terça-feira, 9 de julho de 2013

Quer Ser Escritor(a)? - 5a. parte

VOCÊ QUE SER ESCRITOR(A) – Veja como fazê-lo – 5a. parte
MILTON MACIEL

Final da 4ª. parte:
Então, resumindo por agora, se você quer ser um autor publicável por uma editora (publishing house) tradicional, saiba que os caras começam avaliando seu material pela IDEIA que você expôs na sua Query Letter. Essa é uma carta formal, na qual você apresenta, basicamente:

Sua IDEIA
Uma descrição sucinta da trama se ficção; ou do trabalho, se não-ficção
Uma descrição (exata!) do público-alvo para esse livro
Uma biografia (objetiva, curta) sua
Uma descrição da PLATAFORMA que você já tem – se for o caso.

Phil até que é um cara bonzinho, porque ele aceita receber o manuscrito junto com a query letter. A maior parte dos agentes só aceita receber a query letter. Se esta o convencer, então ele lhe manda um e-mail solicitando a remessa do manuscrito. Agora, se ele ligar pessoalmente para você, você já sabe que ele achou a sua ideia um arraso, um blockbuster. E já pode começar a preparar sua viagem para New York (ou São Paulo?) para dali a uns 3 ou 4 meses, para assinar um contrato, pois a grande casa publicadora espera, de braços (e goela, cuidado!)  abertos, por você.

Encerramos por ora, lembrando: NÚMERO UM – UMA GRANDE IDEIA!
Qual será segundo requesito? Escrever muito bem? Pois garanto que NÃO!

5ª. PARTE

Pois não é mesmo! Escrever bem é apenas o terceiro requisito. O segundo já está citado aí acima, na query letter: é a PLATAFORMA.

Foi também em 2007, mas não com o curso do Phil agente literário, que travei conhecimento com tal da PLATAFORMA do escritor. Foi em Hollywood, FL, durante um encontro de escritores. Um deles, no intervalo, me perguntou na lata: “E você, qual é a sua plataforma no seu país?”

Na hora eu engasguei e desconversei (lá eu sabia o que era plataforma?!), comentando que a minha não seria, com certeza, nada comparada com a dele. Funcionou, o cara mordeu a isca! Era homem, sabe como é, nessa hora o sujeito sempre fica tentado a mostrar que o dele é maior que o do outro, a gente aprende isso quando é molequinho, é atávico, não tem jeito. Só faltou tirar e bater na mesa.

Mas ele fez melhor: Imediatamente ele começou a me descrever a plataforma dele e eu fui entendendo aos poucos que raios era essa coisa. Concluí que, em última análise, era um conjunto de atitudes e atividades que davam EXPOSIÇÃO ao escritor. Redes sociais, mailing lists, blog de escritor (que era algo ainda meio incipiente então), blurbs (testemunhos e citações), vídeos, fotografias, artigos publicados, livros publicados anteriormente, ligação com instituições ou grupos grandes, cursos dados, conferências, seminários, entrevistas dadas – enfim, um verdadeiro termômetro da sua capacidade de se expor e se comunicar com o público e o mercado. Desde esse bendito encontro de escritores em Hollywood, eu nunca mais deixei de estudar o assunto e parti imediatamente para construir minha plataforma nos EUA, onde meu objetivo era ser conferencista. Depois, no segundo semestre de 2012, quando decidi que estava na hora de dar mais atenção a meus escritos no Brasil e passar mais temporadas aqui, comecei a construir minha plataforma brasileira de escritor. Mais adiante eu vou contar o que e como fiz.

Então, depois de uma grande ideia, o que você precisa apresentar é uma boa plataforma. Mas como, se você ainda não publicou nada, se você é ainda desconhecido do público? Ou você publicou um livro e o dito cujo encalhou solenemente, não lhe deu maior visibilidade. Também vamos responder a essas perguntas.

