terça-feira, 31 de dezembro de 2013

ESSE DESCONHECIDO JOÃO RAMALHO
MILTON MACIEL

A imensa maioria dos brasileiros não sabe o quanto deve ao português João Ramalho. Aliás, à bem da verdade, nem sabe que existiu esse João Ramalho, que naufragou nas costas brasileiras em 1512, aos 19 anos de idade. Passando a viver com e como os índios tupis, teve 48 filhos com inúmeras índias e com eles formou uma milícia armada de arcabuzes. Esse foi o primeiro ‘exército’ brasileiro regular com armas de fogo.

João Ramalho fundou Santo André da Borda do Campo, ajudou Martin Afonso de Souza a fundar São Vicente e o padre Manoel da Nobre a fundar São Paulo. Dois anos depois, quando esta novel vila de São Paulo de Piratininga estava a ponto de ser arrasada pelos tapuias (a confederação dos tamoios), foi justamente o exército de João Ramalho, com a ajuda dos índios de seu sogro, o chefe tupi Tibiriçá, que salvou São Paulo.

Sem a garantia de João Ramalho, teria sido difícil a fundação de São Paulo. E, sem ele,  ela teria sido completamente destruída pelos tamoios, logo depois. No entanto, a capital paulista não rende a esse seu criador e defensor o devido tributo. Ignorância e ingratidão somadas. A estátua na foto acima está erigida em Santo André.

Por isso, resolvi resgatar a memória desse português notável em todos os sentidos, colocando-o como personagem central do primeiro volume de minha nova trilogia “DE FRANÇA E BRASIL”. O que, convenhamos, além de permitir a criação de uma boa novela histórica, facilita enchê-la de muito humor e de muita picardia, bem ao meu gosto. João Ramalho andava nu como todos os índios e índias. E estas tinham um verdadeiro fascínio pelo peladão da barba preta, todas queiram deitar com ele na rede ou nos matos. Costumo fizer que ele foi o primeiro ‘Piroga de Ouro’ da história do Brasil (Ah, e antes que seja eu mal entendido, traduzo: piroga era o nome daquela canoa indígena comprida,  escavada em um único tronco de árvore).

Os franceses Nicolas Durand de Villegaignon (pronuncia-se Vileguenhôn) e Binot de Goneville, o holandês Maurício de Nassau e o brasileiro Salvador de Sá e Benevides são as figuras centrais dos outros dois volumes, com a história deslocando-se de São Paulo para Iperoig, com José de Anchieta e daí para a baia de Guanabara, com os tamoios, Mem e Estácio de Sá e o francês Villegaignon. Depois ela vai para a França, Luanda (Angola), Recife e Olinda, voltando ao final para o Rio de Janeiro.

A saga, que acompanha os primeiros movimentos do Gigante em seu berço esplêndido, começa em 1493 em Portugal e termina em 1712, no Rio de Janeiro, com um flashback misterioso a 1403, nas águas da baia de Babitonga, em Santa Catarina, com o francês Goneville.


Tal qual minha primeira novela histórica, “O CERCO”, sobre a invasão dos hunos à Gália em 451 A.D., “DE FRANÇA E BRASIL” foi concebida como um roteiro para cinema desde o começo. E, tal qual “O CERCO”, que nasceu todo, capítulo a capítulo, com suas 400 páginas, no blog MILTON MACIEL ESCRITOR, também “DE FRANÇA E BRASIL” passará a animar as páginas do blog com suas histórias épicas e divertidas, no alvorecer de 2014.

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