quinta-feira, 11 de julho de 2013

Você Quer Ser Escritor(a)? - Parte 7

VOCÊ QUER SER ESCRITOR(A) – Veja aqui como fazê-lo – parte 7
MILTON MACIEL

PARTE 7 – E um resumo antes, para não ficar ninguém boiando.

Vamos começar hoje fazendo uma grande recapitulação geral. Eu já mostrei a você que, no meu conceito,

Escritor não será aquele que ESCREVE livros, mas sim aquele VENDE livros

 Ou seja, aquele que consegue que seus livros sejam publicados e vendidos amplamente.
Expliquei que, se você não consegue a venda de seus livros, você será escritor na teoria, mas não na prática. E seu material, que pode ser de primeiríssima linha, vai ficar esquecido – ou na sua gaveta, ou em dezenas de caixas cheias de livros encalhados na sua garagem, depois que as livrarias os devolverem. De qualquer forma, você não será conhecido como escritor.

Você vai ter que andar com um ou mais livros debaixo do braço para provar que é escritor, mostrando-o às pessoas. Quando você declara, peito empombado, que é escritor(a), a outra pessoa lhe pergunta logo o seu nome. E quando o ouve, dá aquele sorrisinho amarelo, dizendo falsamente:

– Ah, João dos Prazeres Honestos, sei, sim!

Sabe nada! Uma porque você não é conhecido. Outra porque a maioria dos interlocutores não estará segura – a maioria dos interlocutores NÃO LÊ, não conhece autores pelo nome. Talvez seja melhor você dizer que seu nome é Gonçalves Dias ou Castro Alves, numa dessas a pessoa se lembra de algum “versinho” do tempo da escola, tipo o “Batatinha quando nasce”, de Gonzallo Diaz, e não sabe que eles já morreram:

– Veja, gente, quem está se hospedando no nosso hotel: o Seu Castro Alves em pessoa, aquele das Espumas Voantes, quanta honra!

Bem, se não tem flutuante, vai voante mesmo.

Mas você vai persistir, vai aprender a fazer a coisa acontecer e, quando você disser quem é você, o cara do hotel exclamará:

– Puxa, o João dos Prazeres Honestos em pessoa! Claro que eu já li, duas vezes por sinal, o seu “Manual da Cafetina Perfeita”! É demais, até já convenci minha mãe a entrar no ramo.

Bingo, sucesso! O pessoal anda lendo você, João. Agora é só ficar de olho bem aberto para os acertos que a editora tem que fazer com você, OK?

Mas eu mostrei também que você pode ser escritor profissional, bem remunerado, sem jamais publicar um livro. Porque existe mais de uma dezena de outras atividades que lhe permitem ganhar a vida com o que você escreve, sem ter que publicar um único livro seu de ficção ou não ficção. Você escolhe. Não esqueça. A gente ainda volta a esse assunto depois.

Aí entramos no assunto LIVRO mesmo. E eu disse que há, hoje em dia, novas alternativas ao antigo e único caminho de  suplicar a uma editora tradicional que  mande imprimir o seu livro na gráfica e mande o atacadista distribuí-lo às livrarias, dando-lhe algum apoiozinho na hora do lançamento. Mencionamos vários outros caminhos, destacando de início a auto-publicação em papel e a auto-publicação em e-book, como os potencialmente mais rentáveis para o escritor desconhecido ou pouco conhecido, assunto que vamos desenvolver exaustivamente depois.

Aí passei a mostrar que editores tradicionais só se interessam pelo seu manuscrito se concluírem que ele é proveniente de um autor que tem, nesta ordem:

1 – Uma grande IDEIA
2 – Uma boa PLATAFORMA
3 – Uma qualidade de texto de razoável para cima

Acabei documentando isso ontem, com algumas respostas de Agentes Literárias e alguns anúncios de Agentes Literários, nos EUA.

Não se incomode porque os dados são extraídos do mercado americano, onde fiz todos os meus cursos de formação e de marketing para escritores. Nós sempre copiamos os americanos, no que eles têm de bom e, com mais entusiasmo ainda, no que eles têm de ruim. Estão aí a Coca Cola e a junk food serrando de cima, estourando as nossas balanças e o nosso colesterol. E tomara que nós não comecemos com a mania de espionar o Gabão, a Mauritânia, as Ilhas Fiji e os e-mails da mulher-melancia da Costa Rica.

As regras de mercado, tanto lá, como aqui, são exatamente as mesmas. Só que, como os caras saíram na frente (a primeira revista especializada para escritores, lá, começou a ser publicada em 1887 e é publicada até hoje, lembram?) e têm um mercado muito maior e mais rico, o que eles aprenderam lá é o que nós aplicamos aqui. Tanto que é impressionante o nosso número de traduções, publicadas aqui, de livros que fizeram sucesso por lá primeiro.

Aqui no Brasil você ainda tem editoras pequenas em quantidade e pode pensar em contatar o proprietário em pessoa. Alias, é o que você vem fazendo, não é? E já viu qual foi o resultado também, não é? Aquele seu manuscritaço do catete (já foi palácio do governo, caso eu tenha me enganado e digitado um t sem querer) ainda está aguardando, não é? Mundo injusto, onde os gênios não são reconhecidos logo no primeiro parágrafo. Mundo míope! Azar dele, não sabe o que está perdendo: SEU livro!

Quanto às editoras grandes, nem tente, os bambans não vão receber você, a menos que você leve um bilhete do diretor da Receita Federal (abre qualquer porta, garantido, e você ainda fica pensando que os editores todos sofrem do Mal de Parkinson, de tanto que tremem). É,  eles têm  agentes literários ou funcionários internos que fazem o papel. E têm também a satisfação de lhe dizer que precisam de seis meses para lhe dar uma resposta e mais um ano para publicar seu livro, caso aprovado. O que é mais rápido do que nos Estados Unidos, console-se. Ou seja, já no fim de 2014 você vai se tornar inquestionavelmente aquele mega-sucesso nacional.

Eu estou, de propósito, pintando o quadro com suas cores reais, a prova de Pollyanas. Estou justamente tratando de lhe mostrar que o problema que existe é bem maior do que você imaginava. O que é ótimo, porque, se você não sabe que tem um problema, vai continuar vítima dele sem procurar solução. Nesse caso sempre sobra o azar ou a indefectível culpa dos outros para livrar sua carinha inocente.

Mas você não é um fraco, que vai cair nessa saída maníaca. Você vai aprender como é que funciona o inimigo e se adestrar para jogar dentro das regras do jogo e derrotá-lo. E aí nós outros aqui, seus fãs, vamos dar as boas vindas a você, o bem sucedido escritor profissional que vende livros, o grande João dos Pazeres Honestos.

E enquanto isso não acontece ainda, vamos aproveitar este clima de apocalipse com humor não-branco (para não ser politicamente incorreto, você escolhe a cor), recomendando-lhe a leitura de um pequeno texto sobre livros, editores e prefácios, no link abaixo. Dizem que desopila o fígado, talvez seja melhor deixar para lê-lo depois da feijoada.

Amanhã a gente coloca o carrinho de novo nos trilhos.


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