quarta-feira, 5 de dezembro de 2012


MAR REVOLTO 
MILTON  MACIEL 

Falaz sentir, fantasmagórica romança,
Em que me encontro, aqui às faldas da falésia.
Contemplo o mar, que se revolve em feroz dança,
Enquanto eu, tonto, vivo a dor desta amnésia.

Quem serei eu, que só escuto este tumulto,
A matraquear pelo meu cérebro, incessante?
Um tolo amante, obcecado, o amor oculto
A encandear-me, em lava, o peito delirante!

E o que sou? Nada mais do que um fantasma
Esfrangalhado, mais revolto que este mar.
Por isso espero a tempestade me engolfar:
O corpo morre e a alma parte, vil miasma.

E, ao quebrar-me a onda, meu espanto
Será meu último sentir: só desencanto.

4 comentários:

  1. Um poema forte como a força do mar revolto. Admiro essa força que vem dos seus pensamentos, enquanto desbravador de sonhos.
    Parabéns, meu prezado amigo!

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