DEUS É BRASILEIRO!
Milton Maciel
Que Deus é brasileiro é verdade
que há muito tempo ninguém mais contesta. Os últimos a fazê-lo foram uns
chineses de Macau, que apregoaram aos quatro ventos terem descoberto que Deus
falava, sim, português, mas que tinha um inegável acento lusitano minhoto,
insinuando assim que Sua Santa origem estava, de fato, naquele país
mediterrâneo que colonizou Macau e que, justamente por isso, ele passou a ser conhecido como a
Santa Terrinha.
Mas esse virou um assunto
controverso e, depois da publicação do trabalho do pesquisador brasileiro e
sul-riograndense Vitor Mateus Teixeira, a tese dos chineses perdeu sustentação. eles acabaram botando a viola no saco e voltaram a montar placas de circuito impresso
para exportar para os americanos, o que dá menos aporrinhação e gera muito
mais dinheiro.
Conhecido entre os
conterrâneos como Teixeirinha, possivelmente numa menção desrespeitosa a sua
baixa estatura, o estudioso afirma em sua obra “Querência Amada” (V. M. Teixeira, in Querência Amada, Porto
Alegre, 1982) que “Deus é gaúcho de espora e mango” – sendo
que o tal mango é uma espécie de chicote de montaria. (*) ver bibliografia abaixo
O pesquisador apenas não
soube concluir se esse Divino Cavaleiro - gaúcho de espora e mango - era do
partido político dos Chimangos, que apoiavam o Borges de Medeiros, ou se era do
partido da oposição, os Maragatos (V. M.
Teixeira, op. cit, “ Deus é gaúcho, de espora e mango, foi
Maragato ou foi Chimango”).
Contudo, embora não tenham
conseguido comprovar sua teoria do Deus minhoto, os chineses acabaram por
conquistar alguns adeptos - paradoxalmente no Brasil, onde se sabe que,
indiscutivelmente, Deus é brasileiro. Esses adeptos pertencem a uma
universidade da cidade de Santos, litoral de São Paulo, e afirmam peremptoriamente,
que Deus não só tem inegável sotaque lusitano, mas é também torcedor fanático
da Portuguesa Santista.
Mas isso os gaúchos contestam
com veemência, argumentando com as pífias colocações da Portuguesa Santista nos
campeonatos de futebol de que participa. Porém os santistas dão o troco na
mesma moeda e indagam dos rio-grandenses: Ora,
se Deus é mesmo gaúcho, por que vocês perderam a Revolução Farroupilha?
O que só atiça a revolta da
gauchada, que insiste em afirmar que a Revolução Farroupilha foi perdida em
1845 coisa nenhuma, que eles estão só dando um tempo, mas que em 2045 os imperiais
vão ver o que é bom pra tosse.
Bem, mas melhor é parar por
aqui. Antes que apareça alguém de um país mais ao Sul afirmando que Deus, na
verdade, é de lá; E que corta um tango como ninguém; E que freqüenta La Bombonera habitualmente,
como bom “incha” que é, gritando “Riquelme, Riquelme!”
Guarulhos,
SP – Cumbica, sala V da TAM, em 24/11/11
Nenhum comentário:
Postar um comentário