sexta-feira, 21 de setembro de 2012


CHEGUEI EXAUSTO  
MILTON MACIEL

Cheguei exausto, quando a luz da Lua
Se esparramava sobre a terra nua,
Mostrando, negro, o meu ressentimento.
Guardando, preso, o som do meu lamento
E o peso incrível desta ausência tua.

Cheguei derreado, triste, derrotado,
Mal conformado com meu duro fado:
O ter perdido tua presença amiga,
O ter morrido, em ti, a paixão antiga,
Enquanto eu sigo o mesmo apaixonado.

Cheguei, mas antes não tivesse vindo,
Pois aqui sinto o quanto que é infindo
O frio deserto desta tua ausência.
E, em desespero, rogo a Deus clemência:
O frio da morte sobre mim caindo.

Cheguei, mas só para arrastar, sozinho,
Por frias lages, que já foram ninho
De amor, de fé e de contentamento,
O fardo cruento deste meu lamento:
Eis que da rosa... só restou o espinho.

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