segunda-feira, 3 de junho de 2013

O VELHO PAPA-VIRGENS – 9ª. parte FINAL
Ou “O descabaçador em Ação”; Ou: "De como duas mulheres inteligentes logram e castigam um velho tarado"
MILTON  MACIEL
Extraído do livro LOLITA DE ARACAJU, A Mais Jovem
Dona de Bordel do Mundo - MILTON MACIEL – Idel – SP

(Este livro é LEITURA PARA ADULTOS. Aos excertos publicados no Facebook e Grupos aplico uma ‘censura’ prévia, amaciando palavras ou eliminando trechos. No blog, o texto é igual ao do livro)

Final da 8a. parte
   A costureira ficou alguns momentos estática, olhando os olhos perfeitos, magnéticos de Lolita. Depois, da poltrona onde estava, deixou– se escorregar para o chão e, de joelhos, tomou uma das mãos da jovem, começando a cobri-las de beijos e lágrimas.

  Minha filha, você só pode seu um anjo que Deus mandou do céu. Eu rezo tanto pedindo ajuda para nós e proteção para estas duas crianças inocentes. Você tem a cara, tem a formosura de uma anja, só pode ser uma criatura de Deus. Obrigada, obrigada por se preocupar com a gente. Deus lhe pague.

NONA PARTE (FINAL) 
–  Ora, ora, dona Durvalina, o que é isso? Desde quando anjo é vingativo? Anjo é bonzinho, perdoa tudo. Eu e minha amiga estamos mais para capetas, porque nós não perdoamos jamais gente como esse vagabundo. Isso que estamos fazendo hoje pela senhora, é só o começo. Nós vamos infernizar a vida desse homem, pode ter certeza. E de qualquer outro que maltratar mulheres indefesas. Eu, sim, é que tenho um anjo inspirador, dona Durvalina, um pessoa muito boa, que viveu nesta terra e ajudou muita, muita gente. Se a senhora quiser agradecer, faça-o em sua preces, mas não perca tempo pensando em mim e em Zezé. Agradeça a meu anjo, que se chama Elise.

–  Pois pode ter certeza que vou fazer isso todos os dias. Graças a Deus!

   Nesse momento as meninas e Zezé retornavam da padaria, trazendo um bolo, refrigerante e mais sorvetes, para Durvalina e Lolita. Zezé ergueu a garrafa de bebida, pediu copos, pratos e talheres e proclamou:

– Festa da Liberdade, dona Durvalina! – e beijou as crianças. Lolita, ao despedir-se, beijando a viúva, colocou um maço com dois mil reais na mão dela, que arregalou os olhos, incrédula.

– Com os cumprimentos do urubu depenado – comemorou Lolita.

   O velho Alcebíades nunca teve um dia de tanta glória – o que culminara na noite em que havia comido o cabaço da inigualável sobrinha de dona Zezé – seguido de outro de tanto azar. Na manhã seguinte começaram suas desditas. Gastou um dinheirão com aquele cabaço, mais do que com qualquer outro na vida. Além de pagar uma fortuna, oito mil reais, ainda dançara em mais quinze mil, para abafar um processo por estupro de menor. Mas não se arrependia, era dinheiro bem empregado. Ele ganhava muito, não tinha mais família para sustentar, podia se dar ao luxo de satisfazer o seu único prazer na velhice – aliás, o mesmo da mocidade – deflorar meninas novinhas.

   Mas, depois de gastar aquela fortuna pela noite mais bem aventurada de sua vida – atrapalhada pela bebida, não lembrava da melhor parte, o grito, o canto do cisne do cabaço, que falta de sorte! – acordara às voltas com polícia e, pouco antes do meio-dia, recebera um telefonema de um escritório de advogado, pedindo sua presença naquela mesma tarde, para tratar de assunto delicadíssimo de seu interesse.

  Assustado como estava com o BO da manhã, quase não teve coragem de ir. Acabou indo, com medo das conseqüências do seu medo de ir, caso não fosse. Por sorte, não era nada relativo ao tal estupro. Mas uma advogadazinha de merda, uma loirinha invocada metida a besta, recém formada, ficou botando banca pra cima dele. Apresentou-se como advogada da viúva Durvalina, exibiu-lhe uma tal de planilha de cálculos atuariais – fosse isso que diabo fosse, assustava! – e recalculou todas as parcelas de pagamento da viúva. 

