VOCÊ QUE SER ESCRITOR(A) – Veja como fazê-lo – 5a. parte
MILTON MACIEL
Final da 4ª. parte:
Então, resumindo por agora, se você quer ser um autor publicável por uma editora (publishing
house) tradicional, saiba que os caras começam avaliando seu material pela
IDEIA que você expôs na sua Query Letter. Essa é uma carta formal, na qual você
apresenta, basicamente:
Sua IDEIA
Uma descrição sucinta da trama se ficção; ou do
trabalho, se não-ficção
Uma descrição (exata!) do público-alvo para esse livro
Uma biografia (objetiva, curta) sua
Uma descrição da PLATAFORMA que você já tem – se for o
caso.
Phil até que é um cara bonzinho, porque ele aceita
receber o manuscrito junto com a query letter. A maior parte dos agentes só
aceita receber a query letter. Se esta o convencer, então ele lhe manda um
e-mail solicitando a remessa do manuscrito. Agora, se ele ligar pessoalmente
para você, você já sabe que ele achou a sua ideia um arraso, um blockbuster. E
já pode começar a preparar sua viagem para New York (ou São Paulo?) para dali a
uns 3 ou 4 meses, para assinar um contrato, pois a grande casa publicadora
espera, de braços (e goela, cuidado!) abertos, por você.
Encerramos por ora, lembrando: NÚMERO UM – UMA GRANDE
IDEIA!
Qual será segundo requesito? Escrever muito bem? Pois
garanto que NÃO!
5ª. PARTE
Pois não é
mesmo! Escrever bem é apenas o terceiro requisito. O segundo já está citado aí
acima, na query letter: é a
PLATAFORMA.
Foi também em
2007, mas não com o curso do Phil agente literário, que travei conhecimento com
tal da PLATAFORMA do escritor. Foi em Hollywood, FL, durante um encontro de
escritores. Um deles, no intervalo, me perguntou na lata: “E você, qual é a sua plataforma no seu país?”
Na hora eu
engasguei e desconversei (lá eu sabia o que era plataforma?!), comentando que a minha não seria, com certeza, nada
comparada com a dele. Funcionou, o cara mordeu a isca! Era homem, sabe como é,
nessa hora o sujeito sempre fica tentado a mostrar que o dele é maior que o do
outro, a gente aprende isso quando é molequinho, é atávico, não tem jeito. Só
faltou tirar e bater na mesa.
Mas ele fez
melhor: Imediatamente ele começou a me descrever a plataforma dele e eu fui
entendendo aos poucos que raios era essa coisa. Concluí que, em última análise,
era um conjunto de atitudes e atividades que davam EXPOSIÇÃO ao escritor. Redes
sociais, mailing lists, blog de escritor (que era algo ainda meio incipiente
então), blurbs (testemunhos e
citações), vídeos, fotografias, artigos publicados, livros publicados
anteriormente, ligação com instituições ou grupos grandes, cursos dados,
conferências, seminários, entrevistas dadas – enfim, um verdadeiro termômetro
da sua capacidade de se expor e se comunicar com o público e o mercado. Desde
esse bendito encontro de escritores em Hollywood, eu nunca mais deixei de
estudar o assunto e parti imediatamente para construir minha plataforma nos
EUA, onde meu objetivo era ser conferencista. Depois, no segundo semestre de
2012, quando decidi que estava na hora de dar mais atenção a meus escritos no
Brasil e passar mais temporadas aqui, comecei a construir minha plataforma brasileira
de escritor. Mais adiante eu vou contar o que e como fiz.
Então, depois de
uma grande ideia, o que você precisa apresentar é uma boa plataforma. Mas como,
se você ainda não publicou nada, se você é ainda desconhecido do público? Ou
você publicou um livro e o dito cujo encalhou solenemente, não lhe deu maior
visibilidade. Também vamos responder a essas perguntas.
