quarta-feira, 24 de setembro de 2014

PRIMAVERA VERAZ 
MILTON MACIEL
(Para Angela Khedi)

I
Tricores,
mágicos manacás em flores,
a primavera inunda-nos de buganvílias.
Ipês explodem, multicores ilhas,
e o novo dia, com os seus alvores,
mostra no verde coloridas trilhas.

Amores
cálidos, sem falsos pudores,
a primavera enche-nos de maravilhas.
Peitos explodem, profanas homílias,
e o novo tempo, com os seus fulgores,
prepara o germe das novas famílias.

II
Horrores
Pérfidos, cruéis opressores:
A primavera a revolta perfilha!
O dominado enfrenta a armadilha
E, novo homem, contra os predadores,
Luta com livros, luta com guerrilha.

Printemps de Paris,
sessenta e oito,
Cohn-Bendit .

Primavera Árabe,
Dois mil e dez,
al-arabi.

Primavera de Praga, que uma nação inteira abrasa,
Sessenta e oito – Dubcek; Urano e Plutão.
Mas não esqueçamos:
A primavera que Anne Frank sonhou, em seu porão,
é a mesma que a menina Farida sonha em Gazza.


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