MILTON MACIEL
Ó divinos criadores, arquitetos celestiais,
Eis o novo desafio, de dimensões colossais:
É mister que, hoje, criemos o canto de uma nação
E, para os seus habitantes, uma forma de expressão.
Seja uma forma falada das mais sutis melodias,
Que possa cantar, a um tempo, os amores e elegias.
Que tenha o sonido cavo do ribombo dos trovões,
Expresse o bramido das ondas, o ronco dos furacões.
Mas que possa, ao mesmo tempo, doces amores cantar,
E espalhe os suaves sussurros dos amantes ao luar.
Que ela traduza, dolente, mil sutis sonoridades,
Que vão do brilho dos céus até a escuridão do Hades.
Que abrigue em seio gentil as rimas mais primorosas
E que descreva, inebriante, cores e aromas de rosas.
Mas também saiba dizer, a mais que suaves dosséis,
O estrupidar violento dos cascos de mil corcéis.
Cante a vida delirante, com seus prazeres sensuais,
Mas grite também lamentos nos momentos mais fatais.
Que externe a alegria que encanta e a mágoa que corrói
E celebre, em triunfantes odes, os seus maiores heróis.
E ao chegarmos, no final, a tal expressão da Beleza,
Chamaremos a esta jóia de LÍNGUA PORTUGUESA.(Quadro: O Menestrel, por Franz Hals)
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