O que eu quero
deixar bem destacado agora é que, se você pretende ser um escritor PUBLICÁVEL
por EDITORAS COMERCIAIS, você vai ter que aprender a dançar conforme a música
que elas tocam. E as partituras delas têm três partes importantes, dispostas rigorosamente
nesta ordem:
1 – A ideia
2 – A plataforma
3 – A qualidade
do texto
Ou seja, não
adianta nada você chegar com um texto primoroso de uma ficção que se passa no
carnaval do Rio, quando a editora não tem esse tipo de foco ou, se para azar
seu, ela acaba de investir num outro autor e está prestes a lançar uma ficção
dele, a qual se passa no... carnaval do Rio! Ou seja, você escreveu uma
maravilha a respeito de uma ideia comum já bastante explorada, sem ter
acrescentado nada de extremamente imaginativo e novo à trama, que a faça
realmente diferente e instigante. Mande
seu texto imediatamente para os concursos literários (há centenas deles por ano
no país e nós vamos ter um segmento só sobre isso mais à frente), na certa você
vai acabar ganhando algum e aí as editoras vão olhar para você com mais apetite
da próxima vez. E, conforme o concurso, ele mesmo acaba publicando o seu livro!
Mas, vamos de
novo à PLATAFORMA. Por que ela é tão importante a ponto de desbancar a grande
qualidade literária do que você escreveu? É simples: você é DESCONHECIDO. E,
para que seus livros sejam vendidos, você TEM QUE SER CONHECIDO!
E quem vai fazer
com que isso aconteça: a EDITORA, é claro. Quer dizer, a editora vai ter que
INVESTIR em você, para tornar VOCÊ
conhecido JUNTO com seu livro. E ái acontece o óbvio: se você já é um pouco
conhecido, já tem uma plataforma inicial, fica mais fácil, mais rápido e MAIS
BARATO para a editora. Simples assim. Se o contr’riose der, você pode ter
certeza, o empresário que edita livros vai optar por um colega/concorrente seu que
já tem um certo grau de plataforma a você, que não tem nada. Jogo duro, mas a
verdade: Dura Lex, sed Lex, no cabelo só
Gumex!
Puxa vida, e
agora mais essa! Já não basta ter que ter uma grande ideia, ainda tenho que ter
a tal plataforma... Tem sim, não só você, como todo e qualquer escritor que
almeja sucesso hoje em dia.
Felizmente,
construir uma plataforma de escritor não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Até
porque, na verdade, ela tem rigorosamente DOZE cabeças, como lhe vai ser
mostrado adiante. Mas a maravilha é que muitas dessas cabeças vivem na INTERNET
e é por elas que a gente começa. São muito eficientes e, pelo geral, muito
baratas. Delas, sem sombra de dúvida, o BLOG de escritor é a mais importante.
Mas isso é assunto para outra conversa. Afinal, só eu fiz quatro cursos sobre
essa ferramenta maravilhosa, um verdadeiro BLOGING 101, como se diz nos EUA. E
agora você mesmo está compartilhando dessa minha experiência, na medida em que
eu lhe presto este serviço através do meu blog brasileiro.
Resumindo: Com
uma boa ideia e uma plataforma bem montada, você tem muito mais chance de ser
publicado por uma editora, mesmo com um texto apenas aceitável, do que um
grande autor com um texto primoroso, mas sem uma grande ideia e sem plataforma
alguma.
Ora, uma grande
ideia você pode ter, não é nada tão difícil assim. A gente vai lhe mostrar o
caminho da roça, pode ficar tranquilo. Por outro lado, estabelecer uma
plataforma é algo que você pode aprender a fazer e ir fazendo, de preferência
MUITO ANTES de concluir seu livro ou, se ele já está concluído, muito antes de
jogá-lo às feras – ou seja, o mercado editorial (agentes literários e
editores), com todas as suas demoras angustiantes e rejeições decepcionantes.
O seu BLOG
PESSOAL DE ESCRITOR(A) é o grande ponto de partida para construir sua
plataforma. Eu disse DE ESCRITOR(A)! Tem regras e macetes para se fazer isso
com eficiência. Mas, muito antes de entrar no tema específico do blogging, eu
quero chamar sua atenção para o seguinte:
Com um blog,
VOCÊ se torna EDITOR também. É, você passa a ser editor de si mesmo! Termina de
escrever e revisar e JÁ PUBLICA. Não tem que esperar meses ou anos pela
resposta dos editores. Publica de preferência textos pequenos, obriga-se a
publicá-los com bastante frequência (a ideal é diária) e vai prestando serviço
a seus leitores. Logo, logo, você vai ganhando leitores. Isso é inevitável num
mundo onde há milhões de blogs, mas bilhões (1,5 ) de leitores. Você pode
publicar seu romance, ensaio ou não-ficção em capítulos ou trechos diários. É
facílimo, você JÁ escreveu, é so copiar e colar os pedaços.
