UMA ABERRAÇÃO BRASILEIRA:
O ESTATUTO
DO NASCITURO, um crime contra a mulher.
MILTON MACIEL
Will Durant foi
um notável historiador e filósofo americano do século vinte. Dois livros dele caíram nas minhas mãos,
livros enormes, de mais de 700 páginas cada um, quando eu ainda era um garoto:
Filosofia de Vida e História da Filosofia. A tradução e os comentários eram de
ninguém menos do que Monteiro Lobato. Eu era menino de todo, com meus 16 anos e
esses dois livros tiveram um impacto muito forte sobre mim. Depois adquiri sua
monumental História de Civilização, em 11 volumes enormes, que ele escreveu
junto com sua esposa, Ariel Durant.
No “Filosofia de
Vida”, que foi meu livro de cabeceira por muitos anos quando rapaz, Durant desenvolve
a parte da Filosofia que trata da Religião através de um enorme capítulo em que
ele promove um encontro e um diálogo aberto entre representantes das mais
diversas correntes de pensamento religioso e não-religioso: católico,
protestante, budista, hinduísta, muçulmano, judeu, agnóstico, ateu, etc. A
construção é extremamente elucidativa e muito agradável. Na introdução, há uma
parte que tenho sempre presente na memória, quando Will Durante afirma que, na
sociedade humana, tudo o que é natural, sofre um desenvolvimento artificioso.
Assim, diz ele, Estado é natural, mas governo é artificial. Religião é natural,
mas igreja é artificial.
Assim o Estado
brasileiro, por exemplo, uma necessidade natural, é representado a cada
instante por governos e desgovernos, pelo geral periclitantes e lamentáveis. A
mesma coisa acontece com a religiosidade, uma tendência natural do ser humano,
que acaba sendo organizada de uma forma artificial em seitas e igrejas. Existem
milhares e milhares dessas organizações montadas por humanos e a cada dia
surgem mais algumas no planeta. Nenhuma tem as soluções que afirma ter, mas
para seus seguidores fanatizados, é e única “religião” (na verdade igreja ou
seita e, não, religião) certa, a única que “salva”, a única que leva ao Deus ou
aos Deuses.
As pessoas,
quanto mais simples e ignorantes, mais se deixam levar pelas manipulações de
políticos e de “religiosos”, que os catequizam e colonizam econômica e
financeiramente, para dessa massa extraírem Poder – seja na mais comum forma
dele que é o dinheiro e na forma secundária, mais reles e desvalorizada, que o
dinheiro compra, que são os políticos. Ou seja, então, extraindo da turba ignara votos
para se elegerem para cargos legislativos e executivos, quando então manipulam e
enfeixam nas mãos manipuladoras simultaneamente o dinheiro e o governo.
Uso esta
aparente digressão para exteriorizar minha indignação contra o grupo de
oportunistas que foi desencavar uma aberração do início deste século para atacar
os direitos da mulher, os poucos que, a duras penas, ela conseguiu lutando incessantemente
contra o terrível establishment
machista da sociedade tupiniquim.
A parca legislação
brasileira concedeu à mulher o direito de optar pela interrupção da gestação
quando a mesma é resultado de estupro. E, também um parto da montanha, acabou
estendendo esse direito a mulheres que gestem fetos inequivocamente anencéfalos
(aqueles que, ao nascerem sem cérebro, morrerão horas depois). Também nossa
legislação abriu caminho para que a pesquisa científica pudesse avançar no
campo das células-tronco embrionárias.
Pois bem, tudo
isso está em vias de ser reduzido a pó. Se o tal Estatuto do Nascituro for aprovado, o embrião ganhará todos os
direitos e a mulher perderá todos os poucos que conquistou. O mais ignominioso é
o caso da gravidez resultante de estupro.
Neste caso, a
mulher agredida será obrigada a levar a gestação até o final. E estuprador, se
localizado, será legalmente responsabilizado e terá que arcar com uma pensão
para sustento do filho. Ora, pode-se imaginar algo assim? Só se tivermos
equipes de Deputados que cacem os estupradores e os tragam à presença da Justiça;
e esta, com sua proverbial ultra-velocidade de cágado paralítico, obrigue mesmo
o malfeitor a pagar pensão. É cômico, se não fosse trágico. Se nem os pais
divorciados, que, se não pagam pensão vão para a cadeia, deixam de sumir,
adotar subempregos, esconder renda, para não arcarem com as pensões, imaginem
os estupradores!!!
Provavelmente
cada deputadinho-cocô que vota a favor dessa aberração nas comissões que já o
aprovaram, terá a seu dispor algumas centenas de estupradores, que eles
gentilmente hospedarão em suas residências e aos quais servirão suas esposas e
filhas diariamente. Estas engravidarão e os deputadinhos-cocô terão legiões de
netinhos-cocozinhos.
Mas o pior vem
agora: Diz o tal EstaPuto que, caso o estuprador não seja localizado ou não
assuma sua responsabilidade econômica, não tem nenhum problema: os
deputadinhos-cocô legislam passando o cravo para o Executivo: o Governo dará,
nesse caso, uma magnânima e perdulária BOLSA-ESTUPRO
de UM SALÁRIO MÍNIMO POR MÊS, para que a mulher agredida e vilipendiada possa
criar seu filho com conforto, boa alimentação, boas escolas, boas roupas, bons
computadores e muito lazer.
