sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

MAR DOS NAUFRAGADOS 
MILTON MACIEL

Cheguei, atravessando a madrugada,
no meio de coriscos incessantes.
Trazia em mim a mesma dor de antes:
A angústia de não ter a minha amada.

Entre nós houve um oceano de degredo,
Entre nós, a solidão desesperada!

Fiz-me ao mar, superando todo o medo.
Naveguei como um louco em disparada.
Entre escolhos e rochedos, correntezas,
para a frente: era chegar... ou era o Nada!

Colheu-me a escuridão das incertezas,
Varreu-me a tempestade desalmada.
Choquei-me com o recife, soçobrei,
meu barco em mil pedaços destroçado.
Foi na Morte que achei forças e nadei
com a energia de um ser desesperado.
Eu não podia aceitar meu próprio fim,
sem vê-la, outra fez, em frente a mim!

Depôs-me o mar na areia, só, desacordado.
Mas ao raiar do sol, abri os olhos, despertei,
E acreditei que havia um Anjo do meu lado.

Aos poucos sua imagem se formou
ante meus olhos doloridos e cansados:
E era a mulher dos meus sonhos, meu amor,
Por quem venci o mar dos naufragados!


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