A MOÇA DE 21 ANOS
Milton Maciel
Hoje é o seu
aniversário: ela faz 21 anos. Olham-na com inveja todas as outras criaturas.
De baixo a
contemplam as mais jovens, ainda menores de idade, cobiçosas da maioridade
independente que tanto lhes tarda a chegar.
Do alto a
observam os velhos. Do alto de sua experiência e do meio de seus lumbagos,
ciáticas e artroses, gemem com Taiguara “o lamento amargo do que não fizeram”,
invejando-lhe a força e o viço da juventude.
De um pouco mais
acima olham-na preocupados os de meia-idade, sem saber se seguem apoiando sua
ascensão e desenvolvimento ou se é mais prudente tratar de fechar-lhe logo as
portas ao sucesso, antes que seja tarde demais e a perigosa concorrente que se
prenuncia venha tomar-lhes empregos, cargos e honrarias.
De igual altura a
encaram aqueles de sua mesma faixa etária, despreocupados por que partilham da
mesma juventude e, também, porque muitíssimo ocupados a contemplar seus
próprios umbigos, como é mandatório para a idade. Mas ainda assim inseguros, porque
invejosos do talento incomum que ela demonstra.
Só dois pares de
olhos fitam-na com serenidade absoluta: são os olhos oniscientes do futuro, que
antevêem claramente a bela trajetória que sua inteligência, seu talento e sua
dedicação a levarão a trilhar, ano após ano, vida afora, para o bem dela mesma
e de um enorme número de outras pessoas.
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