segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

LUA  OCULTA – 40  
MILTON MACIEL  
40 – SABÁ E SALOMÃO
Fim do cap. 39: "O médico levou Adolfo Schlikmann para seu hospital. O braço foi então imobilizado e o paciente levado de volta para casa, com instruções de evitar pisar com o pé machucado e manter o braço na imobilização por alguns dias."

De volta à solidão do seu escritório, Adolfo Schlikmann começou, aos poucos, a custo, a se refazer da dura decepção. Num instante estava encantado olhando aquela bunda maravilhosa, aquelas coxas branquinhas, o ferro em riste pronto para abordar, se sentindo dono e senhor do mundo, grande tesão da mulherada, o futuro amante da nora lindíssima. No instante seguinte, viu-se submetido a todas aquelas barbaridades, sendo vítima do ódio recolhido de uma mulher que ele havia forçado a ser dele por um bom tempo. E estava ali, cheio de dores, desconfiado que as pessoas podiam pensar que, de fato, ele apanhara da loira. E sem a menor possibilidade de se vingar da garota, por causa daquelas malditas fotografias de onze anos atrás.
 
O velho Schlikmann começou a ligar os pontos, fez alguns telefonemas, entre eles um para o Dr. Aristides Lobo. O velho Lobo do Lar confirmou algo de que ele desconfiara. Sim, o homem por trás da força súbita que o promotor tivera, no caso de delegado Amaral, era o paulista dono da Teles Automóveis. Ele havia conseguido falar com o assessor corrupto do Secretário de Segurança, em Florianópolis e este lhe dissera, com a maior desfaçatez, que o acordo que tinha com Lobo e com Silva, para manter o processo contra Amaral dormitando placidamente na gaveta, havia sido irremediavelmente rompido, porque “um valor mais alto se alevanta”. Muito cara de pau! Mas não tivera pudor nenhum em dizer de quem era o cheque administrativo que ele havia descontado: de Celso Teles! Foi a gota d’água.


Pragmático, Schlikmann viu que era a hora de esquecer divergências e restaurar alianças. Ligou para Valdemar Silva e convenceu-o a vir urgentemente até sua casa, para confabular. Havia um grande perigo no ar e eles tinham que eliminar esse perigo imediatamente, antes que fosse tarde demais.


Leon estava em seu quarto, pensando em Jeniffer, quando viu, pela janela, chegar um automóvel diferente, luxuosíssimo, e dele descer o pai de Larissa. Achou muito engraçado ver o pitoco todo enfaixado do lado esquerdo. Mas aí se tocou que seu pai havia chegado em casa pouco tempo atrás exatamente assim, enfaixado do mesmo lado. As bandagens eram absolutamente idênticas, provenientes do mesmo médico, o Dr. Bernardo. Só que uma era originária de uma surra que a bela Gládis havia dado no baixinho. E a outra, de uma queda que seu pai tinha levado enquanto estava no escritório com Larissa. Isso é o que as empregadas haviam lhe contado. 


Ops! Será que Larissa também podia ter feito?... Não, isso era absurdo, não fazia o menor sentido! Sua Lissinha nunca tinha sido de violência, era um doce de menina, sempre fora. Mas que era coincidência demais, lá isso era. Além do mais, seu pai chegara mancando, usando uma muleta canadense, não podia apoiar o pé do tropeção no chão. Era óbvio que tinha tropeçado mesmo.


Mas então Leon ficou preocupado com a finalidade da visita de Valdemar Silva. Por toda a jurisprudência anterior, o assunto só podia ser um: casamento! Sentiu o perigo: os coroas estavam de novo tramando para forçar a barra, o casamento dele com Larissa. Algo que ela não queria. E ele, muito menos. Casamento, agora, só se fosse com Jeniffer, se ele tivesse peito pra de enfrentar o velho, a família, a cidade, o mundo... 


E, pelo jeito, parece que ele ia ter que arranjar esse peito, essa coragem que ele nunca tinha tido. Porque Jeniffer começava a dar sinais de que cederia. Parecia até mentira, mas aquela tremenda gata, aquele mulherão , aquela cabeçona de gênio, parecia que estava entrando na dele. Persistência e charme eram as suas armas. Sua beleza incomum, também. Percebia – e ela não fazia segredo disso – que ela se derretia com a beleza dele. Nisso era como todas as outras, era difícil que alguma resistisse.


 Mas no resto, ela era muito diferente. E esse resto consistia apenas numa única coisa: ele estava louco por ela! Como nunca estivera por nenhuma outra na vida, nem mesmo por Larissa. Aliás, Larissa era só uma amiga, uma amiguinha querida, uma companheirinha de toda uma vida, que ele adorava. Sentia por ela um amor genuíno, inteiro, gostoso. Gostava de transar com ela, também. Mas a transa entre eles era só mais uma das suas inúmeras brincadeiras de criança. Eles não transavam como adultos. Nunca transaram com paixão, com volúpia, com entrega total. Na verdade, percebia-o claramente há anos, nunca foram apaixonados um pelo outro.


