ANGÉLICO INFINDO AMOR
Chegou o Amor,
inebriante, capitoso,
Quando eu errava
pelo ervaçal da vida,
Amargurado, tendo
a alma destruída,
Desfeita em pó, num
percurso desastroso.
Foi quando, à
beira de um regato murmoroso,
Eu avistei a mais
incrível criatura,
Deitada ao sol,
qual helênica escultura,
Tudo ofuscando com
seu brilho majestoso.
Era estonteante,
a mais fantástica visão,
Que me foi dada
nesta vida contemplar.
Ela se ergueu e
então eu vi em seu olhar
Que ela seria a
minha própria redenção.
Sorriu-me a musa,
estendeu-me a bela mão,
Que tomei trêmulo,
nas minhas, vacilante.
Surreal, a luz,
que nascia em seu semblante,
Me penetrava,
abrindo a mente e o coração.
Os rubros lábios
continuavam descerrados,
Ela sorria... e
era como se falasse!
E eu compreendia,
sem que ela articulasse
Nada com a boca
de alvos dentes nacarados.
Seus pensamentos
permearam-me a consciência
E então eu soube
que por ela era esperado.
E compreendi que
meu lugar era a seu lado
E que ela há
muito padecia minha ausência.
Só então pude
entender completamente
Que eu não era,
na verdade, um ser humano.
Por tanto tempo
estive imerso nesse plano
Que acreditei ser
um deles realmente.
A criatura
iridescente à minha frente
Logrou, por
fim, expandir a minha mente.
Eu soube que ela
era um anjo e eu tinha sido
Por longo tempo, na Terra, um Anjo Caído.
Meu peito quase
explodiu bem no momento
Em que entendi
quem era a anja revelada:
Nada menos que a
minha esposa amada,
A quem perdi –
força de um Mau Encantamento.
Vaguei por décadas
na Terra como humano,
Entregue ao mundo
deletério das paixões!
Meu ser perdido
nas mais torpes ilusões.
E crer-me homem foi
o meu maior engano.
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Ela me disse:
Bem-vindo!
E eu me senti em
casa.
Então beijou-me:
Flutuei,
Como se tivesse
asa.
Subindo alto
notei
Que, de fato, eu
tinha asa.
E ela voava
comigo,
Me conduzindo pra
casa.
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