MILTON MACIEL
54 – MADAME SILVÁ, A DIGNÍSSIMA VIÚVA
Fim do cap. 53: "O povo jantou esse detalhe: “Bem feito, isso é castigo de Deus, encomenda a morte do outro e vai ele mesmo pros pés-juntos, levado pelo mesmo papa-defunto!”
Foi Fúlvio Rondelli quem levou a má notícia para Diva Silva, sua vizinha
há tantos anos. Chegou à mansão por volta de dez e meia daquela manhã e
preferiu ser curto e direto:
– Dona Diva, aconteceu uma coisa ainda pior com seu
marido. Parece que o coração dele não resistiu a tanta desgraça junta e ele
amanheceu sem vida hoje. Desculpe ter que lhe dar a má notícia assim.
Diva Silva, que tinha o
rosto ainda marcado pela pancada que levara do falecido e usava um aparelho
provisório nos dentes, colocado emergencialmente pelo Dr. Eustáquio, um
dentista local, pareceu ter tido uma vertigem. Apoiou-se no braço de Rondelli,
começou a chorar, mas não fez nenhum berreiro. O italiano esperava que Madame
Silvá, sempre muito dramática, fosse protagonizar uma performance de
prima-dona, do tipo “Me leva junto!”
Mas Diva Silva, com muita
dignidade e um inimaginável autocontrole disse apenas:
– Por favor, vizinho, me dê uns minutos, espere aqui mesmo, preciso
saber muito mais, mas agora tudo o que eu quero é correr pro meu quarto, pro
meu oratório; quero rezar muito pela alma do meu pobre querido. Eu sinto que é
isso o que ele mais precisa neste momento de dor. E eu tenho que pensar
primeiro na dor dele, só depois na minha dor. Ele devia estar sofrendo uma
agonia horrorosa, para morrer desse jeito. Acho que Deus teve pena dele, levou
meu pobre marido antes que ele tivesse que passar por provações e humilhações
muito piores.
Fúlvio ficou esperando, sentado no sofá maior da enorme sala de visitas
da mansão, por mais de meia hora, até a viúva retornar. Ela agora estava
visivelmente desfigurada, muito pálida, os olhos vermelhíssimos de chorar, a
voz entrecortada, o passo vacilante:
– Rezei muito por ele, vizinho. Vou mandar rezar uma missa diária,
durante uma semana, pela intenção da alma dele. É só disso que ele precisa. E,
enquanto eu rezava, acho que Deus abriu meus olhos para minha própria situação.
E eu pude compreender a miserável que eu sou agora, uma solitária para o resto
da vida. Só tenho agora essa filha que, não vamos cobrir o sol com a peneira,
não gosta de mim. Eu sei estou completamente sozinha neste mundo, sem o meu
querido para me proteger e amar. Mas isso não vem ao caso agora. O que importa,
por enquanto, é meu pobre querido, o que nós vamos fazer como funeral e como
homenagem a ele, um cidadão exemplar de Amarante durante tantos e tantos anos.
– A senhora vai fazer o funeral aqui em casa?
– Não, vizinho. Tenho certeza que ele, de onde estiver nos olhando, vai
ficar muito mais feliz se eu fizer tudo na sede da firma dele. Com todos os
funcionários e caminhoneiros autônomos prestando sua última homenagem ao melhor
patrão do mundo, um homem que foi sempre como um pai para todos eles.
Fúlvio Rondelli concordou com a cabeça, porque não podia falar o que lhe
veio à mente: Um pai?! Só se for o Grande
Pai Terrível da mitologia, o grande castrador, o grande autoritário. Um
carrasco, em resumo: esfolando, humilhando e pagando mal o tempo inteiro.
Certamente os funcionários haveriam de desfilar contritos, com cara de choro,
ante o esquife de Valdemar Silva, movidos pela esperança de ainda poderem
manter seus empregos sob a nova direção da viúva.
