo­gistas: estudantes eram contrata­dos para dormir nos laboratórios de sono de suas universidades, com eletrodos de eletroencefaló­grafo e de outros instrumentos li­gados em suas cabeças e corpos. Dessa importantíssima fase inicial, surgiram algumas constatações impressionantes:

1) Todas as pessoas sonham, ainda que a grande maioria delas quase nunca se lembre de ter sonhado.

2) Os bebês recém‑nascidos tam­bém sonham. E quanto!

3) Os animais também sonham. Alguns deles, especialíssimos dor­minhocos, foram fundamentais pa­ra as experiências pioneiras: os gatos.

4) As pessoas dormem porque precisam sonhar; e, não, para descansar. Em certos casos che­gam a acordar mais cansadas do que estavam ao deitar ‑ depen­dendo do conteúdo dos sonhos que tiveram.

5) 0 relaxamento profundo em vi­gília (alfagenia do repouso) pode ser mais repousante que o sono, por não incluir sonhos.

6) Sono e sonho se sucedem em um padrão cíclico, com um perío­do médio de 90 minutos. O cére­bro parte da frequência beta (vigí­lia, 30 a 12 hertz), passa por um rápido estágio na frequência alfa (sonolência, 12 a 8 hz) e afunda nas frequências theta e delta (abai­xo de 8 hz), entrando no sono pro­fundo.

7)Essa etapa, em que o relaxamento é total e o repouso máximo dura pouco mais de 1 hora. Então ocorre uma forte alteração: (os registradores do eletroencefalógrafo se agitam e voltam a indicar intensa atividade cerebral. Os medidores acusam aceleração do pulso e da respiração. Os olhos passam a se movimentar rapidamente sob as pálpebras fechadas. O tônus dos músculos do pescoço, ao contrário, cai ao mínimo possível: a cabeça desaba.

8) Qualquer pessoa, despertada no momento em que essa atividade intensa acontece, percebe que está sonhando. A frequência cerebral estará, usualmente, em alfa. Devido ao paradoxo de a pessoa mostrar uma tal atividade enquanto está nessa fase do sono, Kleitman deu a ela o nome de Sono Paradoxal. Ou sono REM (Rapid Eye Movements = movimentos rápidos dos olhos). Sono Paradoxal ou Sono REM são sinônimos de SONHO.

Continua amanhã.

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