O que nos remete a pensar que essa deve ser toda a
remuneração que se pode dar para cada deputadinho-cocô da Casa da Perdição
de Brasília: UM SALÁRIO MÍNIMO por DEPUFEDE, POR MÊS.
A mulher,
evidentemente, não precisa receber uma bolsa-assistência psicológica, uma
bolsa-assistência médica, uma bolsa “me deixe crer na humanidade de novo”. Não,
nada disso, o deputadinho-cocô acha que o tal salário mínimo chega para mãe e o
filho nascido de estupro. Afinal, a mãe tem dois braços e pode trabalhar, pensa
o anencéfalo que é a exceção à regra (toda regra tem uma) e, apesar de não ter
cérebro, conseguiu se eleger DEPUFEDE. A mulher estuprada, mãe de filho de
bandido, que se vire, que trabalhe e, como não vai ter creche mesmo (sim,
porque a explosão populacional vai ser enorme com o EstaPuto, mas isso o
deputadinho-cocô não consegue prever). Ele só vai ser ajudado pela igualmente
catastrófica explosão dos abortos clandestinos, boa parte na base do arame de
cabide, que mata milhões de mulheres por ano no país. Mais isso o
deputadinho-cocô também não quer ver. Não dá voto. A mulher que se f... ferre!
Para completar a
aberração, os cocôs pseudo-pensantes da Casa da Perdição de Brasília querem que
o estuprador, chamado às falas e obrigado a assumir legalmente a paternidade, possa
se apresentar à mulher que estuprou e possa ter o direito de visitas ao filho
que o bandido gerou na marra. Isto é, mandam assombrar a pobre mulher, com “direitos
de pai”, um criminoso que era para estar na cadeia, com uma parte do corpo
transformada em rosa pelos outros presidiários não-estupradores (a quase
totalidade) que, por terem mães, esposas e filhas, punem dessa forma os que
vilipendiam mulheres pelo estupro.
Ora, bem se vê
que os deputadinhos-cocô são umas alimárias anencéfalas, certo?
Pior que não. São
uns ESPERTALHÕES cabotinos de marca maior! Fazem isso tudo para impressionar a
tal massa ignara que os segue, dando-lhe milhões de votos e milhões de reais,
muitos dos quais costumam se transformar em dólares voláteis. São fariseus, falsos
como uísque paraguaio lexítimo, dizem que fazem isso por princípios éticos, por
defenderem o sagrado direito do nascituro. E, com isso, enterram os direitos da
mulher, é claro. Mas eles estão pouco se lixando para a mulher. A mulher que se
f.... ferre. Quem mandou não ter força para encher o estuprador de porrada na
hora!
Se fosse a
mulher do deputadinho-cocô, certamente ela faria isso, é claro. Tomara que sim,
porque o vento da vida vira e amanhã uma menina ou mulher da família do Cocozinho
Federal pode ser vítima de estupro. Mas aí, na moita, ele usa a grana dos dízimos
ou repatria dólares para pagar o Doutor fabricante de anjinhos, boa clínica,
boa assepsia, segurança. Sabe como é! Pois aí estamos perante um caso de justa
e correta exceção, uma vez que o EstaPuto não pode se aplicar a mulheres da família
de um Cocozinho Federal que aprovou o EstaPuto.
E isso ainda não
é tudo. Há muitos outros casos, além da gravidez originada de estupro, em que a sociedade será imediatamente penalizada pelo EstaPuto pleiteado à socapa pelos
Deputadinhos-cocô da Casa da Perdição de Brasília. Como o da pesquisa com células
tronco, que o bronco (irresistível trocadilho) do Bush tentou impedir nos EUA e
não conseguiu. Pois aqui os deputadinhos-cocô podem conseguir, ao menos é o que
esses energúmenos esperam.
E o que nós, como sociedade organizada, que elege
governantes de um Estado LAICO, não podemos permitir que nos seja imposto pelos
grupos liderados por im-pastores espertos e por padres católicos retrógrados,
que deveriam estar cuidando era dos seus próprios incontáveis e incontroláveis casos
de pedofilia.
E há também o
caso das mulheres que, tendo que tratar um câncer e estando grávidas, terão que
optar por deixar-se morrer, pois o tratamento, evidentemente, põe em risco o nascituro.
E este é o único que, pelo EstaPuto dos deputadinhos-cocô, tem direito à vida. A
mulher que se f.... ferre!
Estou indignado, assumo publicamente minha posição, agirei o quanto puder contra essa tentativa cabotina de impor essa aberração às já suficientemente discriminadas mulheres brasileiras.
Não sou brasileira, sou portuguesa, mas SOU MULHER!... E, como mulher, quero deixar aqui o meu grito de indignação, de espanto, de horror! Penso que esse "EstaPuto" ainda não chegou ao meu país, mas a ver o desenrolar das coisas... não sei, porque, à excepção deste ponto, tudo o mais está a acontecer no meu Portugal...
ResponderExcluirObrigada por denunciar estes casos, que não são casos, são ABERRAÇÕES e nos deixam a pensar... QUE FUTURO, MEU DEUS??
Sim, LETE. Políticos desonestos manipuladores os temos em todos os países do mundo. E fanáticos ignorantes, que se deixam por eles manipular, os temos aos milhões. Compete a nós lutar contra essas monstruosidades.
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