SAL
E AÇÚCAR: O AMARGO DOCE ENGANO - Parte 1
Ou: Sua Tragédia Oculta de Todos os Dias (*)
Você é envenenada, se envenena e envenena
todos os seus, sabia? Pois é, você faz
isso todos os dias e nem se dá conta! Com o amargo do sal, com a doçura do
açúcar. Há muito tempo que seu paladar foi corrompido, você era criancinha. Há
muito tempo que você corrompeu o paladar dos seus filhos também. Simples assim.
Trágico assim.
Em nossa dieta contemporânea, nós estamos
acostumados a usar quantidades absurdas de sal e de açúcar em nossos alimentos.
Naqueles que salgamos ao preparar ou salgamos complementarmente à mesa. E
naqueles que adoçamos ao preparar ou adoçamos complementarmente à mesa. Saleiro
e açucareiro são nossos instrumentos diários de corrupção. Acrescentamos sal
demais, acrescentamos açúcar demais. Como um vício, uma adição, que vem
crescendo a cada década mais e mais.
Melzinho na chupeta, açúcar na mamadeira, açúcar
no suquinho, balinha e chocolate; Logo depois vem o pior de tudo, chega muito
cedo o grande vilão: o refrigerante. Pronto, já preparamos nosso bebezinho
inocente para ser mais um freguês garantido, dentro de um certo e nem sempre
curto tempo, do círculo vicioso infernal:
Comida, gordura, balança, dieta, remédio,
fracasso – Comida, gordura, obesidade, balança, remédio, remédio, dieta, magia,
fracasso – Comida, colesterol, hipertensão, diabetes, balança, remédio,
remédio, remédio, dieta, super-magia, super-fracasso, ioiô, sanfona...
Muitas vezes vem a cirurgia bariátrica. Outras,
o menos glamuroso e corriqueiro enfarte. Há ocasiões em que a coisa termina tão
mal que o resultado acaba sendo a única dieta suprema e infalível, aquela que
garante a maior perda de peso possível na vida: a cremação! Quer dizer, nesse
caso não é bem na vida...
Pois é, tudo começa ali na mais tenra
infância, com a ajuda decisiva da mamãe e da vovó, do papai e do titio. Com
toda a boa vontade, com todo amor e carinho, eles nos passam o mesmo tenebroso
condicionamento que lhes foi imposto por seus pais, avós e parentes, com todo
amor e carinho, com toda a boa vontade. E
La nave va...
Mas isso é só a ponta do iceberg. Se tudo
se resumisse a colocar uma mortífera (sossega, a morte é lenta!) dose de açúcar
refinado na boca todo dia, seja na forma de alimento ou bebida, seja na forma
de pó branco de açucareiro à mesa, até que a coisa, apesar de muito grave, não
seria tão TÉTRICA! Mas acontece que ela é. Porque existe o tal do AÇÚCAR
ADICIONADO.
E esse não é você que coloca, quem o faz é a
INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA. Aí esse açúcar adicional vira o INIMIGO OCULTO. Sim,
porque os caras da indústria tentam escamotear de você essa adição. Eles sabem
que, se avisarem você que adicionaram MUITO açúcar nos alimentos que eles
fabricam, você vai ficar com um pé atrás. E aí eles vão perder vendas, o que é
anátema para eles. Por muito tempo eles nadaram de braçada, enganando você na
maior cara de pau. Depois, de uns tempos para cá, eles passaram a ser obrigados
a prestar essa (e outras) informações aos consumidores, através das tabelas
nutricionais obrigatórias, impressas na embalagem. Bem, aí é claro que, nos
primeiros tempos, aumentou astronomicamente a venda de lupas no mercado, porque
sem elas era impossível ler as letrinhas e os perigosos (para eles e para você)
numerinhos das tabelas.
Agora eles têm normas para imprimir as
tabelas, têm limite mínimo de corpo de letra, mas, os que são desonestos, ainda
têm muita margem para manobra. Muitos se escondem na nomenclatura, uma forma de
manter o consumidor, que graças a Deus não é obrigado a ser nutricionista
profissional, no escuro. Outros, mais safados, conseguem imprimir letra azul
escuro sobre fundo azul escuro e tornam a parte crítica da tabela ILEGÍVEL!
Malandros e criminosos há em toda parte, não importa a cor do colarinho que usem.
Então, no segundo capítulo desta série, eu
vou tratar de compartilhar com meus leitores alguns segredinhos, alguns
macetes, para tornar a leitura das tabelas mais produtivas. Vamos identificar
esse terrível inimigo oculto, o AÇÚCAR ADICIONADO.
E aí vamos aproveitar e continuar na mesma
praia, identificando o outro coleguinha dele, o outro inimigo oculto tão ou
mais sério que ele, que é o SAL ADICIONADO.
Na sequência, eu vou fazer questão de
mostrar para você que aquele leitinho doce do peito da mamãe, aquela
mamadeirinha adoçada, aquele suquinho adoçado e tudo mais que se põe na boca da
criança, não funciona apenas como um condicionante físico, capaz de gerar
adição. Muito pior do que isso, é o condicionamento PSICOLÓGICO que isso
alimenta e amplia, uma vez que aí vamos estar enfrentando o PIOR DE TODOS OS
INIMIGOS OCULTOS: o processo de dependência PSICOLÓGICA do alimento como fonte
de prazer e compensação. Nesta parte, vou me basear no novo trabalho que
desenvolvemos, a psicóloga Michele Bernardes e eu, chamado THE MENTAL PILL.
Mas primeiro vamos começar pelo lado
físico, como se nós não fôssemos complexos bichos constituídos por um continuum
psico-corporal. É mais fácil...
(*) Série
baseada no livro:
A SOPA QUÍMICA, Nossa Alimentação Suicida –
MILTON MACIEL – IDEL, 2008)
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