Mas ele agora estava apaixonado. Apaixonadíssimo. Babava por Jeniffer. E isso tinha acontecido magicamente desde o primeiro momento, quando ficara acompanhando aquela enorme demonstração de inteligência, conhecimento técnico, domínio do idioma alemão e classe. Sobretudo classe! Nada mais justo que as suas colegas a chamassem de rainha. Ela era mesmo uma rainha, tinha a majestade impressa em todos os seus atos e palavras.


E, como se não bastasse, tinha a bunda mais maravilhosa que ele já tinha visto numa mulher. E ele era louco, fissurado, absolutamente doido por bunda de mulher! Transar com uma mulher só pela frente, para ele, não fazia o menor sentido. Ele transava para satisfazê-las, mas só enquanto esperava o momento do melhor, a penetração por trás, a possibilidade de esvair-se em gozo dentro de uma mulher, sem preocupação com engravidá-la. Desde que ela concordasse e gostasse de verdade, é óbvio, caso contrário nada disso aconteceria.


A bunda de Jeniffer, por si só, já tinha majestade. Era alta, empinada, totalmente perfeita, sem nada a mais ou a menos. Não era só ele que achava isso, até as mulheres diziam a mesma coisa também. E, para maior dos pecados, ainda tinha aquelas coxas lustrosas, com um brilho que só a pele escura dela podia ter. E aquelas pernas de um torneado inigualável. E caminhava sobre elas com um jeito que só as rainhas podem ter.


Larissa era, indiscutivelmente, a dona do mais lindo rosto do mundo. Gládis parecia uma serpente se movimentando, era pura sensualidade, um corpo de violão impressionante. E era alta, mais alta do que as outras. Tinha também uma massa corporal invejável, “aquele tipo de mulher que, quando você pega nos braços, sente cada músculo volumoso e bem definido do corpo dela. Um tesão!” 


Larissa, não. Larissa não dava tesão, dava vontade apertar suavemente e ficar olhando, olhando, olhando praquela carinha de anjo. Larissa era fada. Mas Jeniffer era foda!


Era foda aquele conjunto todo: bunda, coxas, pernas, porte e andar de rainha. E o rosto, então? O que era aquela boca, aqueles lábios grossos e delicados ao mesmo tempo, com aquele desenho de uma geometria impecável, senão a pura representação da sensualidade? E os dentes? Alguém podia ter dentes perfeitos como os dela; mas, contrastando com aquela pela escura? Isso nenhuma mulher que ele já tivesse visto tinha.


E aí vinha a pele escura. Esse era o único defeito de Jeniffer. Para os outros! Não para ele, que nunca tinha sentido preconceito de cor, que tivera tantos colegas mulatos e negros, que já tinha comido tantas mulatas e negras também. Eram mulheres perfeitas, em tudo iguais às brancas, nada tendo de melhor ou de pior. E ele era a maior autoridade em mulher nessa cidade. Nenhum homem ali tinha comido tantas mulheres como ele, perdera a conta quando ainda tinha uns vinte anos.


Era mentira que as mulatas eram mais quentes que as brancas. Era mentira que as negras só pensavam em meter e meter. Tudo palhaçada. Eram criaturas absolutamente normais, havia negras, brancas e mulatas absolutamente taradas por sexo. E as havia igualmente muito mais frias, comedidas, inibidas. 


Cada mulher, a seu modo, era uma fonte de mistério. Cada mulher era uma criatura em si fascinante, cada mulher, branca, preta, parda, amarela, verde, roxa, merecia aquela exploração cuidadosa de um território novo e virgem. Podia ser uma virgem de fato, podia ser uma puta quilometrada, mas era uma mulher antes de mais nada. Ele sempre tivera um respeito imenso pelas mulheres, vivera toda a sua vida em função delas. Sempre estivera buscando em cada uma delas algo que não pudera jamais encontrar.


E agora, súbita e inesperadamente, num bendito dia, no bendito recinto daquela firma maravilhosa que Celso Teles tinha trazido para Amarante, ele havia deparado com a mulher perfeita, a mulher dos seus sonhos. Ela existia! E era negra. De um negro lindo, perfeito, brilhante. De si mesmo, sabia que nunca fora preconceituoso como aquele nazista idiota do seu pai, mas nunca podia imaginar que gostasse tanto de negra. 


O único problema que surgia aí é que ele ficava muito intranquilo: ele adorava a inteligentíssima Jeniffer inclusive por ser negra. Mas e ela?  Será que seria fácil para ela gostar de um branquelo desbotado como ele? Será que não era muito mais fácil, muito mais espontâneo para uma negra gostar de um homem igualmente negro? Ou mulato claro, no máximo?


