MILTON MACIEL
I - A PAZ
Mais um dia que termina
Na mais pura e santa paz.
No mato de
sina-sina,
Com alarido se
agita,
Um bando de
caturrita
Que fez ali seu
ninhal.
Festeja o reino
animal:
No açude, defronte ao mato,
Espadana o ganso,
grato,
Seus pios
levantando ecos.
Dúzia e meia de
marrecos,
Retoçando
mansamente,
Deslizam, nadando em frente,
Das garças de
bico chato.
Quando sobre o
açude raso,
O sol mergulha no
acaso,
Tingindo o céu de
laranja,
A bicharada se
arranja,
Pr'uma noite de
descanso.
Assim que se cala
o ganso,
Chega a vez da
saparada,
Que entoa sua
coaxada,
Saudando a primeira
estrela.
Erguem os olhos
para vê-la,
De dentro d’água,
os peixinhos.
E então, da
noite, os caminhos
Subitamente rebrilham:
No céu, mil pontos
fervilham
E a noite então
se incendeia
Pois que surge a
Lua Cheia.
Mais uma noite que começa,
Na mais pura e santa paz...
II - PORÉM...
O dia termina em
paz,
A noite começa em
paz...
De acabar com
tudo isso:
Basta surgir do
moquiço,
A espingarda
sobre o ombro,
O bicho-homem, o assombro
Que horroriza a
Natureza.
Bicho da maior
fereza,
Que espalha a
morte e a dor,
Que vai matar por prazer,
Só para poder
dizer
Que ele é um grande
Caçador!
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