VOCÊ QUER SER ESCRITOR(A)? Veja como fazê-lo – 3ª. parte
MILTON MACIEL
Vamos iniciar a 3a. parte desta serie
perguntando ao leitor:
O que é ESCRITOR? s. m. (do lat. scriptor,
oris.)
Apanhei ao acaso quatro definições em
dicionários:
1. Autor de obras literárias ou científicas (com relação ao
estilo, à forma que emprega).
2. Autor de livros literários ou
científicos.
3. Pessoa
que se dedica à criação ou à crítica literária, ou que redige obras
científicas, filosóficas, culturais.
4. Quem
escreve
Vejam bem que, tirando a única resposta
realmente válida – a de número 4 – as outras são vítimas de raquitismo nos dias
de hoje. Já a 4 é óbvia por si mesma. Mas coloca como escritor quem, neste
momento, anota a lápis sua lista de compras para o supermercado ou quem agora digita
seus 144 toques no Twitter.
Percebam como todas as outras definições
atrelam a palavra escritor ao CONCEITO de LIVRO, ainda quando o traveste de “obras
científicas, filosóficas, culturais”. Dicionários têm que trabalhar, forçosamente
com DEFINIÇÕES. E definir é estabelecer os limites críticos de um conceito.
Todos vocês, no momento em que leram a
pergunta, já viram a resposta pronta em suas mentes, chegando-lhes de imediato
o CONCEITO de escritor. Mas definir escritor é sempre mais difícil do que
conceituar. Em outras palavras, você SABE o que é um escritor, tem um conceito resultante de seus
conhecimentos prévios. Mas eu vou colocar outras azeitonas nessa empada. Hoje
em dia, um escritor não precisa escrever somente LIVROS. Ele pode também, entre
outras coisas:
Ser redator de matérias para jornais e
revistas
Ser redator de textos publicitários
Ser redator de textos técnicos para
revistas
Ser redator de conteúdo para portais de Internet
Ser redator de conteúdo para sites de
Internet
Ser redator de conteúdo para blogs de
Internet
Ser redator de textos para noticiário de TV
e rádio
Ser redator para outros programas de radio
e TV
Ser escritor de novelas para TV
Ser escritor de teatro (dramaturgo)
Ser escritor de roteiros para cinema e TV
(screen plays)
Ser travel
writer (escritor especializado em viagens)
E, não menos comum e importante, ser GHOST WRITER
(que é o ESCRITOR FANTASMA, aquele que
escreve sob
encomenda para outras pessoas e não aparece
como autor)
Eu, por exemplo, nos Estados Unidos e no
Brasil, tenho uma ampla atuação como ghost
writer, como redator de textos técnicos e como redator de conteúdos para
portais, sites e blogs de terceiros, fora os meus próprios. Ah, e
incidentalmente, também escrevo e PUBLICO livros. São 22 até o momento, mas
este segundo semestre vai assistir a uma boa safra também.
Contudo, afirmo que você pode viver
perfeitamente do que escreve apenas como free
lancer, vendendo seus materiais para milhares de jornais, revistas, portais
e sites de empresas e ONG’s. Uma boa matéria feita como travel writer (escritor de viagem), com um elenco de boas
fotografias que você mesmo aprende a fazer com câmara de boa resolução, pode
lhe dar entre 300 e 800 dólares só na primeira publicação; e, se você aprender
a negociar os direitos sobre a matéria, depois de uns 6 meses você já pode
RETRABALHAR o texto e negociá-lo com outra publicação especializada em viagens,
voltando a faturar em cima dessa sua matéria e fotos.
Mas eu sei que você está acompanhando esta
série (que ainda vai abordar oportunamente todos os tópicos que elenquei acima)
porque está pensando em suas possibilidades como escritor(a) de LIVROS. E isso
porque, como a maioria das pessoas, você está acostumado desde criancinha a pensar
que escritor é a pessoa que escreve livros.
Muito bem, então deixe que eu ligue o
ventilador sobre essa farofa agora. Eu vou introduzir a minha DEFINIÇÃO sobre o
que é um escritor.
1 – Para as pessoas em geral, escritor é a
pessoa que escreve livros
2 – Para mim, escritor é a pessoa QUE VENDE LIVROS!
E antes que venha a óbvia objeção de que quem
vende livro é livreiro, deixe que eu use um reducionismo na definição que
criei, dizendo que quero me referir ao autor de um texto que, além de lograr
ser PUBLICADO, é também VENDIDO no mercado livreiro.
Mas isso é uma injustiça com aquele
escritor que escreveu um livro primoroso,
mas que, por esses azares da vida, não consegue uma editora que queira
publicá-lo. Sim, evidentemente é, porque
ele é o escritor que escreve livros. Mas, uma vez que não vai ser publicado, não
será jamais CONHECIDO como escritor. Não será escritor NA PRÁTICA. É como
aquele sambista de talento e boa voz, que canta no chuveiro e compõe na caixa
de fósforo e que jamais foi ou será gravado por ninguém.
O mesmo raciocínio vale para o escritor
que, ainda que consiga ser publicado, vê seus livros estagnados nas livrarias,
sem conseguir ser vendido em quantidades significativas. Também este não entrará
para a história como escritor. Mas, ao menos, terá muitos exemplares de seus
livros, que as livrarias devolveram à editora e a editora devolveu a ele, de
modo que seus herdeiros terão que se haver com o que fazer com aquelas incômodas
caixas de livros encalhados do vovô, que estão atravancando a garagem ou o sótão.
Então, quando elaborei um curso de formação
de escritores em Miami, depois de ter feito eu mesmo mais de 40 cursos para
escritores nos EUA, de 2007 até hoje (e continuo a fazê-los quase toda a
semana, hoje graças à Internet), dei-lhe o nome de THE PUBLISHABLE WRITER – O ESCRITOR
PUBLICÁVEL, nome que o curso terá em português, quando eu começar a torná-lo
disponível no Brasil, em Agosto próximo.
Por que escritor PUBLICÁVEL? Porque
escrever um livro é coisa de técnica e de arte. Mas publicar e vender um livro é
UM NEGÓCIO. E os artistas que escrevem livros, de um modo geral, não têm a
menor ideia sobre essa selva emaranhada que é o mercado de produção
e venda de livros. Por isso eu começo do começo com meus estudantes,
começo daquilo que é aparentemente o fim. Mas, como está em destaque num dos
meus primeiros livros técnicos de Agricultura Orgânica, o “COMO TORNAR SEU SÍTIO
LUCRATIVO”, que precedeu em muitos anos a publicação dos meus primeiros
romances e contos:
O MERCADO,
ONDE TUDO TERMINA, É ONDE TUDO TEM QUE COMEÇAR
E, usando esse mesmo preceito mercadológico,
eu digo aos estudantes e aos aspirantes a escritores, assim como a muitos
colegas que já são escritores publicados:
NÃO SE PODE ESCREVER QUALQUER COISA, se o
que se quer é ser publicado e lido. A gente tem que saber identificar o que o
mercado pode e quer absorver. E isso não quer dizer, de forma alguma, NIVELAR
POR BAIXO, como vou explicar.
Quer dizer apenas que você tem que aprender
a ser um escritor PUBLICÁVEL. Ou não será, NUNCA, um escritor para o mundo lá
fora. Que é o único, fora seu sogro rico, que pode sustentar você e deixá-lo
viver somente daquilo que escreve.
(CONTINUA...)
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