VOCÊ QUER SER ESCRITOR(A) – Veja aqui como fazê-lo –
parte 7
MILTON MACIEL
PARTE 7 – E um resumo
antes, para não ficar ninguém boiando.
Vamos começar
hoje fazendo uma grande recapitulação geral. Eu já mostrei a você que, no meu
conceito,
Escritor não será
aquele que ESCREVE livros, mas sim aquele VENDE livros
Ou seja, aquele que consegue que seus livros
sejam publicados e vendidos amplamente.
Expliquei que,
se você não consegue a venda de seus livros, você será escritor na teoria, mas
não na prática. E seu material, que pode ser de primeiríssima linha, vai ficar
esquecido – ou na sua gaveta, ou em dezenas de caixas cheias de livros
encalhados na sua garagem, depois que as livrarias os devolverem. De qualquer
forma, você não será conhecido como escritor.
Você vai ter que
andar com um ou mais livros debaixo do braço para provar que é escritor,
mostrando-o às pessoas. Quando você declara, peito empombado, que é
escritor(a), a outra pessoa lhe pergunta logo o seu nome. E quando o ouve, dá
aquele sorrisinho amarelo, dizendo falsamente:
– Ah, João dos
Prazeres Honestos, sei, sim!
Sabe nada! Uma
porque você não é conhecido. Outra porque a maioria dos interlocutores não
estará segura – a maioria dos interlocutores NÃO LÊ, não conhece autores pelo
nome. Talvez seja melhor você dizer que seu nome é Gonçalves Dias ou Castro
Alves, numa dessas a pessoa se lembra de algum “versinho” do tempo da escola,
tipo o “Batatinha quando nasce”, de Gonzallo Diaz, e não sabe que eles já
morreram:
– Veja, gente,
quem está se hospedando no nosso hotel: o Seu Castro Alves em pessoa, aquele
das Espumas Voantes, quanta honra!
Bem, se não tem flutuante,
vai voante mesmo.
Mas você vai persistir,
vai aprender a fazer a coisa acontecer e, quando você disser quem é você, o
cara do hotel exclamará:
– Puxa, o João
dos Prazeres Honestos em pessoa! Claro que eu já li, duas vezes por sinal, o
seu “Manual da Cafetina Perfeita”! É demais, até já convenci minha mãe a entrar
no ramo.
Bingo, sucesso! O
pessoal anda lendo você, João. Agora é só ficar de olho bem aberto para os
acertos que a editora tem que fazer com você, OK?
Mas eu mostrei
também que você pode ser escritor profissional, bem remunerado, sem jamais
publicar um livro. Porque existe mais de uma dezena de outras atividades que lhe
permitem ganhar a vida com o que você escreve, sem ter que publicar um único
livro seu de ficção ou não ficção. Você escolhe. Não esqueça. A gente ainda
volta a esse assunto depois.
Aí entramos no
assunto LIVRO mesmo. E eu disse que há, hoje em dia, novas alternativas ao
antigo e único caminho de suplicar a uma
editora tradicional que mande imprimir o
seu livro na gráfica e mande o atacadista distribuí-lo às livrarias, dando-lhe
algum apoiozinho na hora do lançamento. Mencionamos vários outros caminhos,
destacando de início a auto-publicação em papel e a auto-publicação em e-book,
como os potencialmente mais rentáveis para o escritor desconhecido ou pouco
conhecido, assunto que vamos desenvolver exaustivamente depois.
Aí passei a
mostrar que editores tradicionais só se interessam pelo seu manuscrito se concluírem
que ele é proveniente de um autor que tem, nesta ordem:
1 – Uma grande
IDEIA
2 – Uma boa
PLATAFORMA
3 – Uma
qualidade de texto de razoável para cima
Acabei documentando
isso ontem, com algumas respostas de Agentes Literárias e alguns anúncios de
Agentes Literários, nos EUA.
Não se incomode porque os dados são extraídos do mercado americano, onde fiz todos os meus cursos
de formação e de marketing para escritores. Nós sempre copiamos os americanos,
no que eles têm de bom e, com mais entusiasmo ainda, no que eles têm de ruim.
Estão aí a Coca Cola e a junk food serrando de cima, estourando as nossas
balanças e o nosso colesterol. E tomara que nós não comecemos com a mania de
espionar o Gabão, a Mauritânia, as Ilhas Fiji e os e-mails da mulher-melancia
da Costa Rica.
As regras de
mercado, tanto lá, como aqui, são exatamente as mesmas. Só que, como os caras
saíram na frente (a primeira revista especializada para escritores, lá, começou
a ser publicada em 1887 e é publicada até hoje, lembram?) e têm um mercado
muito maior e mais rico, o que eles aprenderam lá é o que nós aplicamos aqui.
Tanto que é impressionante o nosso número de traduções, publicadas aqui, de livros que fizeram
sucesso por lá primeiro.
Aqui no Brasil
você ainda tem editoras pequenas em quantidade e pode pensar em contatar o
proprietário em pessoa. Alias, é o que você vem fazendo, não é? E já viu qual
foi o resultado também, não é? Aquele seu manuscritaço do catete (já foi palácio
do governo, caso eu tenha me enganado e digitado um t sem querer) ainda está aguardando, não é?
Mundo injusto, onde os gênios não são reconhecidos logo no primeiro parágrafo.
Mundo míope! Azar dele, não sabe o que está perdendo: SEU livro!
Quanto às
editoras grandes, nem tente, os bambans não vão receber você, a menos que você
leve um bilhete do diretor da Receita Federal (abre qualquer porta, garantido,
e você ainda fica pensando que os editores todos sofrem do Mal de Parkinson, de
tanto que tremem). É, eles têm agentes
literários ou funcionários internos que fazem o papel. E têm também a
satisfação de lhe dizer que precisam de seis meses para lhe dar uma resposta e
mais um ano para publicar seu livro, caso aprovado. O que é mais rápido do que
nos Estados Unidos, console-se. Ou seja, já no fim de 2014 você vai se tornar
inquestionavelmente aquele mega-sucesso nacional.
Eu estou, de
propósito, pintando o quadro com suas cores reais, a prova de Pollyanas. Estou
justamente tratando de lhe mostrar que o problema que existe é bem maior do que
você imaginava. O que é ótimo, porque, se você não sabe que tem um problema,
vai continuar vítima dele sem procurar solução. Nesse caso sempre sobra o azar
ou a indefectível culpa dos outros para livrar sua carinha inocente.
Mas você não é um
fraco, que vai cair nessa saída maníaca. Você vai aprender como é que funciona
o inimigo e se adestrar para jogar dentro das regras do jogo e derrotá-lo. E aí
nós outros aqui, seus fãs, vamos dar as boas vindas a você, o bem sucedido
escritor profissional que vende livros, o grande João dos Pazeres Honestos.
E enquanto isso
não acontece ainda, vamos aproveitar este clima de apocalipse com humor
não-branco (para não ser politicamente incorreto, você escolhe a cor),
recomendando-lhe a leitura de um pequeno texto sobre livros, editores e
prefácios, no link abaixo. Dizem que desopila o fígado, talvez seja melhor deixar para lê-lo
depois da feijoada.
Amanhã a gente
coloca o carrinho de novo nos trilhos.
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