terça-feira, 11 de junho de 2013

AQUARELA  DA  SAUDADE      
MILTON  MACIEL

Em aquarela eu quis dizer
Toda a enorme saudade que eu sentia.
Insuportável meu viver,
A sua falta, uma agonia.
Noite era a noite, noite era o dia.

A tinta azul sobre o papel
Preencheu todo o espaço para a aguada.
Tomei na mão fino pincel,
Mas... Não me saía nada!
Pois só via, na mente, minha amada.

Então, tristonho, me curvei,
Derrotado, desisti, cerrei o cenho.
Do azul vazio me aproximei
Vazio, inerte como um lenho,
E lágrimas tombaram no desenho.

Espalhou-se a água morna,
Formou como que um lago displicente.
Expandiu-se e sua forma
Avançou celeremente
Diluindo o azul completamente.

Sobre o borrão que se formou
Passei então o meu dedo indicador.
E ele tão suave deslizou,
Porque ele estava a compor
Nada menos que o SEU NOME, meu amor.


E uma coisa assim esmaecida,
Com um nome vagamente rabiscado
É A OBRA MAIOR DA MINHA VIDA!

O desenho, depois de enquadrado,
Por mim de SAUDADE foi chamado.


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