O que eu quero deixar bem destacado agora é que, se você pretende ser um escritor PUBLICÁVEL por EDITORAS COMERCIAIS, você vai ter que aprender a dançar conforme a música que elas tocam. E as partituras delas têm três partes importantes, dispostas rigorosamente nesta ordem:

1 – A ideia
2 – A plataforma
3 – A qualidade do texto

Ou seja, não adianta nada você chegar com um texto primoroso de uma ficção que se passa no carnaval do Rio, quando a editora não tem esse tipo de foco ou, se para azar seu, ela acaba de investir num outro autor e está prestes a lançar uma ficção dele, a qual se passa no... carnaval do Rio! Ou seja, você escreveu uma maravilha a respeito de uma ideia comum já bastante explorada, sem ter acrescentado nada de extremamente imaginativo e novo à trama, que a faça realmente diferente e instigante.  Mande seu texto imediatamente para os concursos literários (há centenas deles por ano no país e nós vamos ter um segmento só sobre isso mais à frente), na certa você vai acabar ganhando algum e aí as editoras vão olhar para você com mais apetite da próxima vez. E, conforme o concurso, ele mesmo acaba publicando o seu livro!

Mas, vamos de novo à PLATAFORMA. Por que ela é tão importante a ponto de desbancar a grande qualidade literária do que você escreveu? É simples: você é DESCONHECIDO. E, para que seus livros sejam vendidos, você TEM QUE SER CONHECIDO!

E quem vai fazer com que isso aconteça: a EDITORA, é claro. Quer dizer, a editora vai ter que INVESTIR  em você, para tornar VOCÊ conhecido JUNTO com seu livro. E ái acontece o óbvio: se você já é um pouco conhecido, já tem uma plataforma inicial, fica mais fácil, mais rápido e MAIS BARATO para a editora. Simples assim. Se o contr’riose der, você pode ter certeza, o empresário que edita livros vai optar por um colega/concorrente seu que já tem um certo grau de plataforma a você, que não tem nada. Jogo duro, mas a verdade: Dura Lex, sed Lex, no cabelo só Gumex!

Puxa vida, e agora mais essa! Já não basta ter que ter uma grande ideia, ainda tenho que ter a tal plataforma... Tem sim, não só você, como todo e qualquer escritor que almeja sucesso hoje em dia.

Felizmente, construir uma plataforma de escritor não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Até porque, na verdade, ela tem rigorosamente DOZE cabeças, como lhe vai ser mostrado adiante. Mas a maravilha é que muitas dessas cabeças vivem na INTERNET e é por elas que a gente começa. São muito eficientes e, pelo geral, muito baratas. Delas, sem sombra de dúvida, o BLOG de escritor é a mais importante. Mas isso é assunto para outra conversa. Afinal, só eu fiz quatro cursos sobre essa ferramenta maravilhosa, um verdadeiro BLOGING 101, como se diz nos EUA. E agora você mesmo está compartilhando dessa minha experiência, na medida em que eu lhe presto este serviço através do meu blog brasileiro.

Resumindo: Com uma boa ideia e uma plataforma bem montada, você tem muito mais chance de ser publicado por uma editora, mesmo com um texto apenas aceitável, do que um grande autor com um texto primoroso, mas sem uma grande ideia e sem plataforma alguma.

Ora, uma grande ideia você pode ter, não é nada tão difícil assim. A gente vai lhe mostrar o caminho da roça, pode ficar tranquilo. Por outro lado, estabelecer uma plataforma é algo que você pode aprender a fazer e ir fazendo, de preferência MUITO ANTES de concluir seu livro ou, se ele já está concluído, muito antes de jogá-lo às feras – ou seja, o mercado editorial (agentes literários e editores), com todas as suas demoras angustiantes e rejeições decepcionantes.

O seu BLOG PESSOAL DE ESCRITOR(A) é o grande ponto de partida para construir sua plataforma. Eu disse DE ESCRITOR(A)! Tem regras e macetes para se fazer isso com eficiência. Mas, muito antes de entrar no tema específico do blogging, eu quero chamar sua atenção para o seguinte:

Com um blog, VOCÊ se torna EDITOR também. É, você passa a ser editor de si mesmo! Termina de escrever e revisar e JÁ PUBLICA. Não tem que esperar meses ou anos pela resposta dos editores. Publica de preferência textos pequenos, obriga-se a publicá-los com bastante frequência (a ideal é diária) e vai prestando serviço a seus leitores. Logo, logo, você vai ganhando leitores. Isso é inevitável num mundo onde há milhões de blogs, mas bilhões (1,5 ) de leitores. Você pode publicar seu romance, ensaio ou não-ficção em capítulos ou trechos diários. É facílimo, você JÁ escreveu, é so copiar e colar os pedaços.

