sexta-feira, 9 de maio de 2014

As vantagens de aprender a ARTE DE ESCREVER e a ARTE DE PUBLICAR  
MILTON MACIEL   

Publiquei meus primeiros três romances em 2008. Em dois o tema era prostituição infantil no Nordeste e no terceiro a vida na Paulicéia Desvairada. Foram livros muito bem recebidos, as tiragens se esgotaram, o que é um típico milagre no Brasil. E, por causa desse sucesso, eu achei que escrevia muito bem.

Mas isso foi só até começar a viver muito mais tempo nos Estados Unidos e a fazer algumas dezenas de cursos para escritores e para editores lá. Foram quase 50 cursos até 2013. Gastei mais de 12000 dólares nisso, a justa paga pela competência dos escritores, agentes literários e editores que nos passavam suas experiências de técnica e de vida, em cursos, seminários, oficinas, congressos e retiros. Foi o dinheiro mais bem empregado por mim nesses últimos anos! A novidade é que eu continuo estudando técnicas de escrita criativa e técnicas de produção, distribuição e marketing de escritores, livros e e-books, contínua e incessantemente. E não pretendo parar, enquanto puder ler e compreender o que leio.

Durante esses anos fui descobrindo que eu não escrevia bem coisíssima nenhuma! Eu era apenas mais do que razoável, era um diamante em bruto, sem qualquer polimento. Hoje, quando faço a releitura daquelas obras de 2008, eu fico estarrecido com a minha inocência e a minha total falta de visão de mercado livreiro. E com a minha arrogância, também. Porque eu me considerava pronto!

Quer saber? Não estou pronto até hoje, quando estou indo para a publicação do meu trigésimo livro! O convívio com gigantes me fez reconhecer meu tamanho menor e me encorajou a lutar para me tornar progressivamente mais competente na arte e na técnica, a mesma meta que orienta os meus passos até hoje.

Hoje não tenho mais aquela visão primária. Vou a todo e qualquer curso que qualquer colega escritor, por mais desconhecido que seja, apresente. E nunca me arrependo, porque não há um só deles em que eu não aprenda mais um pouco. O que me torna, fatalmente, um escritor progressivamente melhor.

Com o tempo, de tanto ser estudante de escritor, acabei me tornando lá professor de escritor. Ou seja, comecei a compartilhar toda aquela massa de conhecimentos específicos que eu havia absorvido e continuava absorvendo. Foi assim que nasceu, em Miami, no ano de 2013, o THE PUBLISHABLE WRITER.

Que agora está obtendo cidadania brasileira. Primeiro em São Paulo, onde criei a Escola Brasileira do Escritor. Em Joinville, onde o curso deve começar com um grupo mirradinho, como seria normal esperar do perfil da cidade. E em Curitiba, onde o grupo se apresenta muito mais substancial, é óbvio.

Nos Estados Unidos, eu fiz assinatura de nove revistas específicas para escritores. Uma delas, a mais velha, The Writer, teve seu primeiro número publicado em 1886, dois anos antes que abolíssemos a escravidão no Brasil, e está viva e ativa, com excelente qualidade e uma pletora de anunciantes até hoje. E no Brasil? Pois é, nós não temos NENHUMA revista de expressão comercial, que possa sobreviver por conta própria, dedicada exclusivamente a escritores e aprendizes.

Lá essas publicações se dirigem a um mercado consolidado de 600 000 escritores e aprendizes, fora os adventícios. E nós, no Brasil, quantos somos? Ninguém tem a resposta exata, nem mesmo a Câmara Brasileira do Livro, entidade dos editores nacionais – melhor dizer: sediados no país, boa parte dos maiores hoje são empresas estrangeiras, o que serve como consolo, porque diz que, apesar dos pesares, os empresários por trás delas confiam no mercado brasileiro e sua possível expansão.

Fui um bom estudante, aprendi bem minha lição. Hoje, como escritor e ghost writer, vivo somente do que escrevo. Sou escritor full time, o sonho dourado de todo aspirante a escritor. Por outro lado, tendo aprendido muito bem os caminhos da auto-publicação e da comercialização direta, nos últimos quinze meses, no Brasil, publiquei uma média de quase um livro por mês, entre romances, novelas, contos, poemas, feminismo, literatura técnica e divulgação científica. Qual o milagre? Acaso sou um gênio? Ora, é claro que não!

Apenas aprendi a escrever de forma direta, objetiva, rápida, dentro de um arcabouço de técnicas que evita todo o desperdício de tempo e de esforço, sem sacrificar a emoção e a criatividade. Cada capítulo que concluo (e, pelo geral, concluo um capítulo por dia; meus seguidores no blog sabem que eu posto o capítulo no mesmo dia em que ele é escrito, de forma que tenho, nesse blog, diversos livros inteiros, que nascem ali e só depois ganham uma segunda vida através do livro impresso); cada capítulo que concluo, dizia eu, não precisa de revisão mais do que ortográfica e de digitação. É muito difícil que eu tenha que reescrever um parágrafo. Honoré de Balzac ficaria horrorizado comigo, ele que chegava a reescrever uma mesma página de livro mais de 16 vezes.

E porque eu não preciso revisar como Balzac? Duas hipóteses seriam possíveis: A primeira, válida certamente na opinião de muitos (reconheço, não sou um tipo muito popular no meu meio!): é um arrogante! A segunda: o cara aprendeu a escrever de forma direta, objetiva, sem depender de exaustivas etapas de reescrever e reescrever e reescrever. Pois foi isso mesmo que aconteceu comigo, ao longo desses mais de sete anos em que tenho sido um aprendiz da Arte de Escrever e da Arte de Publicar.

Minha vida literária é um testemunho vivo de que vale a pena aprender essas duas Artes.

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