MILTON MACIEL
“Tudo
muda, tudo passa,
Neste
mundo de ilusão.
Vai
para o céu a fumaça,
Fica
na terra o carvão.”
(Li essa
quadrinha uma vez quando era muito criança, não havia nome de autor. E uso isso
hoje como fonte de inspiração para um Dia de Finados)
I
Tudo muda, tudo passa, efêmero é o existir.
De início somente flores, a ufanar-se os
senhores:
Agaloa-se o vaidoso, crê-se o rico poderoso;
A bela se crê perfeita, só sua beleza a
deleita.
E o intelectual pedante? Ah, o outro é
ignorante!
O negociante corsário vê no cliente só um
otário,
E o banqueiro agiota suga o sangue desse
idiota.
Já o político desonesto tenta sugar todo o
resto;
E o governante venal... nos rouba como um
chacal.
II
Tudo muda, tudo passa, efêmero é o existir.
Um certo tempo passado e tudo ficou mudado:
Foi o vaidoso humilhado, o rico desenganado.
Pra bela o tempo voou, somente rugas
deixou.
E o intelectual pedante? Ah, teve Alzheimer
galopante!
O negociante corsário teve um baque
extraordinário.
Faliu o banqueiro agiota, feito por outro
de idiota.
Já o político desonesto perdeu seus bens em
arresto.
E o governante venal... entrou pra história
como um Mal.
III
E, no correr dos relógios, morreram todos.
Os necrológios:
O vaidoso, já humilhado, até no velório foi
gozado.
O rico as doenças levaram; Como os filhos
festejaram!
A Bela nem foi lembrada: Miss mil novecentos
e nada.
E o intelectual pedante? Ah, que necrológio humilhante!
Enfartou o negociante corsário, Ricardão
tava no armário.
O banqueiro agiota falido, teve enterro
dismilinguido.
O político desonesto esquecido, morreu
muito empobrecido.
E o governante venal... foguetes e festejos
marcaram seu funeral.
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