Você pode argumentar que aí as pessoas não vão querer comprar seu livro, porque já leram de graça no blog. Bem, os autores costumam resolver isso publicando nos seus blogs os seus livros ATÉ UM CERTO PONTO. Digamos que servem um enorme pedaço de degustação. Depois, o leitor embalado só precisa comprar o livro, geralmente através do próprio blog, onde estará o link apropriado. Mas a coisa vai mais além: Meu livro O CERCO, novela histórica onde eu coloco três sacerdotisas celtas para resolverem o problema de repelir o hunos da Gália em 541 AD, foi publicado no blog capítulo a capítulo, dia a dia, à medida que eu o ia imaginando e  escrevendo. Foi de 7 de Fevereiro a 23 de Abril. No fim rendeu um livro impresso de 400 páginas. Pois formou-se uma fila de espera de leitores que JÁ TINHAM LIDO o livro no blog, à espera do livro físico.

Então, encerrando por hoje, fica aqui explicado por que razão, quando formatei nos EUA meu curso THE PUBLISHABLE WRITER, tratei de fazê-lo de forma que ele JAMAIS  seja somente um curso sobre COMO ESCREVER BEM. Ele é dividido sempre em dois segmentos, um ensinando a escrever e o outro ensinando a vender. E esta segunda parte é a mais importante na prática. A ausência dos conhecimentos de que ela trata é que resulta em decepção e sofrimento para os aspirantes a escritores e mesmo para muitos bons escritores que se vêm à margem do mercado e não conseguem, de forma alguma, viver seu sonho dourado de ganhar a vida muito bem somente com aquilo que escrevem.

O mesmo estará valendo para a sua versão em português, O ESCRITOR PUBLICÁVEL, que lanço para o Brasil e o para todo o mundo lusófono em agosto próximo, PELA INTERNET, porem com coaching individualizado, pessoa por pessoa. Obviamente este fato reduz bastante a capacidade de ter estudantes, razão pela qual as vagas são rapidamente preenchidas. Mas isso não é tema desta série “VOCÊ QUER SER ESCRITOR(A)?, que não está aqui para vender nada – nem meus cursos, nem meus livros, nem meus workshops. Ela seguirá, independente destes.”

Agora encerro com uma grande verdade do mercado, que aprendi ao longo de anos de atividade:

LIVRARIA não vende livro. É o depósito físico ou virtual onde o LEITOR COMPRA.
EDITORA não vende livro. Apenas manda fabricá-lo e o faz chegar à livraria.
QEM VENDE LIVRO É AUTOR!!!

Exatamente isso que você leu! Quem vende livro é AUTOR(A) Se você não der as caras, não se tornar conhecido, você não vai vender nada e vai sumir do mercado, não vai ser ESCRITOR(A) PROFISSIONAL. A editora vai lhe dar um empurrãozinho, vai investir um pouco em mídia, pagar para a livraria colocar seus livros num lugar de destaque e depois... bye, bye, baby; bye, bye! Se você não ficar esperto, seu lindo livro que estava nas vitrines e mesas no lançamento, às dezenas e na horizontal, dois ou três meses depois já virou uma entre mais de 100 mil lombadas de livros espremidas nas prateleiras na vertical. E você... já era!


Portanto, copie e cole esse texto que destaquei em itálico e negrito. Dê um control C para copiar e um control M, para colar diretamente em SUA MENTE! Nunca mais esqueça disto: QUEM VENDE LIVRO É AUTOR(A), quando se faz conhecido. Quando Chico Anísio, Jô Soares ou Chico Buarque lançaram seu primeiros livros, o sucesso e a mega-vendagem já estavam garantidos. Porque eles eram MUITO conhecidos. Entendido?... NÃO, NÃO HÁ OUTRO CAMINHO! Você vai ter que ir à luta. Mas vai valer a pena, pode ter certeza,

CONTINUA

Um comentário:

  1. Boa noite, Nobre Milton

    Nossa! Muito bom o texto. Obrigado por publicar. Saiba que foi de grande valia. E quanto as outras partes, você publicou em seu blog também? Poderia passar os links?

    Obrigado. E sucesso em sua caminhada!

    Sucesso, paz e prosperidade,
    Jhonathan Moreira

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