sábado, 8 de setembro de 2012


FINAL COMPANHEIRA  
MILTON MACIEL

O velho gaúcho, na noite voltando,
ao tranco sereno do seu animal,
à Lua confia lembranças de quando,
piazito, corria que nem um bagual.
De volta pro rancho, tristeza levando
como companheira... solito nomás.

Do moço valente não resta mais nada.
Do guapo vaqueiro nem é bom lembrar.
Namoros, peleias, carreiras, tropeadas,
são coisas que o tempo só fez carregar.
O rumo prá frente é fria invernada,
Velhice, sem volta, reponta de trás.

Quem diz que essa mão, que mal segura a rédea
Empunhou laço e espada e lança e punhal.
Deu tapa e carinho, deu gozo e tragédia,
fez vida, fez morte, fez bem e fez mal.
E olhando prá tudo, tirando uma média,
sobrou quase nada, memória fugaz...

E triste e sozinho o velho troteia,
levando consigo a certeza final:
Que a morte, que é certa, por ali vagueia,
final companheira, derradeira e leal.
Quem sabe trazendo, como a Lua cheia,
igual sensação de descanso e de paz

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