Você pode
argumentar que aí as pessoas não vão querer comprar seu livro, porque já leram
de graça no blog. Bem, os autores costumam resolver isso publicando nos seus
blogs os seus livros ATÉ UM CERTO PONTO. Digamos que servem um enorme pedaço de
degustação. Depois, o leitor embalado só precisa comprar o livro, geralmente
através do próprio blog, onde estará o link apropriado. Mas a coisa vai mais
além: Meu livro O CERCO, novela histórica onde eu coloco três sacerdotisas
celtas para resolverem o problema de repelir o hunos da Gália em 541 AD, foi
publicado no blog capítulo a capítulo, dia a dia, à medida que eu o ia
imaginando e escrevendo. Foi de 7 de
Fevereiro a 23 de Abril. No fim rendeu um livro impresso de 400 páginas. Pois
formou-se uma fila de espera de leitores que JÁ TINHAM LIDO o livro no blog, à
espera do livro físico.
Então,
encerrando por hoje, fica aqui explicado por que razão, quando formatei nos EUA
meu curso THE PUBLISHABLE WRITER, tratei de fazê-lo de forma que ele
JAMAIS seja somente um curso sobre COMO
ESCREVER BEM. Ele é dividido sempre em dois segmentos, um ensinando a escrever
e o outro ensinando a vender. E esta segunda parte é a mais importante na
prática. A ausência dos conhecimentos de que ela trata é que resulta em
decepção e sofrimento para os aspirantes a escritores e mesmo para muitos bons
escritores que se vêm à margem do mercado e não conseguem, de forma alguma,
viver seu sonho dourado de ganhar a vida muito bem somente com aquilo que
escrevem.
O mesmo estará
valendo para a sua versão em português, O ESCRITOR PUBLICÁVEL, que lanço para o
Brasil e o para todo o mundo lusófono em agosto próximo, PELA INTERNET, porem
com coaching individualizado, pessoa por pessoa. Obviamente este fato reduz
bastante a capacidade de ter estudantes, razão pela qual as vagas são
rapidamente preenchidas. Mas isso não é tema desta série “VOCÊ QUER SER
ESCRITOR(A)?, que não está aqui para vender nada – nem meus cursos, nem meus
livros, nem meus workshops. Ela seguirá, independente destes.”
Agora encerro
com uma grande verdade do mercado, que aprendi ao longo de anos de atividade:
LIVRARIA não
vende livro. É o depósito físico ou virtual onde o LEITOR COMPRA.
EDITORA não
vende livro. Apenas manda fabricá-lo e o faz chegar à livraria.
QEM VENDE LIVRO
É AUTOR!!!
Exatamente isso
que você leu! Quem vende livro é AUTOR(A) Se você não der as caras, não se
tornar conhecido, você não vai vender nada e vai sumir do mercado, não vai ser
ESCRITOR(A) PROFISSIONAL. A editora vai lhe dar um empurrãozinho, vai investir
um pouco em mídia, pagar para a livraria colocar seus livros num lugar de
destaque e depois... bye, bye, baby; bye,
bye! Se você não ficar esperto, seu lindo livro que estava nas vitrines e
mesas no lançamento, às dezenas e na horizontal, dois ou três meses depois já
virou uma entre mais de 100 mil lombadas de livros espremidas nas prateleiras
na vertical. E você... já era!
Portanto, copie
e cole esse texto que destaquei em itálico e negrito. Dê um control C para copiar e um control M, para colar diretamente
em SUA MENTE! Nunca mais esqueça disto: QUEM VENDE LIVRO É AUTOR(A), quando se
faz conhecido. Quando Chico Anísio, Jô Soares ou Chico Buarque lançaram seu
primeiros livros, o sucesso e a mega-vendagem já estavam garantidos. Porque
eles eram MUITO conhecidos. Entendido?... NÃO, NÃO HÁ OUTRO CAMINHO! Você vai ter que ir à luta. Mas vai valer a pena, pode ter certeza,
CONTINUA
Boa noite, Nobre Milton
ResponderExcluirNossa! Muito bom o texto. Obrigado por publicar. Saiba que foi de grande valia. E quanto as outras partes, você publicou em seu blog também? Poderia passar os links?
Obrigado. E sucesso em sua caminhada!
Sucesso, paz e prosperidade,
Jhonathan Moreira