MILTON MACIEL
(Para Angela Khedi)
(Para Angela Khedi)
I
Tricores,
mágicos manacás em flores,
a primavera inunda-nos de buganvílias.
Ipês explodem, multicores ilhas,
e o novo dia, com os seus alvores,
mostra no verde coloridas trilhas.
Amores
cálidos, sem falsos pudores,
a primavera enche-nos de maravilhas.
Peitos explodem, profanas homílias,
e o novo tempo, com os seus fulgores,
prepara o germe das novas famílias.
II
Horrores
Pérfidos, cruéis opressores:
A primavera a revolta perfilha!
O dominado enfrenta a armadilha
E, novo homem, contra os predadores,
Luta com livros, luta com guerrilha.
Printemps de Paris,
sessenta e oito,
Cohn-Bendit .
Primavera Árabe,
Dois mil e dez,
al-arabi.
Primavera de Praga, que uma nação inteira
abrasa,
Sessenta e oito – Dubcek; Urano e Plutão.
Mas não esqueçamos:
A primavera que Anne Frank sonhou, em seu
porão,
é a mesma que a menina Farida sonha em
Gazza.
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