domingo, 27 de janeiro de 2013


A  CULPA É DAS MINA 
(Elas Me Bota Quebranto) 
MILTON  MACIEL     

Os povo são muito ingrato
Eles não sabe o que diz.
Mesmo assim mete o nariz:
Eles afirma que é um fato
Que eu vivo só no barato,
Que eu sô um puta vagabundo,
O mais vagal deste mundo!
Eles diz que eu não trabalho,
Que eu vivo só do baralho,
Mas isso é uma judiaria!
Afinal, que eu não trabalho,
Faz só mil e onze dia.(*)

Antes disso eu tinha emprego,
Que era na Prefeitura
Orra, que vida mais dura!
Porque uma vez, todo mês,
Eu tinha que aparecê
Pra recebê o salário.
Mas, no desempenho diário,
Outro assinava por mim
E eu ganhava a vida assim.

Só que, depois de seis ano,
Mudô o prefeito e o sacana
Resolveu me atazaná.
E o filho de ratazana
Atrapalhô os meus plano
Me obrigando a trabalhá.
Ele disse que acabava
Com funcionário fantasma.
Eu, vendo o que se passava,
Tive um ataque de asma,
De pressão alta e gastrite
Somei uma bruta gripe,
Precisei ser internado!
Aí eu fiquei encostado,
Por mais dois ano somente,
Porque morreu de repente
O doutor que me atestava,
Que era com quem eu rachava
O salário que eu recebia.

Depois disso, que remédio?
Fui trabalhar, mas que tédio!
Eu tentei, mas foi um horror
Dá uma de trabalhador.
Eu só agüentei uns três dia:
Me deu uma bruta alergia,
Porque afinal, camarado,
Nunca eu tinha trabalhado
E a minha saúde fraca
Não aguentou a urucubaca.

E o prefeito, que maçada!,
Arranja umas papelada,
Me põe no olho da rua
Com uns papel que me autua
Por funcionário fantasma.
Tive outro ataque de asma
E o desgraçado só se riu
E me mandou, na gargalhada,
Lá pra puta que pariu!

Assim foi que eu, azarado,
Acabei desempregado,
Não tendo culpa de nada.
Oito ano e caquerada
De funcionário exemplar
E lá fui eu se danar,
Por culpa de um mau prefeito,
Que quis fazer seu cartaz
Em cima de um home direito
E acabô com a minha paz.

Hoje eu tento trabalhar,
Mas não tá fácil serviço!
Eu me preocupo com isso,
Chego até a procurar
Umas duas vez por ano.
Mas eu é que não me engano,
Pois, quando tem bom salário,
Tem que tê um trampo diário.
E a minha saúde é fraca:
Não resiste, logo ataca,
Se trabalhar todo dia,
A maldita da alergia!


Agora o povo, os danado,
Fala que eu sô é um folgado,
Que eu vivo só pra orgia.
Que eu durmo até meio dia
E ainda acordo sonado.
E mais, que eu sô sustentado
Pelas cabrocha que eu trato.
Eu trato elas bem de fato,
Sei dá chamego e carinho.
Se elas me dá uns presente
E até mesmo uns troquinho,
Eu aceito bem contente,
Pro rango e pra gasolina
Do carrinho que eu ganhei
Da velha lá da oficina.
E dizem que não trabalhei!
O povo não sabe nada,
Não sabe o duro danado
Que eu dô, por que sô obrigado:
Não viu a velha pelada!

Eles por cima ainda fala
Que eu só vivo bocejando.
Ora, por que eles não se cala?
Tão sempre me caluniando.
Eles não sabe, afinal,
Que se eu bocejo assim,
Não é por que eu durmo mal
Mas é que as mina tem, por mim,
Verdadeira fixação. 
Deixa eu explicá, então,
Porque que que eu bocejo tanto.
Os que diz que é só preguiça,
Não sabe a metade da missa!
Não, a coisa é um espanto,
Coisa que nunca termina,
Porque a culpa é só das mina:
Que ELAS ME BOTA QUEBRANTO!

(*) 1011 dias = 2 anos, 9 meses e 6 dias  

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