quarta-feira, 1 de abril de 2015

POEMA DE OUTONO   (Celebrando a estação)
MILTON MACIEL  

Tomba a folha mansamente, em seu último suspiro,
rutilante em tons de rubro, de um brilho adamantino.
Despede-se da luz, do bosque ‘inda verde, do retiro
em que viveu sua vida e onde cumpriu o seu destino.

Vezes sem conta tragou sol, regurgitando oxigênio,
como fazem sempre as folhas, milênio após milênio.
Generosa supriu flores, frutos, ramos, troncos, galhos,
Até fazer de sua árvore o mais frondoso dos carvalhos.

Mas então o inevitável: eis que seu ciclo terminou
e a folha, agora velha, foi perdendo a serventia.
Foi-se o verde, escureceu, perdeu seiva, ressecou.
E então, se desprendendo, alcançou o último dia.

Suave flutuou ao vento, tão tranquila a trajetória,
e chegou serena ao chão, encerrando sua história.
Estendeu-se feliz: era o final, missão cumprida;
Olhou pro céu, sorriu... e despediu-se desta vida.


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