Esta postagem inicia a série de artigos diários, baseados em minha coluna jornalística CONSCIÊNCIA CÓSMICA e no meu tabalho SLEEP, DREAMS AND SELF-CONTROL. Se o assunto lhe interessa, volte amanhà e nos dias seguintes para ter a continuação. (MM)
SONO E SONHOS
O sonho
sempre foi um fenômeno fascinante para o ser humano. Reverenciado, no
passado, como um ato normal e sagrado, um verdadeiro encontro com os deuses,
foi rebaixado a mera rotina fantasiosa pela visão positivista do século XIX.
Mas a moderna
Psicologia veio resgatá-lo do limbo de descrédito em que se encontrava,
imerecidamente. Aliás, a própria Psicologia atual nasceu com um livro dedicado,
justamente, ao sonho ‑ "A Interpretação dos Sonhos", de Sigmund
Freud, em 1900.
Desde
então o estudo dos sonhos se tomou cada vez mais importante para a análise e a
terapia psicológicas. Mas foi somente depois do advento da microeletrônica que
o assunto teve desenvolvimento.
LABORATÓRIOS DE SONO
Foi com
o aperfeiçoamento do eletroencefalógrafo, graças ao transistor, que surgiram
os trabalhos pioneiros dos médicos Nathaniel Kleitman e Charles Dement (USA) e
Michel Jouvet (França). Isso inaugurou uma nova e importante etapa do estudo
do sono e do sonho: a eletrofisiologia
do sono. Muito mais ao gosto das mentes científicas, posto que permitiam o
uso de instrumentos e a tomada de medidas numéricas, as experiências com
eletrofisiologia do sono deram origem a centenas de Laboratórios de Sono em
todo o mundo.
De
início, esse foi um trabalho de médicos, físicos e eletrofisiologistas: estudantes
eram contratados para dormir nos laboratórios de sono de suas universidades,
com eletrodos de eletroencefalógrafo e de outros instrumentos ligados em suas
cabeças e corpos. Dessa importantíssima fase inicial, surgiram algumas
constatações impressionantes:
1) Todas
as pessoas sonham, ainda que a grande maioria delas quase nunca se lembre de
ter sonhado.
2) Os
bebês recém‑nascidos também sonham. E quanto!
3) Os
animais também sonham. Alguns deles, especialíssimos dorminhocos, foram
fundamentais para as experiências pioneiras: os gatos.
4) As
pessoas dormem porque precisam sonhar; e, não, para descansar. Em certos casos
chegam a acordar mais cansadas do que estavam ao deitar ‑ dependendo do
conteúdo dos sonhos que tiveram.
5) 0
relaxamento profundo em vigília (alfagenia do repouso) pode ser mais
repousante que o sono, por não incluir sonhos.
6) Sono
e sonho se sucedem em um padrão cíclico, com um período médio de 90 minutos. O
cérebro parte da frequência beta (vigília, 30 a 12 hertz), passa por um rápido
estágio na frequência alfa (sonolência, 12 a 8 hz) e afunda nas frequências theta e
delta (abaixo de 8 hz), entrando no sono profundo.
7)Essa
etapa, em que o relaxamento é total e o repouso máximo dura pouco mais de 1
hora. Então ocorre uma forte alteração: (os registradores do eletroencefalógrafo
se agitam e voltam a indicar intensa atividade cerebral. Os medidores acusam
aceleração do pulso e da respiração. Os olhos passam a se movimentar rapidamente
sob as pálpebras fechadas. O tônus dos músculos do pescoço, ao contrário, cai
ao mínimo possível: a cabeça desaba.
8)
Qualquer pessoa, despertada no momento em que essa atividade intensa acontece,
percebe que está sonhando. A frequência cerebral estará, usualmente, em alfa. Devido ao
paradoxo de a pessoa mostrar uma tal atividade enquanto está nessa fase do
sono, Kleitman deu a ela o nome de Sono Paradoxal. Ou sono REM (Rapid Eye
Movements = movimentos rápidos dos olhos). Sono Paradoxal ou Sono REM são sinônimos de SONHO.
Continua amanhã.
Continua amanhã.
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