sexta-feira, 5 de julho de 2013

VOCÊ QUER SER ESCRITOR(A) - 4a. parte

VOCÊ QUER SER ESCRITOR(A)? Veja como fazê-lo – 4ª. parte
MILTON  MACIEL 

As várias maneiras de publicar seu livro

Para publicar seu livro, até bem pouco tempo atrás você tinha muito poucas alternativas à

1) Opção pela editora tradicional de livros impressos.

Hoje você tem mais dois caminhos que, se você APRENDER a usá-los muito bem, são excelentes alternativas novas:

2) A auto-publicação como livro impresso

3) A auto-publicação como livro eletrônico ou digital (e-book)

Para autores desconhecidos ou pouco conhecidos, as opções 2 e 3 são muito mais convenientes e, principalmente, mais alcançáveis e mais rentáveis do que a opção 1.

Existem ainda várias outras opções:

4) A publicação no sistema impressão sob encomenda, por uma editora especializada

5) A publicação no sistema livro eletrônico, por uma editora especializada

6) A publicação em Coletâneas

7) A publicação através de Concursos Literários

8) A publicação através de sistemas patrocinados públicos (editais)

9) A publicação através de sistemas patrocinados privados (mecenatos)

10) As publicações acadêmicas/universitárias

11) Publicações em fascículos ou capítulos em mídia impressa ou eletrônica

Existem ainda mais algumas poucas possibilidades, porém de escasso valor prático. Nos meus cursos para escritores costumo focalizar a atenção inicialmente nas opções 1, 2 e 3. Depois exploro as opções 4 e 5, sempre com quadros de publicações reais, com custos, contratos, participações, direitos autorais, rendas – e tributação, quando é o caso (isto mais nos cursos dados nos EUA)

Então vamos entender duas coisas:

a) Hoje em dia há muito mais caminhos para se publicar (e vender, é lógico) um livro além da editora tradicional.

b) As alternativas 2 e 3 podem fazer com que um escritor viva daquilo que escreve.

Volto a frisar que o que está escrito aí acima se refere apenas à publicação de LIVROS. Mas mostrei muito bem que um escritor pode viver bem sem jamais publicar um livro, porque há muitas outras atividades na qual ele pode ganhar a vida escrevendo. Aliás, costumo mostrar isso com ênfase a meus estudantes, de modo que eles aprendam desde o começo que não precisam – e não DEVEM – ficar restritos à velha ideia de LIVRO tão somente. Pelo contrário, combinando com esta algumas das outras atividades que mostrei na parte 3, é muito mais fácil viver da pena (eletrônica, que entintamos hoje no Word, PDF ou In Design – ou Mac-similares).

Agora posso enfim entrar no tópico de nossa discussão de hoje. A IDEIA!

Num dos primeiros cursos que fiz em Miami, ainda em 2007, nosso instrutor principal era um Agente Literário, Phil. Nos EUA você jamais consegue negociar diretamente com uma editora. As editoras usam grandes peneiras prévias, com o formato de um funil, por onde saem pouquíssimos candidatos a escritores. Essas peneiras-funil, como eu passei a chamá-las, são os Literary Agents – as mulheres ou homens que fazem o papel de intermediários entre o escritor e a casa publicadora. Eles são, teoricamente, os representantes do autor, que vão tentar vender seus trabalhos junto à casa publicadora, ao produtor de teatro ou de cinema ou TV. Como tal, são VENDEDORES. E, portanto, examinam muito bem a mercadoria que vão procurar vender – que é o texto que você mandou para ele(a).

Phil recebia em média 120 manuscritos por dia! Trabalhava com três auxiliares, universitários part-time. Ora, como isso costuma ser a quota típica diária de um bom agente literário, você já entendeu que Phil NÃO LÊ o manuscrito que você mandou para ele, com tanto expectativa e nervosismo, dando-lhe cólicas intestinais prévias. É evidente que isso é impossível. Nem ele, nem seus três ajudantes lêem os manuscritos, geralmente coisas com 100, 200 ou mais páginas. Não, a coisa funciona assim: os auxiliares de Phil lêem a QUERY LETTER, uma carta curta em que você, autor, apresenta sua IDEIA sobre seu livro e o descreve da forma mais sintética possível. E passam suas seleções para o Phil. Seu livro pode já estar escrito ou pode ser isso mesmo, apenas uma ideia.

Pois por mais estranho que lhe pareça, eles vão dar a mesma atenção ao projeto de livro que já está acabado e revisado ou à ideia abstrata para o autor VIR A ESCREVER o livro. A única diferença é que, se o livro já está escrito e revisado, a coisa vai andar mais rápido. Mas como é que pode ser? Que absurdo é esse?

Vou deixar que o próprio Phil lhes responda, como o fez ao dizer para nós, bem alto e repetindo, com sua voz estridente de tenor enrouquecido:

        Bring me a GREAT IDEA and leave it all to me!
        Traga-me uma GRANDE IDEIA e deixe o resto tudo por minha conta – é a melhor forma de colocar as palavras dele em português.

E ele arrematava, para surpresa de todos:

– Se você me trouxer uma GRANDE IDEIA MESMO, eu garanto todo o resto. Você não precisa nem escrever a história, se não quiser ou não tiver tempo. Pode deixar que eu te encosto um excelente ghost writer e ele escreve rapidinho para você. Te dou um éditor.
E garanto que vendo teu livro a um bom publisher, com um bom contrato e um bom adiantamento.

(éditor, com é aberto, é a pronúncia em inglês e esse cara não é o Editor em português. Este se chama Publisher em inglês. Publicador, o cara que realmente publica o livro. E o que o éditor faz? EDITORA o livro: planeja, pagina, escolhe tipologia, capa, contrata capista, contrata revisor, decide formatos, etc. e, volta e meia, retorna a você dizendo para você reescrever seu livro em parte ou no todo, senão não vai ter jogo – ou seja, você não está PUBLICÁVEL! É um profissional que trabalha na publishing house ou é um autônomo, prestando serviços, neste acaso, tanto a publishers quanto a autores.

Então, resumindo por hoje, se você quer ser um autor publicável por uma editora (publishing house) tradicional, saiba que os caras começam avaliando seu material pela IDEIA que você expôs na sua Query Letter. Essa é uma carta formal, na qual você apresenta, basicamente:

Sua IDEIA
Uma descrição sucinta da trama se ficção; ou do trabalho, se não-ficção
Uma descrição (exata!) do público-alvo para esse livro
Uma biografia (objetiva, curta) sua
Uma descrição da PLATAFORMA que você já tem – se for o caso.

Phil até que é um cara bonzinho, porque ele aceita receber o manuscrito junto com a query letter. A maior parte dos agentes só aceita receber a query letter. Se esta o convencer, então ele lhe manda um e-mail solicitando a remessa do manuscrito. Agora, se ele ligar pessoalmente para você, você já sabe que ele achou a sua ideia um arraso, um blockbuster. E já pode começar a preparar sua viagem para New York (ou São Paulo?) para dali a uns 3 ou 4 meses, onde a grande casa publicadora espera, de braços (e goela, cuidado!)  abertos, por você.

Encerramos por hoje, lembrando: NÚMERO UM – UMA GRANDE IDEIA!
Qual será segundo quesito? Escrever muito bem? Pois garanto que NÃO!
Vamos ver na segunda-feira. Nos sábados e domingos, DESCANSO DA COMPANHIA.
(Milton Maciel)
 continua




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