E, já que não podiam cuspir ou dar um murro na careca do chefe
escarrapachado no caixão, com aquela cara insolente de sempre até depois de
morto, já que não podiam exclamar um exultante “Já foi tarde, filho da puta!”, ou um “Aproveita e vai pro diabo que te carregue!”, então diriam
certamente algumas daquelas frases estereotipadas, que se fala bestamente nesses
momentos, tipo “Meus pêsames” ou “Que pena, um homem tão bom, na força da
idade ainda”.
As pompas fúnebres do milionário foram as mais ricas que Amarante já
viu. Diva Silva não poupou dinheiro e o papa-defuntos teve a maior alegria de
sua vida quando apresentou e recebeu à vista a enorme fatura, a maior que seu
negócio já tinha sido capaz de gerar em mais de vinte anos de existência.
O público presente foi decepcionante, no entanto. Pouca gente apareceu
naquele fim de tarde, menos gente ainda acompanhou a sentinela durante a
madrugada e o sepultamento no dia seguinte. Praticamente só funcionários e
caminhoneiros autônomos ligados à Transportadora. Alguns curiosos, é verdade,
desfilaram também ante o a ataúde aberto, inclusive as “irmãs Cajazeiras”
locais, que não eram três, mas quatro solteironas de mais de sessenta anos, que não perdiam velório e enterro em hipótese
alguma.
Foram somente elas, além de Diva Silva, que choraram de verdade durante
a sentinela. Revezaram-se no posto, ao lado da infatigável Madame Silvá,
durante toda a noite e madrugada. E a viúva, inconsolável, mas mantendo uma
compostura digna de uma madame francesa, só se afastou da cabeceira do caixão
para ir algumas vezes ao banheiro. De resto, ou em pé, ou sentada numa cadeira
simples, esteve o tempo todo no seu posto de esposa dedicada e fiel. Uma
condição que ninguém poderia negar, em toda Amarante, que ela tivesse tido
durante todo o longo casamento com Valdemar Silva.
O exemplo daquela esposa extravasou dos estreitos limites das paredes do
grande salão da Transportadora Real Grandeza, propagou-se Amarante afora na
boca de incontáveis comadres e de outras pessoas, realmente surpresas e
admiradas com tanta firmeza e tanta fidelidade à memória e imagem de um homem
rebaixado, nos últimos dias, a reles bandido perante toda a cidade.
Na manhã seguinte o jornal de Amarante estampou uma foto de meia página,
na capa, mostrando Diva Silva em pé junto ao caixão, semblante mortalmente
triste, os olhos vermelhos, os lábios entreabertos, como se rezasse ou
conversasse com o marido. Ilustrando uma curta biografia, onde só se falava bem
do falecido, havia também uma foto menor, de uns dez anos atrás, onde um
Valdemar Silva menos velho, menos gordo e menos calvo sorria para os leitores,
fazendo-os evocar seus melhores tempos de reinado absoluto em Amarante. Sic transit gloria mundi!
O sepultamento aconteceu às 3 da tarde, no único cemitério local, o da
Santa Casa. Lápides de impressionante volume e beleza haviam sido providenciadas
às pressas por Alcebíades Trancoso, que assumiu o encargo de empreitar a
construção de um grande mausoléu, como jamais existiu em Amarante, onde uma
estátua de anjo, alto, delgado e cabeludo, mas com o rosto de Valdemar Silva,
pairaria, asas amplamente abertas, para assombro, encanto e respeito de todos
os que transitassem por aquele cemitério, em tempos atuais ou futuros. Seria a
derradeira manifestação de opulência e poder de Valdemar Silva, escolhida por
sua dedicada viúva como última homenagem a seu querido.
