sexta-feira, 18 de janeiro de 2013


SAL E AÇÚCAR: O AMARGO DOCE ENGANO - Parte 1
Ou: Sua Tragédia Oculta de Todos os Dias (*)
MILTON  MACIEL

Você é envenenada, se envenena e envenena todos os seus, sabia? Pois é, você faz isso todos os dias e nem se dá conta! Com o amargo do sal, com a doçura do açúcar. Há muito tempo que seu paladar foi corrompido, você era criancinha. Há muito tempo que você corrompeu o paladar dos seus filhos também. Simples assim. Trágico assim.


Em nossa dieta contemporânea, nós estamos acostumados a usar quantidades absurdas de sal e de açúcar em nossos alimentos. Naqueles que salgamos ao preparar ou salgamos complementarmente à mesa. E naqueles que adoçamos ao preparar ou adoçamos complementarmente à mesa. Saleiro e açucareiro são nossos instrumentos diários de corrupção. Acrescentamos sal demais, acrescentamos açúcar demais. Como um vício, uma adição, que vem crescendo a cada década mais e mais.

Melzinho na chupeta, açúcar na mamadeira, açúcar no suquinho, balinha e chocolate; Logo depois vem o pior de tudo, chega muito cedo o grande vilão: o refrigerante. Pronto, já preparamos nosso bebezinho inocente para ser mais um freguês garantido, dentro de um certo e nem sempre curto tempo, do círculo vicioso infernal:

Comida, gordura, balança, dieta, remédio, fracasso – Comida, gordura, obesidade, balança, remédio, remédio, dieta, magia, fracasso – Comida, colesterol, hipertensão, diabetes, balança, remédio, remédio, remédio, dieta, super-magia, super-fracasso, ioiô, sanfona...

Muitas vezes vem a cirurgia bariátrica. Outras, o menos glamuroso e corriqueiro enfarte. Há ocasiões em que a coisa termina tão mal que o resultado acaba sendo a única dieta suprema e infalível, aquela que garante a maior perda de peso possível na vida: a cremação! Quer dizer, nesse caso não é bem na vida...

Pois é, tudo começa ali na mais tenra infância, com a ajuda decisiva da mamãe e da vovó, do papai e do titio. Com toda a boa vontade, com todo amor e carinho, eles nos passam o mesmo tenebroso condicionamento que lhes foi imposto por seus pais, avós e parentes, com todo amor e carinho, com toda a boa vontade. E La nave va...

Mas isso é só a ponta do iceberg. Se tudo se resumisse a colocar uma mortífera (sossega, a morte é lenta!) dose de açúcar refinado na boca todo dia, seja na forma de alimento ou bebida, seja na forma de pó branco de açucareiro à mesa, até que a coisa, apesar de muito grave, não seria tão TÉTRICA! Mas acontece que ela é. Porque existe o tal do AÇÚCAR ADICIONADO.

E esse não é você que coloca, quem o faz é a INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA. Aí esse açúcar adicional vira o INIMIGO OCULTO. Sim, porque os caras da indústria tentam escamotear de você essa adição. Eles sabem que, se avisarem você que adicionaram MUITO açúcar nos alimentos que eles fabricam, você vai ficar com um pé atrás. E aí eles vão perder vendas, o que é anátema para eles. Por muito tempo eles nadaram de braçada, enganando você na maior cara de pau. Depois, de uns tempos para cá, eles passaram a ser obrigados a prestar essa (e outras) informações aos consumidores, através das tabelas nutricionais obrigatórias, impressas na embalagem. Bem, aí é claro que, nos primeiros tempos, aumentou astronomicamente a venda de lupas no mercado, porque sem elas era impossível ler as letrinhas e os perigosos (para eles e para você) numerinhos das tabelas.

Agora eles têm normas para imprimir as tabelas, têm limite mínimo de corpo de letra, mas, os que são desonestos, ainda têm muita margem para manobra. Muitos se escondem na nomenclatura, uma forma de manter o consumidor, que graças a Deus não é obrigado a ser nutricionista profissional, no escuro. Outros, mais safados, conseguem imprimir letra azul escuro sobre fundo azul escuro e tornam a parte crítica da tabela ILEGÍVEL! Malandros e criminosos há em toda parte, não importa a cor do colarinho que usem.

Então, no segundo capítulo desta série, eu vou tratar de compartilhar com meus leitores alguns segredinhos, alguns macetes, para tornar a leitura das tabelas mais produtivas. Vamos identificar esse terrível inimigo oculto, o AÇÚCAR ADICIONADO.

E aí vamos aproveitar e continuar na mesma praia, identificando o outro coleguinha dele, o outro inimigo oculto tão ou mais sério que ele, que é o SAL ADICIONADO.

Na sequência, eu vou fazer questão de mostrar para você que aquele leitinho doce do peito da mamãe, aquela mamadeirinha adoçada, aquele suquinho adoçado e tudo mais que se põe na boca da criança, não funciona apenas como um condicionante físico, capaz de gerar adição. Muito pior do que isso, é o condicionamento PSICOLÓGICO que isso alimenta e amplia, uma vez que aí vamos estar enfrentando o PIOR DE TODOS OS INIMIGOS OCULTOS: o processo de dependência PSICOLÓGICA do alimento como fonte de prazer e compensação. Nesta parte, vou me basear no novo trabalho que desenvolvemos, a psicóloga Michele Bernardes e eu, chamado THE MENTAL PILL.

Mas primeiro vamos começar pelo lado físico, como se nós não fôssemos complexos bichos constituídos por um continuum psico-corporal. É mais fácil...

(*) Série baseada no livro:
A SOPA QUÍMICA, Nossa Alimentação Suicida – MILTON MACIEL – IDEL, 2008)




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