MILTON MACIEL
Se, por causa destes sonhos, eu me vejo
assim levado,
Se, andando nestes passos, sigo só pelos
caminhos,
Quero crer que sigo em frente, meu destino
está traçado:
Sigo o rumo desolado
Dos corações mais sozinhos,
Dos seres mais comezinhos
Que arrastam seu duro fado.
Quero crer que sigo em frente por meu
próprio desatino,
Pelos carreiros do mundo, sou mais um homem
perdido,
Que se arrasta, inutilmente, pra cumprir o
seu destino:
Ante a vida só um menino,
Como um pássaro ferido,
Para o vórtice atraído,
A gemer o último trino.
E, no entretanto, eu continuo assim.
Pelas estradas... levantando pó,
Pois meu destino é ser um homem só:
Jamais parar até que chegue o fim.
Quero crer que sigo em frente, minha vida
não tem volta,
Vou tangido pelos ventos, como uma folha
caída,
Não tem dor, não tem soluço, não tem ai,
não tem revolta:
Solitário sem escolta,
Uma força desmedida
Me faz resistir à vida
E a vida... não me solta!
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