Na maior cara dura, apertou o botão de um gravador e começou a chamá-lo de agiota desonesto, que errava os cálculos sempre a seu favor. Provou que ele havia recebido muito mais do que havia declarado e que havia acrescido parcelas que deveriam ter sido descontadas. Um caso típico de má-fé e exploração de pessoas simples e de boa vontade. Aquele seria o primeiro item do longo processo que o escritório de advocacia iria mover contra ele. Depois, no item a seguir, seria enquadrado na lei da usura. E, para piorar sua situação, a viúva lhe relatara umas conversas esquisitas, nas quais o farmacêutico insinuava seu interesse pelas crianças, de apenas 10 e 12 anos, sobrinhas da pobre senhora. A advogada arregimentara testemunhas – seis ao todo! – prontas a jurar em juízo que o agiota havia feito propostas que revelavam a intenção de induzir as menores à prostituição. Essa ia ser a parte mais importante do processo. E a advogadazinha tivera o topete de lhe dizer que essa era a parte que ela ia ter mais prazer em fazer andar muito depressa na delegacia e na Justiça.

   Por fim, advertira-o a nunca mais se aproximar daquela família e das crianças. E estendeu-lhe a tal planilha, dizendo que a dívida real não era de 3 800 reais mais 14 % - porém de 2 320 reais. Que ela estava disposta a pagar, para quitar o total da dívida da viúva. Mas que achava mais prudente que ele a quitasse já, naquele exato instante, como um gesto de boa vontade, sem receber absolutamente nada! Talvez, assim, não o processassem.

   O velho Alcebíades ficou possesso. Vermelho, apopléctico, perdeu as estribeiras e começou a se erguer para encher aquela fedelha de bolachas na cara. Mas a desgraçada, rindo, apenas dissera uma palavra ao interfone: TIO! Em segundos surgiu do nada aquele homem enorme, forte, mais parecendo um urso bigodudo. Alcebíades afundou na cadeira, trêmulo, sempre fora um covarde com outros homens, por isso gostava de humilhar e subjugar mulheres. Aquele urso estacou ao lado dele. Que remédio? Assinou o recibo de quitação total, sem nada receber. Saiu humilhado. Que dia, meu Deus! Não poderia jamais imaginar que aquele era só o primeiro!
   O primeiro de muitos dias de atribulação. Como explicar que aquela viúva pobre, sem renda, totalmente encalacrada com ele e prestes a ter que lhe entregar os cabaços das sobrinhas, tivesse de repente arranjado dinheiro e – pior – aquela advogada maldita, aquela fera selvagem? De onde saíra o dinheiro? Quem estava por trás disso?

  O grande baque para o velho foi, sem dúvida, a perda das meninas, um investimento que ele vinha cevando há meses. Isso reduzia o potencial de renovação do seu rebanho. Felizmente, sempre havia mais franguinhas novas no criadouro, era impressionante como esse pessoal gastava dinheiro, como vivia se entalando em dívidas. Sorte dele! Assim podia ganhar seu dinheirinho honestamente e, ainda por cima, executar muitas hipotecas e muitos cabaços, a seu bel-prazer. Ramo maravilhoso de negócios, esse seu! Maldizia os anos e as vistas consumidos atrás do balcão e no laboratório daquela farmácia que herdara do pai. Tivesse começado como agiota desde cedo, hoje seria muitíssimo mais rico do que já era e seu rosário de meninas teria sido incomparavelmente maior. Mas, com certeza, disso não devia se queixar. Afinal, todos sabiam que descabaçador maior do que ele, o grande Alcebíades Verruma (apreciava demais o belo apelido que lhe puseram os colegas desde cedo: Verruma, o instrumento de furar!) não existia na história sergipana conhecida.

   Contudo, a partir daquele dia sombrio, uma espécie de nuvem negra pareceu ter descido sobre seus negócios, especialmente o de donzelas. Uma por uma, foi vendo suas futuras prendas serem resgatadas, via pagamento do principal – absurdo, do principal, não apenas dos juros! – da dívida. Sempre através daquele maldito escritório de advocacia, o tal de Menezes & Malmo. Malmo a advogadazinha, Menezes o urso de bigode, tio dela.

     Após o gordo reforço de recursos que Zezé e Lolita receberam, graças à excelsa participação do agiota Alcebíades Verruma, o descabaçador, as obras do castelo puderam deslanchar, tocadas com grande velocidade. 

FINAL - O Descabaçador em Ação é apenas um dos muitos e divertidos capítulos de LOLITA DE ARACAJU, um livro que tem 320 páginas e conta a história da menina que, usanda a renda de um bordel de alto luxo, vai devotar sua vida ao combate à prostituição de crianças. LOLITA DE ARACAJU pode ser pedido através do e-mail delphos09@terra.com.br e custa somente 27 reais, com frete incluso.

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