MILTON
MACIEL
Num dia 1º de
janeiro nada melhor do que fazer os clássicos votos de Ano Novo. Eu sei que você
vem fazendo isso também desde a véspera. Porque todo mundo faz e fica chato você
não fazer também. Só que eu não estou falando dos eternos votos de Feliz Ano
Novo que você e todos os outros fazemos. Que são geralmente um boca-pra-fora
que a gente aprendeu, desde criancinha, que é nossa obrigação fazer.
Por isso você, enquanto se encolhe e pisca, com medo que a rolha da garrafa de champanhe fure sua córnea, esfrega sua face na face daquela falsa da sua cunhada, aquela naja que espalha por aí que você é uma falsa, uma víbora, arma o beicinho para o beijinho no ar e diz, na beatitude do seu melhor sorriso: “Feliz Ano Novo, meu amor”. Ao que ela responde candidamente “Pra você também, querida.”
Por isso você, enquanto se encolhe e pisca, com medo que a rolha da garrafa de champanhe fure sua córnea, esfrega sua face na face daquela falsa da sua cunhada, aquela naja que espalha por aí que você é uma falsa, uma víbora, arma o beicinho para o beijinho no ar e diz, na beatitude do seu melhor sorriso: “Feliz Ano Novo, meu amor”. Ao que ela responde candidamente “Pra você também, querida.”
Na
verdade, você está desejando que ela tenha, em 2016, a mais terrível
aterrissagem na rua da amargura. Ao passo que ela, mais sutil e mais bem-educada,
está desejando apenas que você se foda. Se possível de verde e amarelo. Se
possível numa passeata de verdes-amarelos onde um enorme PM jogue spray de
pimenta no seu olho, de preferência no olho do seu... Ah, não, deixa pra lá, não
é nada disso que eu quero enfocar aqui. Não é esse tipo de voto de Ano Novo!
O voto de Ano
Novo a que me refiro e aquele que você faz todos os Anos-novos desde que ficou
adulto. Voto de melhorar, cara. De dar duro para se corrigir, para progredir.
Como deixar de fumar, emagrecer aqueles trinta e oito quilinhos a mais, que
eram só cinco quando você começou a fazer votos anos atrás; conseguir chegar no horário, parar de mentir
tanto (afinal, como explicou Nelson Rodrigues, “os homens não mentiriam tanto
se as mulheres fizessem menos perguntas”); deixar de trair sua mulher com sua amante,
deixar de trair sua mulher e sua amante com seu namorado, fazer deste Ano Bom aquele
em que, finalmente, como vem se prometendo há tantos outros, você escancara a porta
do armário, salta pro mundo e se assume, santa!
O problema com
os autovotos de Ano Novo é que a gente nunca consegue cumpri-los. Daí porque
eles fazem tanto sucesso: é que eles têm vida eterna. “Não, agora é sério,
desta vez vai, desta vez eu digo praquele muquirana que ele enfie esse
empreguinho que ele me dá no rabo e vá se ferrar!” Lembra? Foi seu voto de
2008! O bom é que ele ainda está em pé. Como a maior parte dos nossos votos de
Ano Novo, aliás. Eh, furada!
Então,
sinceramente, eu lhe desejo bons autovotos para 2016 (Não, eu estou rindo de outra
coisa, desculpe, não é de você, lembrei de uma piada antiga, só isso.)
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