Esse era o seu grande problema. O medo de ser branco demais para poder ser amado por Jeniffer, a negra. Mentira para Larissa quando lhe disse que tinha viajado para Curitiba, para tratar de assuntos do pai. Na verdade, ele tinha ido para a praia de Garopaba, ali perto, em Santa Catarina mesmo, tentar se bronzear um pouco – ainda que, nos primeiros dias de sol, ele só ficasse vermelho como um camarão cozido. 

Era também para se dar um tempo longe da fonte do seu desassossego e tentação. Será que, ficando uma semana longe dela, ele ainda sentiria tanta atração? A resposta viera rápida: a atração só tinha aumentado. E a bendita, sonhada cor bronzeada não havia chegado nem ao vermelho-camarão inicial: Sete dias de nuvens, garoas e chuva esparsas, nem um solzinho tímido para, ao menos, se queimar com o mormaço. 


Mas aquela estada na praia, aquele exílio voluntário servira também para outra coisa. Pela primeira vez ele ficara completamente indiferente às outras garotas na praia, muitas delas belíssimas, que vinham, como sempre, se oferecer e puxar papo com ele. Tratou a todas com delicadeza, mas não deu corda em nenhuma. No sétimo dia, quando apareceu na sua frente, no lobby do hotel, uma jovem negra que, soube depois, viera apresentar um trabalho num congresso médico, ele sentiu um aperto no peito e decidiu! Cancelou suas férias forçadas e dirigiu feito um louco de volta para Amarante. 


Estava decidido. Era tudo ou nada. Nunca teria Jeniffer se não fizesse isso que ia fazer. Ela nunca acreditaria nele, sabendo da sua fama de galinha, que chegava quilômetros à frente dele em qualquer lugar, se ele não ousasse o máximo. Iria pedi-la em casamento, assim de forma direta e fulminante! Ela poderia não aceitar, o que seria o lógico a esperar. Mas não poderia deixar de levá-lo a sério. Porque ele estaria falando a verdade!


E tinha sido exatamente isso o que ele havia feito. Só não contava que fosse ter tanta sorte, porque não só Larissa, como a própria Gládis, a que tinha fama de biduzona, haviam endossado o seu pedido – o de, pelo menos, almoçar com Jeniffer.


O almoço


A conversa precedente ao almoço tinha transcorrido de forma normal, morna, sem grandes assuntos até que Leon, já quase descontrolado, ousou tocar a mão de Jeniffer e segurá-la na sua. A moça olhou para as mãos com um sorriso nitidamente triste e disse:
 

– Bem, garoto, agora você está vendo que quer dizer preto no branco.


– Por que você diz isso, Jenny? Posso chamar você de Jenny, como as meninas fazem? – ela fez que sim com a cabeça e ele seguiu – Por que isso é tão importante para você? Você tem preconceito de cor contra branco?


Agora o sorriso ficou mais triste ainda:


– Eu acho que não, não tenho bem certeza, tive poucos envolvimentos com homens brancos, sempre tratei de me preservar. E nunca com um copo-de-leite tão branquinho como você, garoto. 


– Vamos combinar uma coisa: eu chamo você de Jenny e você não me chama de garoto, tá?


– Hum, mas por que, garoto?


– Porque eu já tenho 29 anos, não tenho mais idade para ser garoto e, definitivamente, por sua causa, eu não quero mais ser garoto. Quero ser homem. O seu homem, Jenny!


– Ufa, que apressadinho! E quem disse que eu quero?


– Ninguém, claro. Mas é o que eu mais quero que você queira. Se você está livre e desimpedida, como disse no meu microfone, lá no campo, então não tem nada melhor em vista no momento. Por que não tentar algo diferente desta vez?


– E entrar na onda mais natureba de só comer carne branca, como franguinho de leite?


Foi a vez de Leon Schlikmann encarar sua parceira com um olhar muito triste. Ela acusou. Ele seguiu:


– Você brinca assim por crueldade, ou para me fazer desistir de você? Pois eu lhe aviso que não vou desistir, enquanto eu puder ter um fiozinho que seja de esperança. Mas lhe garanto também que nunca vou desrespeitar você. Se você me mandar embora com um argumento sólido, do tipo “detesto você” ou algo pior, se é que isso é possível, então eu desapareço. Mas, se você não quer me dar uma chance porque eu sou branco e você negra, então eu não vou parar de importunar você. Porque isso não é argumento para negar a nós dois uma chance de vivermos algo muito bom.


