quinta-feira, 22 de maio de 2014

ME ENGANA QUE EU GOSTO - 1 
AS GORDURAS ANIMAIS QUE VOCÊ COME
 SEM SABER: OS EMBUTIDOS
MILTON  MACIEL

Vou começar esta matéria exemplificando com os embutidos. Depois, vamos à caça DA origem do problema em si, a CARNE GORDA – deixando bem claro, desde o início, que este não é um texto de vegetarianismo. Nem contra ele.

Você consome esses embutidos e carnes gordas com satisfação, acostumado que está com eles desde criancinha (Tá certo, você não está sabendo, eles não contam para você - senão você não compra! E espere até você saber O RESTO do que eles colocam DENTRO dos embutidos! Em breve vamos contar).

A grande maioria das gorduras nas carnes de animais que foram de propósito ENGORDADOS antes do abate é formada por gorduras SATURADAS. Que, em termos de prejuízo para a saúde, só perdem para as piores de todas, as gorduras TRANS, estas de origem VEGETAL, das quais vamos tratar depois.

Coma bastante destas fontes de gorduras saturadas de animais ENGORDADOS de propósito, se possível todos os dias, e você vai fazer a alegria do seu endocrinologista, do seu cardiologista, do seu anestesista, da academia, do hospital, da farmácia, da funerária. E a tristeza da mulher que o ama – que nem sempre é a viúva que vai sobrar por aí, para gastar a grana do seu seguro de vida com o Ricardão.

Aqui embaixo estão os percentuais de GORDURAS (FAT) e proteínas em cada carne ou embutido. Como você não pode VER a gordura dentro desses ‘alimentos’, você não fica sabendo o risco que corre. Quer dizer, não ficou até HOJE, até ver a figura abaixo desta matéria.

A origem do problema é engorda dos animais de criação

A origem do problema do grande excesso de gorduras saturadas nos embutidos está no processo fundamentalmente DESONESTO de engordar artificialmente os animais antes do abate. Com isso o produtor ganha mais, mas vende gordura no lugar de carne magra.

As carnes dos animais de caça, únicas comidas pelos humanos durante os 2 milhões e meio de anos do Paleolítico, quando nosso genoma foi formado, têm BAIXÍSSIMO teor de gordura. Isso porque esses animais estão em constante movimentação na natureza, procurando alimento e fugindo de seus predadores. A pouca gordura que acumulam no corpo durante a época das chuvas, é rapidamente consumida durante a seca ou o inverno com geada/neve.

Porém com o advento da agricultura e da criação animal há cerca de 10000 anos, dando origem ao Neolítico, os animais passaram a ter movimentação mínima, proteção contra predadores e alimentação relativamente constante durante o ano todo. Rapidamente estabeleceu-se o sistema usado hoje na pecuária: cria, recria, engorda.

Esta última fase, a engorda, tende cada vez mais a ser feita por meio de CONFINAMENTOS, nos quais os bovinos, além dos volumosos normais de sua alimentação (gramíneas) passam a receber rações de CONCENTRADOS, de elevado teor protéico e de origem vegetal – normalmente o binômio milho-soja. Ou seja, animais herbívoros passam a ser alimentados também com grãos, para cuja digestão seus sistemas digestivos não foram desenvolvidos na natureza. Isso, entre outros problemas, vai acarretar na entrada das famigeradas LECTINAS dos grãos nas carnes e leites animais. Mas isso é assunto para outra hora.

Mesmo quando o confinamento não é usado e o animal é mantido somente a pasto durante a fase de acabamento, a engorda, de qualquer forma ele passa a acumular MASSA GORDA para ganhar mais peso e poder ser vendido com mais renda para o criador. E é nessa transformação que a sua saúde começa a correr perigo, já que a gordura acumulada para ser vendida a você é basicamente gordura SATURADA.

Você acaba de ver onde essa gordura foi parar no caso dos embutidos. Como o nome já diz, as carnes originais (extremamente gordas) foram trituradas, misturadas com vários aditivos de que vamos tratar mais adiante e, depois, embutidas dentro de um envoltório natural ou sintético, escapando à sua visão. Na figura ao lado, você pode ver o que acontece 
com a carne de um ovino acabado em confinamento.

O consumidor compra essa carne e, via de regra, é obrigado depois a descartar enormes porções que são gordura praticamente pura, botando dinheiro fora. Mas, na carne vermelha restante, ainda há enormes quantidades de gordura saturada nos interstícios das fibras musculares, constituindo a carne “marmorizada”, tão visada pelos produtores hoje em dia. (CONTINUA)


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