O VELHO PAPA-VIRGENS – 9ª. parte FINAL
Ou “O descabaçador em Ação”; Ou: "De como duas mulheres inteligentes logram e castigam um velho tarado"
MILTON MACIEL
Extraído do livro LOLITA DE ARACAJU, A Mais Jovem
Dona de Bordel do Mundo - MILTON MACIEL – Idel – SP
(Este livro é LEITURA PARA ADULTOS. Aos excertos publicados no Facebook e Grupos aplico uma ‘censura’ prévia, amaciando palavras ou eliminando trechos. No blog, o texto é igual ao do livro)
Final da 8a. parte
A costureira ficou alguns momentos estática,
olhando os olhos perfeitos, magnéticos de Lolita. Depois, da poltrona onde
estava, deixou– se escorregar para o chão e, de joelhos, tomou uma das mãos da
jovem, começando a cobri-las de beijos e lágrimas.
– Minha filha, você só pode seu um anjo que
Deus mandou do céu. Eu rezo tanto pedindo ajuda para nós e proteção para estas
duas crianças inocentes. Você tem a cara, tem a formosura de uma anja, só pode
ser uma criatura de Deus. Obrigada, obrigada por se preocupar com a gente. Deus
lhe pague.
NONA PARTE (FINAL)
– Ora, ora, dona Durvalina, o que é isso? Desde
quando anjo é vingativo? Anjo é bonzinho, perdoa tudo. Eu e minha amiga estamos
mais para capetas, porque nós não perdoamos jamais gente como esse vagabundo.
Isso que estamos fazendo hoje pela senhora, é só o começo. Nós vamos infernizar
a vida desse homem, pode ter certeza. E de qualquer outro que maltratar
mulheres indefesas. Eu, sim, é que tenho um anjo inspirador, dona Durvalina, um
pessoa muito boa, que viveu nesta terra e ajudou muita, muita gente. Se a
senhora quiser agradecer, faça-o em sua preces, mas não perca tempo pensando em
mim e em Zezé. Agradeça
a meu anjo, que se chama Elise.
– Pois pode ter certeza que vou fazer isso
todos os dias. Graças a Deus!
Nesse momento as meninas e Zezé retornavam
da padaria, trazendo um bolo, refrigerante e mais sorvetes, para Durvalina e
Lolita. Zezé ergueu a garrafa de bebida, pediu copos, pratos e talheres e
proclamou:
– Festa da
Liberdade, dona Durvalina! – e beijou as crianças. Lolita, ao despedir-se,
beijando a viúva, colocou um maço com dois mil reais na mão dela, que arregalou
os olhos, incrédula.
– Com os
cumprimentos do urubu depenado – comemorou Lolita.
O velho Alcebíades nunca teve um dia de
tanta glória – o que culminara na noite em que havia comido o cabaço da
inigualável sobrinha de dona Zezé – seguido de outro de tanto azar. Na manhã
seguinte começaram suas desditas. Gastou um dinheirão com aquele cabaço, mais
do que com qualquer outro na vida. Além de pagar uma fortuna, oito mil reais,
ainda dançara em mais quinze mil, para abafar um processo por estupro de menor.
Mas não se arrependia, era dinheiro bem empregado. Ele ganhava muito, não tinha
mais família para sustentar, podia se dar ao luxo de satisfazer o seu único
prazer na velhice – aliás, o mesmo da mocidade – deflorar meninas novinhas.
Mas, depois de gastar aquela fortuna pela
noite mais bem aventurada de sua vida – atrapalhada pela bebida, não lembrava
da melhor parte, o grito, o canto do cisne do cabaço, que falta de sorte! –
acordara às voltas com polícia e, pouco antes do meio-dia, recebera um
telefonema de um escritório de advogado, pedindo sua presença naquela mesma
tarde, para tratar de assunto delicadíssimo de seu interesse.
Assustado como estava com o BO da manhã,
quase não teve coragem de ir. Acabou indo, com medo das conseqüências do seu
medo de ir, caso não fosse. Por sorte, não era nada relativo ao tal estupro.
Mas uma advogadazinha de merda, uma loirinha invocada metida a besta, recém formada,
ficou botando banca pra cima dele. Apresentou-se como advogada da viúva
Durvalina, exibiu-lhe uma tal de planilha de cálculos atuariais – fosse isso que diabo fosse, assustava! –
e recalculou todas as parcelas de pagamento da viúva.
