domingo, 9 de junho de 2013

SEM GRATIDÃO A FELICIDADE NÃO É ALCANCÁVEL
MILTON MACIEL

Acho que nós devemos ter sempre uma imensa gratidão
a nossos artistas e a muitas outras pessoas, aquelas que 
falaram mais profundamente ao nosso coração.

No meu, por exemplo, existe um altar onde eu
queimo incenso a todos os meus artistas do Barroco,
Com São João (Sebastião) puxando a fila.
(Ah, Bach, que saudades dos meus dedos adolescentes, quando
se apresentavam tocando o Concerto Italiano e tantas peças
magníficas do Cravo Bem Temperado!)
Nesse mesmo altar há velas votivas para Jorge Amado
e José Cândido de Carvalho. Para Érico Veríssimo e Castro Alves.
Para Camões, Pessoa e Vinicius. E um copinho para João Ubaldo!

Ali os turíbulos incensam Vangelis, amado arauto da música New Age, que me inspirou coragem para comprar meu primeiro Korg. Bons tempos aqueles, de ver todas as tardes – meu ritual sagrado – o Sol se por em mil reflexos sobre a Represa de Guarapiranga, Veleiros, São Paulo-capital – ao som simplesmente extasiante de “Entendes-tu lês Chiens Aboyer?” [Do filme “Ignácio”, essa música provoca em mim o alfa mais instantâneo que me é dado atingir até hoje, há mais de duas décadas]. Nos últimos anos, meu espelho d’água para os ocasos ‘vangelísticos’ tem sido o Lago Maule, em Aventura, Miami, FL.

Mas a fumaça branca perfumada do meu incensário sobe também para Isaac Newton e Albert Einstein. Para Carl Gustav Jung, Edgar Cayce e Dane Rudhiar. E não esquece o Carl Sagan de Cosmos. E se evola também para os reformistas sociais Mohandas Gandhi e Martin Luther King.

E ainda há muito mais para Jesus de Nazaré, Francisco de Assis, Madre Teresa, Irmã Dulce e Chico Xavier – expressões máximas da verdadeira Caridade na Terra, que nunca arrancaram dinheiro de “fiéis” como os im-pastores eletrônicos de hoje.

E meu altar se completa com uma longa lista de mulheres maravilhosas, que foram e são fundamentais em minha vida, que me ensinaram o que é este quase indecifrável ser humano chamado mulher: Minhas queridas feministas Safo, Boadicea, Joana D’Arc, George Sand, Olympe de Gouges, Virginia Woolf, Susan Anthony, Angela Davis, Alice Walker, Betty Friedan, Melin Stone, Gloria Steinem, Simone de Beauvoir, Germaine Greer, Andrea Dworkin e Shere Hite. Completo a lista com minha parceira no livro “A Bela Morde Fera”, líder de autodefesa feminina, a americana Ellen Snortland. E, last but not least, minha inefável companheira de vida e luta há 35 anos, minha esposa Terezinha Riechelmann, dádiva suprema de Deus a um pobre espírito renegado como eu. Se eu não acreditasse em Deus, só a persistente presença dela em minha vida me levaria inevitavelmente à crença,

É MUITO BOM poder sentir gratidão e reconhecimento! Eu diria mais, diria que gratidão é essencial para se poder ser feliz. Sem gratidão a felicidade não é alcançável. Você pode até argumentar que tudo isso pode ser substituído por gratidão a Deus, simplesmente.

Polidamente, discordo. É real, mas é desfocalizado. E não pode ser usado por aqueles que exercem seu divino e sacrossanto direito de não acreditarem em Deus.  [Ah, seu cretino crente fanático, vá se catar! Eles têm, sim, o direito de acreditar no que quiserem. Ou de não acreditar. Vá pentelhar outros ignorantes como você, aqui a gente está tratando de ser racional e justo. Se você acha que isso é coisa de Satanás (como tudo que você não conhece, não compreende, não aceita ou seu im-pastor proíbe) então aproveite para recolher o bruto do tinhoso agora mesmo, que ele está gargalhando é aí, dentro de você, já que onde ele impera é dentro dessa sua cabeça bitolada, que o vê em todos os lugares].

Mesmo para os que acreditam em Deus (já confessei que sou um deles), recomendo que a óbvia gratidão ao Ser Supremo seja focalizada, seja personalizada, através de seres humanos melhores do que nós, que nos serviram e servem de modelos e guias, de líderes e inspiradores, portanto! Eu fico feliz em reconhecer o quanto devo a um Isaac Newton  e um Jorge Amado. E o quanto devo a essa fantásticas líderes feministas ou aos meus músicos amados. E, inegavelmente, à esposa que me fez e me faz evoluir um pouco mais ao longo de cada um dos, até hoje, 12 783 dias de puro encantamento.
Muito obrigado a todas elas e a todos eles. 

E ao Deus que brilha bondoso em todos vocês. Porque é a vocês, meus leitores e leitoras, que eu quero declarar, por fim, minha gratidão, meu reconhecimento. Pois que seria destas páginas eletrônicas, não fossem os olhos curiosos e companheiros de vocês, todos os dias? Pois não são ela feitas especificamente para vocês? Obrigado!

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