Padre Olegário esteve presente no velório e novamente no enterro,
proferindo sua bombástica oração, em que relembrou as grandes qualidades de
empreendedor e chefe que o finado Silva havia ostentado em vida. Nenhuma
palavra desabonatória foi dita, nem por ele, nem por qualquer pessoa presente,
que empanasse a memória do homem bom, nobre e digno que o falecido havia sido
durante toda sua longa vida. Muito embora, é claro, todos os presentes,
inclusive o padre – com exceção provável de viúva e das “irmãs Cajazeiras”, as
quatro velhinhas Cavallieri, ingênuas por natureza e carpideiras por vocação –
tivessem o tempo todo em mente as inúmeras patifarias e crimes que o finado
cometera, durante décadas, ali na cidade e no interior.
Mas o maior comentário, o que mais chamou a atenção e o que mais chocou
a maioria das pessoas, contudo, foi algo insólito: a filha do falecido, a
eterna Miss Amarante Larissa Silva, não apareceu em momento algum, tanto no
velório como no sepultamento.
A população se dividiu: muitos a criticavam por sua atitude
desrespeitosa e pouco cristã, não vindo honrar o pai como era dever de todo bom
católico. Algumas ratas velhas de sacristia aproveitaram para jogar as culpas
na religião herege dos luteranos, porque Larissa raramente frequentava a igreja
católica, sendo vista tanto nela quanto na igreja luterana, em igualdade, em
suas raras aparições. Não faltou entre eles quem culpasse diretamente a Tia
Christa, aquela pecadora luterana, irmã da católica devota Diva Silva, que
havia exercido sua péssima influência sobre a pobre menina quando ela era ainda
bem pequena.
Mas uma parte ainda maior do povo ficou do lado de Larissa. Sabiam muito
bem quem tinha sido Valdemar Silva! E sabiam, acima de tudo, das brutalidades
que aquele demônio sempre praticara contra aquele anjinho do Senhor, culminando
com a última agressão covarde poucos dias atrás. Não bastasse isso, ainda havia
tentado matar as duas pessoas que, sabia-se agora a boca corrente, Larissa
Silva mais amava na vida, além de seu padrinho Fúlvio Rondelli: Gládis De Rios,
sua melhor amiga – justamente aquela havia vingado Larissa, quebrando todo
aquele imbecil do seu pai – e Celso Teles, o grande amor de sua vida. Não, não
tinha perdão possível! Nem Larissa e, muito menos, Deus lá no céu, deveriam
perdoar tanta mesquinhez e tanta maldade. Que o Pitoco amaldiçoado ardesse para
sempre nas fogueiras do Cão, nas profundas do quinto dos infernos!
Ainda havia outras pessoas que, embora endossassem o repúdio de Larissa
ao pai, achavam que ela devia ter comparecido às exéquias por solidariedade a
sua mãe. Não lhes passava pela cabeça que a moça, além de não gostar do pai, gostasse
ainda menos de Diva Silva, tivesse verdadeiro horror à mãe maluca, falsa e
manipuladora!
Tanto que, nas negociações que se seguiram, no dia seguinte ao enterro,
para definir a sucessão e o inventário, Larissa foi representada por Lucas, o
contador de Celso Teles. E Diva Silva foi representada por Natanael Bergonzi,
também contador de formação e o segundo homem na hierarquia da Transportadora
Real Grandeza.
Não havia um testamento feito por Valdemar Silva, para sorte de Larissa,
pois o pai estava a ponto de fazer um em que a deserdaria totalmente.
Aplicava-se, portanto, explicou o advogado da família Silva, doutor Aristides
Lobo, o velho Lobo do Lar, a legislação vigente para os casamentos com comunhão
total de bens: a esposa e a filha eram as herdeiras legais, em partes iguais,
de todo o espólio.
O doutor Lobo foi constituído inventariante, de comum acordo, por ambas
as partes. Então veio a inesperada proposta de Diva Silva, para que fizessem de
imediato uma partilha informal dos bens imóveis e da empresa. E também de
valores que o falecido tinha em dólares e ouro, escondidos em casa, num cofre
secreto muito bem camuflado na adega do porão. Assim como grandes aplicações em
títulos na Bovespa, estas claramente documentadas em papéis que estavam com o
contador Natanael.
