domingo, 8 de julho de 2012


A MOÇA DE 21 ANOS
Milton Maciel

Hoje é o seu aniversário: ela faz 21 anos. Olham-na com inveja todas as outras criaturas.

De baixo a contemplam as mais jovens, ainda menores de idade, cobiçosas da maioridade independente que tanto lhes tarda a chegar.

Do alto a observam os velhos. Do alto de sua experiência e do meio de seus lumbagos, ciáticas e artroses, gemem com Taiguara “o lamento amargo do que não fizeram”, invejando-lhe a força e o viço da juventude.

De um pouco mais acima olham-na preocupados os de meia-idade, sem saber se seguem apoiando sua ascensão e desenvolvimento ou se é mais prudente tratar de fechar-lhe logo as portas ao sucesso, antes que seja tarde demais e a perigosa concorrente que se prenuncia venha tomar-lhes empregos, cargos e honrarias.

De igual altura a encaram aqueles de sua mesma faixa etária, despreocupados por que partilham da mesma juventude e, também, porque muitíssimo ocupados a contemplar seus próprios umbigos, como é mandatório para a idade. Mas ainda assim inseguros, porque invejosos do talento incomum que ela demonstra. 

Só dois pares de olhos fitam-na com serenidade absoluta: são os olhos oniscientes do futuro, que antevêem claramente a bela trajetória que sua inteligência, seu talento e sua dedicação a levarão a trilhar, ano após ano, vida afora, para o bem dela mesma e de um enorme número de outras pessoas. 

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