quarta-feira, 7 de novembro de 2012

POEMA DE OUTONO  
MILTON MACIEL   


Tomba a folha mansamente, em seu último suspiro,
Rutilante em tons de rubro, de um brilho adamantino.
Despede-se da luz, do bosque ‘inda verde, do retiro
Em que viveu sua vida e onde cumpriu o seu destino.
Vezes sem conta tragou sol, regurgitando oxigênio,
Como fazem sempre as folhas, milênio após milênio.
Generosa supriu flores, frutos, ramos, troncos, galhos,
Até fazer de sua árvore o mais frondoso dos carvalhos.

Mas então o inevitável: eis que seu ciclo terminou
E a folha, agora velha, foi perdendo a serventia.
Foi-se o verde, escureceu, perdeu seiva, ressecou
E então, se desprendendo, alcançou o último dia.
Suave flutuou ao vento, tão tranquila a trajetória,
E chegou serena ao chão, encerrando sua história.
Entendeu-se feliz: era o final, missão cumprida;
Olhou pro céu, sorriu... E despediu-se desta vida.



Nenhum comentário:

Postar um comentário