Surpreendeu a todos a extrema lisura de Diva Silva, ao comunicar e fazer
entregar ao representante de Larissa a relação de todos esses bens. Afinal,
ela, se desonesta fosse, poderia muito bem se apossar de todos os valores em
dólares e em ouro, bastando para isso nada revelar para sua filha. E, na
relação, constava a presença no grande cofre de 108 mil dólares e 28 barras de
ouro de 2 kg cada uma!
Os contadores e o advogado foram unanimes em não colocar esses valores
em dólares e ouro no inventário, seria tolice pagar imposto de transmissão
sobre isso. Ali mesmo, na mesa da primeira negociação, os dólares e os ouro
foram partilhados, passando Lucas, Natanael e o advogado Lobo na casa de Diva Silva
para, junto com ela, retirarem os valores do cofre e permitirem que Lucas os
levasse imediatamente para Larissa.
O restante dos bens móveis e imóveis aguardaria a realização do
inventário. Enquanto isso, a administração da Transportadora ficaria a cargo de
Larissa, visto que a mãe não queria ter absolutamente nada a ver com esse enorme
abacaxi. Tinha horror a negócios e sabia que a filha tinha agora a seu lado
ninguém menos do que o paulista Celso Teles, também ele um grande empresário,
dono de uma estrutura de instalações e pessoas que lhe permitiram manter a Transportadora
funcionando e dando lucro, até que o inventário estivesse resolvido. O fiel
Natanael Bergonzi seria o seu representante nos negócios da Transportadora, era
evidente que o paulista não iria dispensar um funcionário de confiança, com
mais de quinze anos de firma, que sabia tudo a respeito do ramo de transportes
de cargas.
Na verdade, Madame Silvá estava sendo bem clara: Iria aproveitar seus
dólares e mandar vender o ouro imediatamente, transformando o produto da venda
em dólares também. Com esses dólares, iria embora para Paris, sua cidade do
coração, onde tinha certeza absoluta que tinha vivido em sua encarnação
anterior. Diva Silva era uma católica devota, mas isso não a impedia de
acreditar em espiritismo também, aliás, como a maior parte dos católicos
brasileiros.
Em Paris estava o grande apartamento que Valdemar Silva lhe havia
autorizado comprar, quando negociou com ela a desistência de Larissa de sua
carreira de Miss, para casar com Leon Schlikmann. A compra tinha sido feita à
vista e esse era o único imóvel, das dezenas que Silva possuía, que estava no
nome da esposa, por razões de tramitação legal dos documentos na França.
Esse apartamento luxuoso, onde ela havia passado apenas dois curtos
meses de sua vida, iria ser agora seu lar e seu encantamento. Madame Silvá
assumiria, em breve, sua identidade de francesa rediviva! Estava com apenas 46
anos, era ainda uma mulher muito bonita e pretendia investir um bocado daqueles
dólares em cirurgias plásticas e tratamentos de beleza de alta tecnologia, que
a fariam recuperar todo o viço de sua juventude há bem pouco passada.
Naturalmente, não comentou nada disso como os contadores e o advogado.
Quem levou um susto foi Larissa quando, menos de uma hora depois, Lucas
entrou no escritório de Celso Teles, onde ela estava sentada ao lado de seu
amor. Lucas trazia junto seus acompanhantes, o contador Natanael Bergonzi, que
ela conhecia da Transportadora, e o velho Lobo do Lar. Os dois homens mais
jovens carregavam uns estranhos volumes, que pediram licença para abrir sobre a
ampla mesa de Celso. Dali tiraram quatorze barras de ouro, com a marcação 2 Kg
em cada uma. E o Doutor Aristides abriu um outro estranho pacote, improvisado
em uma mala de viagem, com rodízio, de onde retirou 54 mil dólares em notas de
100, 54 pequenos maços de mil dólares cada um.