Na maior cara dura,
apertou o botão de um gravador e começou a chamá-lo de agiota desonesto, que
errava os cálculos sempre a seu favor. Provou que ele havia recebido muito mais
do que havia declarado e que havia acrescido parcelas que deveriam ter sido
descontadas. Um caso típico de má-fé e exploração de pessoas simples e de boa
vontade. Aquele seria o primeiro item do longo processo que o escritório de
advocacia iria mover contra ele. Depois, no item a seguir, seria enquadrado na
lei da usura. E, para piorar sua situação, a viúva lhe relatara umas conversas
esquisitas, nas quais o farmacêutico insinuava seu interesse pelas crianças, de
apenas 10 e 12 anos, sobrinhas da pobre senhora. A advogada arregimentara
testemunhas – seis ao todo! – prontas
a jurar em juízo que o agiota havia feito propostas que revelavam a intenção de
induzir as menores à prostituição. Essa ia ser a parte mais importante do
processo. E a advogadazinha tivera o topete de lhe dizer que essa era a parte
que ela ia ter mais prazer em fazer andar muito depressa na delegacia e na
Justiça.
Por fim, advertira-o a nunca mais se
aproximar daquela família e das crianças. E estendeu-lhe a tal planilha,
dizendo que a dívida real não era de 3 800 reais mais 14 % - porém de 2 320
reais. Que ela estava disposta a pagar, para quitar o total da dívida da viúva.
Mas que achava mais prudente que ele a quitasse já, naquele exato instante,
como um gesto de boa vontade, sem receber absolutamente nada! Talvez, assim,
não o processassem.
O velho Alcebíades ficou possesso. Vermelho,
apopléctico, perdeu as estribeiras e começou a se erguer para encher aquela
fedelha de bolachas na cara. Mas a desgraçada, rindo, apenas dissera uma
palavra ao interfone: TIO! Em segundos surgiu do nada aquele homem enorme,
forte, mais parecendo um urso bigodudo. Alcebíades afundou na cadeira, trêmulo,
sempre fora um covarde com outros homens, por isso gostava de humilhar e
subjugar mulheres. Aquele urso estacou ao lado dele. Que remédio? Assinou o
recibo de quitação total, sem nada receber. Saiu humilhado. Que dia, meu Deus!
Não poderia jamais imaginar que aquele era só o primeiro!
O primeiro de muitos dias de atribulação.
Como explicar que aquela viúva pobre, sem renda, totalmente encalacrada com ele
e prestes a ter que lhe entregar os cabaços das sobrinhas, tivesse de repente
arranjado dinheiro e – pior – aquela advogada maldita, aquela fera selvagem? De
onde saíra o dinheiro? Quem estava por trás disso?
O grande baque para o velho foi, sem dúvida,
a perda das meninas, um investimento que ele vinha cevando há meses. Isso
reduzia o potencial de renovação do seu rebanho. Felizmente, sempre havia mais
franguinhas novas no criadouro, era impressionante como esse pessoal gastava
dinheiro, como vivia se entalando em dívidas. Sorte dele! Assim podia ganhar seu
dinheirinho honestamente e, ainda por cima, executar muitas hipotecas e muitos
cabaços, a seu bel-prazer. Ramo maravilhoso de negócios, esse seu! Maldizia os
anos e as vistas consumidos atrás do balcão e no laboratório daquela farmácia
que herdara do pai. Tivesse começado como agiota desde cedo, hoje seria
muitíssimo mais rico do que já era e seu rosário de meninas teria sido
incomparavelmente maior. Mas, com certeza, disso não devia se queixar. Afinal,
todos sabiam que descabaçador maior do que ele, o grande Alcebíades Verruma
(apreciava demais o belo apelido que lhe puseram os colegas desde cedo:
Verruma, o instrumento de furar!) não existia na história sergipana conhecida.
Contudo, a partir daquele dia sombrio, uma
espécie de nuvem negra pareceu ter descido sobre seus negócios, especialmente o
de donzelas. Uma por uma, foi vendo suas futuras prendas serem resgatadas, via
pagamento do principal – absurdo, do principal, não apenas dos juros! – da
dívida. Sempre através daquele maldito escritório de advocacia, o tal de
Menezes & Malmo. Malmo a advogadazinha, Menezes o urso de bigode, tio dela.
FINAL - O Descabaçador em Ação é apenas um dos muitos e divertidos capítulos de LOLITA DE ARACAJU, um livro que tem 320 páginas e conta a história da menina que, usanda a renda de um bordel de alto luxo, vai devotar sua vida ao combate à prostituição de crianças. LOLITA DE ARACAJU pode ser pedido através do e-mail delphos09@terra.com.br e custa somente 27 reais, com frete incluso.
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