VOCÊ QUER SER ESCRITOR(A)? Veja como
fazê-lo – 4ª. parte
MILTON MACIEL
As várias maneiras de publicar seu livro
Para publicar seu livro, até bem pouco
tempo atrás você tinha muito poucas alternativas à
1) Opção pela editora tradicional de livros
impressos.
Hoje você tem mais dois caminhos que, se
você APRENDER a usá-los muito bem, são excelentes alternativas novas:
2) A auto-publicação como livro impresso
3) A auto-publicação como livro eletrônico
ou digital (e-book)
Para autores desconhecidos ou pouco
conhecidos, as opções 2 e 3 são muito mais convenientes e, principalmente, mais
alcançáveis e mais rentáveis do que a opção 1.
Existem ainda várias outras opções:
4) A publicação no sistema impressão sob
encomenda, por uma editora especializada
5) A publicação no sistema livro
eletrônico, por uma editora especializada
6) A publicação em Coletâneas
7) A publicação através de Concursos
Literários
8) A publicação através de sistemas
patrocinados públicos (editais)
9) A publicação através de sistemas
patrocinados privados (mecenatos)
10) As publicações
acadêmicas/universitárias
11) Publicações em fascículos ou capítulos
em mídia impressa ou eletrônica
Existem ainda mais algumas poucas
possibilidades, porém de escasso valor prático. Nos meus cursos para escritores
costumo focalizar a atenção inicialmente nas opções 1, 2 e 3. Depois exploro as
opções 4 e 5, sempre com quadros de publicações reais, com custos, contratos,
participações, direitos autorais, rendas – e tributação, quando é o caso (isto mais
nos cursos dados nos EUA)
Então vamos entender duas coisas:
a) Hoje em dia há muito mais caminhos para
se publicar (e vender, é lógico) um livro além da editora tradicional.
b) As alternativas 2 e 3 podem fazer com
que um escritor viva daquilo que escreve.
Volto a frisar que o que está escrito aí
acima se refere apenas à publicação de LIVROS. Mas mostrei muito bem que um
escritor pode viver bem sem jamais publicar um livro, porque
há muitas outras atividades na qual ele pode ganhar a vida escrevendo. Aliás,
costumo mostrar isso com ênfase a meus estudantes, de modo que eles aprendam
desde o começo que não precisam – e não DEVEM – ficar restritos à velha ideia
de LIVRO tão somente. Pelo contrário, combinando com esta algumas das outras
atividades que mostrei na parte 3, é muito mais fácil viver da pena
(eletrônica, que entintamos hoje no Word, PDF ou In Design – ou Mac-similares).
Agora posso enfim entrar no tópico de nossa
discussão de hoje. A IDEIA!
Num dos primeiros cursos que fiz em Miami,
ainda em 2007, nosso instrutor principal era um Agente Literário, Phil. Nos
EUA você jamais consegue negociar diretamente com uma editora. As editoras usam
grandes peneiras prévias, com o formato de um funil, por onde saem pouquíssimos
candidatos a escritores. Essas peneiras-funil, como eu passei a chamá-las, são
os Literary Agents – as mulheres ou homens que fazem o papel de intermediários
entre o escritor e a casa publicadora. Eles são, teoricamente, os
representantes do autor, que vão tentar vender seus trabalhos junto à casa
publicadora, ao produtor de teatro ou de cinema ou TV. Como tal, são
VENDEDORES. E, portanto, examinam muito bem a mercadoria que vão procurar
vender – que é o texto que você mandou para ele(a).
Phil recebia em média 120 manuscritos por
dia! Trabalhava com três auxiliares, universitários part-time. Ora, como isso
costuma ser a quota típica diária de um bom agente literário, você já entendeu
que Phil NÃO LÊ o manuscrito que você mandou para ele, com tanto expectativa e
nervosismo, dando-lhe cólicas intestinais prévias. É evidente que isso é impossível. Nem
ele, nem seus três ajudantes lêem os manuscritos, geralmente coisas com 100, 200
ou mais páginas. Não, a coisa funciona assim: os auxiliares de Phil lêem a
QUERY LETTER, uma carta curta em que você, autor, apresenta sua IDEIA sobre seu
livro e o descreve da forma mais sintética possível. E passam suas seleções para o Phil. Seu livro pode já estar
escrito ou pode ser isso mesmo, apenas uma ideia.
Pois por mais estranho que lhe pareça, eles
vão dar a mesma atenção ao projeto de livro que já está acabado e revisado ou à
ideia abstrata para o autor VIR A ESCREVER o livro. A única diferença é que, se
o livro já está escrito e revisado, a coisa vai andar mais rápido. Mas como é
que pode ser? Que absurdo é esse?
Vou deixar que o próprio Phil lhes
responda, como o fez ao dizer para nós, bem alto e repetindo, com sua voz
estridente de tenor enrouquecido:
–
Bring me a
GREAT IDEA and leave it all to me!
–
Traga-me uma GRANDE IDEIA e
deixe o resto tudo por minha conta – é a melhor forma de colocar as palavras
dele em português.
E ele arrematava, para surpresa de todos:
– Se você me trouxer uma GRANDE IDEIA
MESMO, eu garanto todo o resto. Você não precisa nem escrever a história, se
não quiser ou não tiver tempo. Pode deixar que eu te encosto um excelente ghost writer e ele escreve rapidinho
para você. Te dou um éditor.
E garanto que vendo teu livro a um bom publisher, com um bom contrato e um bom
adiantamento.
(éditor, com é aberto, é a pronúncia em
inglês e esse cara não é o Editor em português. Este se chama Publisher em
inglês. Publicador, o cara que realmente publica o livro. E o que o éditor faz? EDITORA o livro: planeja,
pagina, escolhe tipologia, capa, contrata capista, contrata revisor, decide
formatos, etc. e, volta e meia, retorna a você dizendo para você reescrever seu
livro em parte ou no todo, senão não vai ter jogo – ou seja, você não está
PUBLICÁVEL! É um profissional que trabalha na publishing house ou é um autônomo,
prestando serviços, neste acaso, tanto a publishers quanto a autores.
Então, resumindo por hoje, se você quer ser
um autor publicável por uma editora (publishing house) tradicional, saiba que
os caras começam avaliando seu material pela IDEIA que você expôs na sua Query
Letter. Essa é uma carta formal, na qual você apresenta, basicamente:
Sua IDEIA
Uma descrição sucinta da trama se ficção;
ou do trabalho, se não-ficção
Uma descrição (exata!) do público-alvo para
esse livro
Uma biografia (objetiva, curta) sua
Uma descrição da PLATAFORMA que você já tem
– se for o caso.
Phil até que é um cara bonzinho, porque ele
aceita receber o manuscrito junto com a query letter. A maior parte dos agentes
só aceita receber a query letter. Se esta o convencer, então ele lhe manda um e-mail
solicitando a remessa do manuscrito. Agora, se ele ligar pessoalmente para
você, você já sabe que ele achou a sua ideia um arraso, um blockbuster. E já
pode começar a preparar sua viagem para New York (ou São Paulo?) para dali a
uns 3 ou 4 meses, onde a grande casa publicadora espera, de braços (e goela,
cuidado!) abertos, por você.
Encerramos por hoje, lembrando: NÚMERO UM –
UMA GRANDE IDEIA!
Qual será segundo quesito? Escrever muito
bem? Pois garanto que NÃO!
Vamos ver na segunda-feira. Nos sábados e
domingos, DESCANSO DA COMPANHIA.
(Milton Maciel)
continua
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