Ante uma Larissa atônita e um Celso igualmente admirado, os visitantes
explicaram o que significava aquilo: a filha de Valdemar Silva, por ação da
extrema honestidade de sua mãe, acabava de tomar posse de uma pequena fortuna
em dólares e ouro, mas que não era absolutamente nada perto do que viria a
seguir, com a realização e execução do inventário. Se Valdemar Silva havia sido
o homem mais rico de Amarante, agora a cidade tinha as duas mulheres mais ricas
de toda a sua história: Diva Silva e Larissa Silva!
Apenas dois dias depois dessa primeira partilha, Diva Silva embarcou de
Navegantes para São Paulo. E dali, na noite do mesmo dia, pegou o voo da Air
France para Paris. Por ela, terminaria ali, definitivamente, sua relação com o
país dos botocudos e dos tupiniquins, dos alemães e italianos de segunda
classe, os imigrantes. Ao descer do último degrau da escada do avião, em
Roissy-Charles de Gaulle, não teve pejo algum em ajoelhar-se e beijar o
abençoado solo francês, exclamando, para os atônitos passageiros e comissários:
“C´est la Civilization!”
Em sua bolsa de viagem trazia um dicionário e uma gramática franceses.
E, na semana seguinte, começaria seu curso intensivo, com aulas diárias de
francês, Dentro do dicionário o pequeno bilhete que sua filha Larissa tinha lhe
mandado entregar, quando de seu último dia em Amarante.
“Mãe, obrigada por sua honestidade. Desejo que
você possa ser muito feliz em sua nova vida, na cidade do seu coração. Larissa”
Um bilhete curto, formal, mas mesmo assim uma lembrança e um voto de
felicidade. Estava bom assim, valia como despedida, provavelmente não se veriam
mais. Melhor assim, cortava de vez seus laços com o Brasil.
Agora seria uma jovem mulher solteira, o desgraçado sobrenome Silva, o
mais reles e comum do Brasil, para sempre varrido de sua vida. Doravante
haveria de ser chamada somente por seu sobrenome de solteira, este um legítimo
e respeitável sobrenome italiano, vindo de seus ancestrais genoveses, os Simonetti.
Diva Simonetti! Não uma brasileira, nem uma brasiliana, mas uma jovem francesa de
ascendência italiana, uma europeia pura. E uma europeia pura muito rica! Para a qual as clínicas de
beleza e de cirurgia plástica da Europa estariam todas de portas abertas.
Investiria muito em sua beleza, faria todas as intervenções e terapias que lhe
fizessem recuar a idade aparente para, no máximo, 30 anos!
E a jovem Diva Simonetti haveria de encantar os meios da moda e do
colunismo social, abrindo caminho, com seus infinitos dólares e euros, para
ocupar o lugar que merecia na alta sociedade europeia. Como vivia se jactando
para todos aquele lamentável marido primitivo, que tivera que aturar por tantos
anos, ela e a filha precisariam de três gerações para conseguirem gastar todo o
dinheiro dele.
Pois que a filha o fizesse em uma geração e meia. Ela gastaria o seu
todo numa só vida, a vida maravilhosa e regalada que haveria de ter dali em
diante. Não tinha mais filha, seria uma jovem de 30 anos de novo.
E, não tendo mais filha, não nunca
teria netos, não seria nunca avó
– horror dos horrores! – caso se confirmasse o que todos falavam naquela cidade
provinciana e atrasada, que Larissa iria casar muito em breve com o igualmente
milionário Celso Teles.
Ora, as jovens de trinta anos não podem ser avós! Ah, Paris, Paris, o
melhor lugar do mundo para se viver a primavera da vida! E, com certeza, para
viver um grande amor. Ou muitos grandes amores...
CONTINUA
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