A
CONTROVÉRISA DO PÃO INTEGRAL - PARTE 2
O
PÃO INTEGRAL COM FARINHA 100% INTEGRAL
MILTON MACIEL
Na primeira parte deste artigo eu transcrevi
uma pequena parte de um dos capítulos do meu livro “A SOPA QUÍMICA, Nossa
Alimentação Suicida”, para falar de farinha de trigo branca e farinha de trigo
integral.
Como mencionei então, logo no início, as
pessoas que tentam fazer o pão integral em casa, usando exclusivamente farinha
integral, se deparam com uma grande dificuldade: a massa quase não cresce,
resultando num pão menor e pesado. Mas ali eu também mencionei que a indústria
alimentícia tinha encontrado uma fácil solução para isso, por meio de aditivos químicos
alimentares, que são incorporados à massa.
Como o que dá ‘liga’ à massa e permite que
as bolhas de gás carbônico produzidas pela ação do fermento fiquem retidas na
mesma é o GLÚTEN, a primeira solução, também usada em receitas caseiras, é
misturar a farinha integral com a farinha branca. Ooutro recurso é a adição de mais glúten simplesmente. Mas, para uso industrial,
isso ainda é pouco, de modo que outros aditivos, denominados genericamente de
MELHORADORES DE FARINHA são empregados. O primeiro melhorador de farinha mais usado é o ácido ascórbico.
Mas isso pode ser ainda pouco, quando a
participação da farinha integral é maior do que a branca. Esta costuma aparecer
na lista obrigatória de ingredientes como
a denominação:
FARINHA DE TRIGO ENRIQUECIDA COM FERRO E
ÁCIDO FÓLICO. Sim, essa é a farinha BRANCA!
Se ela aparecer em primeiro lugar na lista,
então o pão tem mais farinha branca do que integral.
Mas, quando a farinha a ser usada é 100%
integral, então só o ácido ascórbico (a vitamina C, lembram?) é pouco. Nesse
caso, a indústria lança mão, mais modernamente, de um novo truque químico: o
segundo “melhorador” de farinha é a AZODICARBONAMIDA (ADA).
A azodicarbonamida é um produto químico
usado na indústria de plásticos como ESPUMANTE, para produzir bolhas no
material, deixando leve a flexível. Serve tanto para fazer plásticos tipo
isopor como para fabricar tapetes de borracha/plástico muito leves e flexíveis,
como os usados para prática de Ioga.
A indústria alimentícia aprendeu a usar a
ADA para “melhorar” a farinha branca em geral e, aumentando a dose, a farinha
integral também. Nos EUA temos mais de 500 produtos diferentes que incorporam
ADA nas suas farinhas, desde pães, biscoitos e bolos até pizzas e vários tipos
de salgados.
Há pouco tempo começou uma grita
generalizada contra o uso de ADA nas farinhas e o EWG – Environmental Working
Group mandou analisar centenas de produtos existentes no mercado americano,
defrontando-se com o uso de ADA em mais de 500 produtos diferentes. Como
resultado da campanha americana de mobilização contra a ADA, a rede SUBWAY
concordou em banir o aditivo de todos os pães de seus sanduíches. Agora o EWG e
outras associações pressionam outros fabricantes de porte para que façam a
mesma coisa. Vai ser uma dura batalha!
Par terminar, vou colocar aqui a lista de
ingredientes de um dos pães fabricados no Brasil usando só farinha 100%
integral.
Trata-se do “Pão integral SEVEN BOYS de
trigo e linho”. A embalagem expressa:
“100% da farinha utilizada é integral”. “O
Pão Integral Trigo e Linho Seven Boys utiliza em sua receita exclusivamente
farinha 100% integral, alem de sementes de linhaça marrom.”
Mas agora vamos à lista de ingredientes:
Farinha de trigo INTEGRAL
Glúten de trigo
Açúcar mascavo
Sementes de linhaça marrom
Gordura vegetal de palma
Sal
Conservador: propionato de cálcio
EMULSIFICANTES:
1) Mono e diglicerídios de ácidos graxos
2) Estearoil-2-lactil lactato de sódio
Acidulante: ácido lático
MELHORADORES DE FARINHA:
1) ácido ascórbico
2) azodicarbonamida (a famosa ADA que os
americanos não querem!)
Bem, agora você pode entender porque a
indústria alimentícia consegue, num produto típico como esse, oferecer um pão
integral, com farinha 100% integral, crescido, aerado, fofinho e pré-fatiado. Ao
passo que o seu, caseiro, só na base da farinha integral, fica aquela sola
danada de dura.
O segredo deles é a moça americana, a tal de ADA!
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