TRISTE,
ESTRANHO MUNDO
Triste bruto mundo,
Onde em latas de lixo por festim,
crianças reviram o seu parco de comer.
Cachorros coçam suas sarnas pelas ruas,
por onde humanos se esbarram desconexos.
Bebem os homens suas dores nos botecos
e matam-se uns aos outros sem porquê.
Triste feio mundo,
onde, moídas de competição,
mulheres TÊM que ser
ardilosamente belas,
perenemente magras,
eternamente jovens,
absurdamente responsáveis.
E desejáveis, usáveis, descartáveis.
(e matar-se de trabalhar pra pagar por tudo
isso!)
Fiéis aos muitos seus e aos muitos seus
deveres,
Porém estranhamente infiéis a si mesmas!
Ah, triste velho mundo,
Onde políticos corruptos vicejam,
Empresários corruptores sonegam,
Banqueiros rapinam na escorchância
E paraísos fiscais a todos acobertam.
Os honrados cidadãos fajutam, mentem,
também sonegam, pirateiam, fazem gatos.
Mas não deixam de cumprir o seu cívico
dever:
vão às ruas protestar e quebrar contra a
corrupção!
Triste louco mundo
de terrorismo, guerras e de exploração.
Países Senhores da Guerra vendem armas a
dinheiro
Mas fazem fiado a desgraça, a morte e a
desolação,
a carne jovem por eles consumida em bucha
de canhão.
A carne ainda mais jovem mercadejada na
prostituição,
Meninas e mulheres sofrendo seu ordálio
eterno:
Desrespeito, assédio, estupro. E agressão.
Triste estranho mundo,
onde crianças teimam em nascer,
onde os poetas insistem em sofrer
E os amantes se obstinam em amar.
Onde há doutores que ainda ousam curar,
e professores que se esfalfam pra ensinar.
Onde os malucos não param de sonhar
e há visionários que ainda soem acreditar.
Ah, triste alegre mundo,
Que não pára de girar!
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