– Olhe, menino, eu não vou dizer algo como “detesto você”, porque isso não é verdade. Pelo contrário, eu até admiro muito você. Antes de hoje, só por sua beleza absurda, como todas as mulheres aliás, não tem valor nenhum. Mas, a partir de hoje, pela sua coragem de propor uma relação tão concreta com uma negra que você mal conhece. Uma negra que pode trazer muita, muita encrenca para a sua vida, tão boa até agora. E uma negra que também não está a fim de complicar a vida dela, por se relacionar com um branco que é o xodó das mulheres todas de Amarante e, pior, que é o herdeiro da afamada grife Schlikmann.


–  Você não me repele e isso já maravilhoso. Mas você tem medo de sofrer por causa dos outros. Eu tenho medo de sofrer por sua causa, medo que você não chegue a me amar nunca. Mas eu não tenho medo dos outros. E olhe que você já está acostumada, desde criança, a encarar essa maldade nos outros. Eu, não. Vai ser a primeira vez; mas eu não tenho medo, pelo contrário, é o que eu mais quero, porque isso significa que você me deu uma chance. E, por você, eu enfrento tudo e todos, até aquela múmia do gelo que é o velho Adolfo. Ainda mais agora que eu vi, com meus próprios olhos, a Larissa dar uma pinoia praquela outra múmia, o ignorante do pai dela e se mandar para morar lá na Sonia com vocês. 


– E você tomaria a Larissa como exemplo e estímulo?


– Com toda certeza. Ela conseguiu um trampo legal, não precisa mais do dinheiro daquele miserável. Eu nem isso preciso conseguir, embora ache que deva tentar, para crescer até à altura em que você está. Mas eu tenho minhas reservas, um dos maiores imóveis de aluguel está no meu nome. E um apartamento pequeno também. Eu tenho uma renda que, para um cara solteiro ou para um casal, é muito boa. Eu tenho essas propriedades, em resumo. Não vou sair do zero, assim que eu deixar aquela casa. E meu pai me deserdar, com toda certeza.


– Uau! E você está disposto a deixar a casa da família assim? E até ser deserdado?!


– Se você me aceitar, vai ser inevitável, e é a primeira consequência, é automático.


– Caramba, menino. Olhe que dá vontade de topar só de brincadeira, só pra ver o circo pegar fogo em Amarante. Só pra enfiar mais um desaforo goela abaixo naquele seu pai insuportável.


– Pois aceite, então, e eu faço todo o resto. Só me dê uma chance, mesmo que, no começo, seja só de brincadeira. E eu garanto que vou transformar tudo em uma relação muito séria. E aí pode ser uma barra, você pode sofrer, eu posso sofrer. Mas veja bem: sofrer por causa dos outros, nunca por nossa causa. A gente se entende, se faz feliz, enfrenta o mundo, se fortalece enfrentando juntos o inimigo comum.


Desta vez foi Jeniffer que colocou sua mão ao redor da mão de Leon e apertou:


–  Desta vez é branco no preto, menino.


–  E isso quer dizer?...


– Quer dizer que eu vou correr o risco de me arrepender de acreditar em você. Quer dizer que eu acho você gracinha demais para deixar só para as outras, sem tirar a minha casquinha. E quer dizer, mais do que tudo, que se a coisa firmar, eu estou disposta a sofrer o diabo, se for preciso. Não vai ser novidade nenhuma pra mim.


– Não. Só vai ser novidade completa pra mim. Pois que venha! Com você, Jenny eu enfrento qualquer coisa e qualquer um. Você não vai se arrepender de confiar em mim.


E foi Jenny que procurou os lábios do seu menino-flor, do seu copo-de-leite, com os seus, quentes lábios carnudos de perdição. Leon subiu instantaneamente ao Céu!


– Só um selinho, menino. Vamos devagar, a caminha vai esperar um pouco. Você concorda?


Se concordo! Tudo o que você quiser, desde que eu esteja junto.  


– Está bom. E agora, que tal a gente pedir a comida? E conversar de outras coisas que não sejam só nós dois?


Pelos dois dias seguintes, Leon e Jeniffer foram vistos juntos, de mãos dadas, trocando leves e comportados beijos em público. O escândalo tinha começado! 


Muito menor do que Leon estava esperando! Encontrou também muita simpatia, por parte de pessoas que nem conhecia. E por parte de gente reconhecidamente preconceituosa que ele, sim conhecia. Como Seu Labarth, o dono da tabacaria e revistaria, um gringo reconhecidamente racista. Pois foi desse Labarth que ele ouviu uma frase surpreendente, dita para uma mulher que estava ao lado dele, no caixa da loja:


– Olhe só, Anita! Mas que coisa boa, tomara que dure bastante, oxalá desse em casamento. Ah, mas eu queria ver a cara daquele nojento do Schlikmann, tendo que engolir a nora preta e um monte de netos mulatinhos.


Conclui que a impopularidade do seu pai era tão grande que fazia muita gente se solidarizar com o filho rebelde, só para fazer afronta ao pai odioso. Há males que vêm para bem mesmo!

CONTINUA





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