MILTON MACIEL
A imensa maioria
dos brasileiros não sabe o quanto deve ao português João Ramalho. Aliás, à bem
da verdade, nem sabe que existiu esse João Ramalho, que naufragou nas costas
brasileiras em 1512, aos 19 anos de idade. Passando a viver com e como os
índios tupis, teve 48 filhos com inúmeras índias e com eles formou uma milícia
armada de arcabuzes. Esse foi o primeiro ‘exército’ brasileiro regular com armas de fogo.
João Ramalho
fundou Santo André da Borda do Campo, ajudou Martin Afonso de Souza a fundar
São Vicente e o padre Manoel da Nobre a fundar São Paulo. Dois anos depois,
quando esta novel vila de São Paulo de Piratininga estava a ponto de ser
arrasada pelos tapuias (a confederação dos tamoios), foi justamente o exército
de João Ramalho, com a ajuda dos índios de seu sogro, o chefe tupi Tibiriçá,
que salvou São Paulo.
Sem a garantia
de João Ramalho, teria sido difícil a fundação de São Paulo. E, sem ele, ela teria sido completamente destruída pelos
tamoios, logo depois. No entanto, a capital paulista não rende a esse seu
criador e defensor o devido tributo. Ignorância e ingratidão somadas. A estátua na foto acima está erigida em Santo André.
Por isso,
resolvi resgatar a memória desse português notável em todos os sentidos,
colocando-o como personagem central do primeiro volume de minha nova trilogia “DE
FRANÇA E BRASIL”. O que, convenhamos, além de permitir a criação de uma boa
novela histórica, facilita enchê-la de muito humor e de muita picardia, bem ao
meu gosto. João Ramalho andava nu como todos os índios e índias. E estas tinham
um verdadeiro fascínio pelo peladão da barba preta, todas queiram deitar com
ele na rede ou nos matos. Costumo fizer que ele foi o primeiro ‘Piroga de Ouro’
da história do Brasil (Ah, e antes que seja eu mal entendido, traduzo: piroga
era o nome daquela canoa indígena comprida, escavada em um único tronco de árvore).
Os franceses
Nicolas Durand de Villegaignon (pronuncia-se
Vileguenhôn) e Binot de Goneville, o holandês Maurício de Nassau e o brasileiro
Salvador de Sá e Benevides são as figuras centrais dos outros dois volumes, com
a história deslocando-se de São Paulo para Iperoig, com José de Anchieta e daí
para a baia de Guanabara, com os tamoios, Mem e Estácio de Sá e o francês
Villegaignon. Depois ela vai para a França, Luanda (Angola), Recife e Olinda,
voltando ao final para o Rio de Janeiro.
A saga, que
acompanha os primeiros movimentos do Gigante em seu berço esplêndido, começa em
1493 em Portugal e termina em 1712, no Rio de Janeiro, com um flashback
misterioso a 1403, nas águas da baia de Babitonga, em Santa Catarina, com o
francês Goneville.
Tal qual minha
primeira novela histórica, “O CERCO”, sobre a invasão dos hunos à Gália em 451
A.D., “DE FRANÇA E BRASIL” foi concebida como um roteiro para cinema desde o
começo. E, tal qual “O CERCO”, que nasceu todo, capítulo a capítulo, com suas
400 páginas, no blog MILTON MACIEL ESCRITOR, também “DE FRANÇA E BRASIL” passará
a animar as páginas do blog com suas histórias épicas e divertidas, no
alvorecer de 2014.
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